terça-feira, 27 de dezembro de 2011

EU QUERO SER UM VAGABUNDO


Eu tava parado numa esquina, esperando por alguém que agora não me lembro, entre os minutos destes dias loucos.
E eu caminho muito rápido... só não sei se minhas pernas são muito compridas ou se o dia é deveras curto, mas agora, neste momento da minha narração, eu estava parado, em pé, numa esquina.
Quando a gente para pra pensar, a mente da gente flui melhor. Palavras... conceitos... visualizações. O raciocínio derrama o leite das ideias e faz com ele rapadura e outros derivados... mas neste dia eu parei por parar, e nem pensava em nada quando vi um carro branco se aproximar
Uma antiga colega do Direito dirigia... sorriu. Me disse Tu!? E eu não sabia se ela estava surpresa por me ver parado, de jeans, naquela esquina, aparentemente inútil ou incerto, ou se ela, o que é mais provável, esqueceu meu nome, substituindo-o pelo infalível Tu!?

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Perguntei ligeiramente, na velocidade do trânsito, como e onde estava ela. Ela balbuciou entre as buzinas do carro de trás um Sou juíza em Herval, sorriu, quase deixou o carro apagar, e saiu sem rumo certo, agora creio que de vez vá na direção do esquecimento, este monstro que come tudo, que conduz a verdade à mentira ou inexistência...

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Mas eu lembrei que ela, nos tempos da faculdade, só falava em ser juíza.
Era obcecada.
Estudava direto... melhores notas... o sonho em pé.
Foi então que eu percebi, naquela esquina, que eu nunca sonhei em ser alguma coisa.
No máximo, um jogador de futebol. E isso eu ainda sonho... que tô fazendo um golaço, recebido de braços abertos pela torcida que me ama, e como é bom ser amado... mesmo que falso... o amor falso é água quente, enoja o gosto da gente, mas mata a sede... enfim, eu nunca sonhei em ter uma profissão específica.
Mas eu cada vez mais sei o que eu não quero ser...

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A menina estava mesmo satisfeita por ter conseguido seu emprego/função que sonhara tanto.
E eu fiquei feliz por ela estar feliz.
E mais feliz ainda por minha forma ser incerta e tão pequena e tão mutável...
E feliz é a água, que só entra onde quer.

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Eu quero ser um vagabundo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PAPAGAIO DE LUÇARDO


O seu Luçardo é um guarda municipal que tem um papagaio, a Filó.
A Filó ganha tratos de bebê e tá sempre fazendo o que melhor o papagaio faz: ficar papagaiando no ombro de alguém.
Por onde passa, o papagaio do Luçardo chama atenção.
As crianças se divertem, as meninas se aproximam e os homens ficam curiosos.
A Filó faz tanto sucesso que, em pouco tempo, de bicho de ombro, ela se tornou uma estrela, ofuscando até mesmo a presença do Luçardo.
Ou seja, o Luçardo é que virou o papagaio da Filó.

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Ontem eu vi o Luçardo sair com uma namorada, uma senhora de quarenta e poucos, da casinha do Papai Noel.
Ele levou a namorada quarentona pra ver o Bom Velhinho...
Que legal!
Mas a Filó ele não levou.
Não sei se morreu ou foi trocada pela cônjuge em questão, ou simplesmente ficou em casa descansando.
A real é que o Luçardo parecia (e era) outro homem sem a Filó no braço.
Enquanto que, independente do lugar onde estivesse, a Filó seguia um papagaio, como todos os outros, sem vazio, sem falta de Luçardo algum...
Um papagaio intransitivo, como quase todos os bichos que o homem humaniza...
E o papagaio papagaia em qualquer ombro ou lugar!

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No shopping eu vi um cachorro dormindo por horas e pensei feliz é ele, que não precisa de chave, emprego, RG, telefone e capacete.
E então divaguei com o cara na esquina se a racionalidade é uma dádiva ou um castigo, mas ele não entendeu muito bem meus argumentos.
Um de nós é um animal.
Mas eu queria ser aquele cusco na tarde louca de quarta...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O MEU JESUS NÃO TEM SOMBRA DE CRUZ


Minha religião sou eu e os que amo.
Toda divindade vive dentro de mim.
Esperando as oportunidades certas de se manifestar...
de viver dos meus erros
[e aprendizados...

Meu Jesus não tem sombra em cruz
nem medo
Não alimenta nenhuma competição nem vaidade
Meu Jesus é minhas plantas, os meus filhos
Meus deuses são vivos
E não precisam de nome ou forma...

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MEU MUNDO É O BARRO

O Rappa


Moço, peço licença
Eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem passe, eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem classe, eu sou novo aqui
Eu tenho fé
Que um dia vai ouvir falar de um cara que era só um Zé
Não é noticiário de jornal, não é
Não é noticiário de jornal, não é
Sou quase um cara
Não tenho cor, nem padrinho
Nasci no mundo, sou sozinho
Não tenho pressa, não tenho plano, não tenho dono
Tentei ser crente
Mas, meu cristo é diferente
A sombra dele é sem cruz, dele é sem cruz
No meio daquela luz, daquela luz
E eu voltei pro mundo aqui embaixo
Minha vida corre plana
Comecei errado, mas hoje eu tô ciente
Tô tentando se possível zerar do começo e repetir o play
Não me escoro em outro e nem cachaça
O que fiz tinha muita procedência
Eu me seguro em minha palavra
Em minha mão, em minha lavra

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ЗOPAH фYREбOлEиPO CJAJHO!

Zoran Lucic é um designer sérvio fanático por futebol. Eu, que não sou designer, muito menos sérvio, mas compartilho a fissura futebolística em qualquer idioma, uso, ao contrário de devaneios pseudo-literários costumários, este espaço para divulgar (com um breve comentário, é claro) a linda arte desenvolvida por este jovem e audaz rapagote.

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Зоран футеболеиро Сјајно!

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O nº 1 primeiro!
O Dico veio me comentar, todo orgulhoso, se eu sabia que o apelido do Pelé era Dico. Eu respondi que sim, mas que ele só deu certo depois de virar Pelé.

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Zico
A linda carreira de Zico que, embora com muitos golaços pelos 4 continentes e craque consagrado, foi de sua geração a pior derrota brasileira em Copas (82)... Além disso, de que adianta ganhar do mundo inteiro e vir aqui pra Pelotas tomar pau do Xavante?

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El Pibe
E por falar em carreira, ao contrário do que muitos pensam (muitos menos eu), dizem que o Maradona toca vuvuzela de nariz.

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Se gostaram, vão procurar no link acima outras obras do tal Zurik-sei-lá-que que eu tenho mais o que fazer.
(Jogar bola!)