sexta-feira, 29 de julho de 2011

TETA VITRUVIANA


Dizem que a simetria representa a perfeição harmônica, a materialidade requintada, a face divinal. Isso foi defendido pelo arquiteto romano Marco Vitruvio Polião, quando escreveu Os dez mandamentos da arquitetura, no século I a.C. Suas teorias se eternizaram quando Leonardo Da Vinci estudou as proporções e desenhou o conhecidíssimo Homem Vitruviano, o modelo de corpo perfeito, capaz de enfeitiçar tanto mentes brilhantes da matemática e arquitetura quanto moçoilas de academias.
É que ele está baseado no número phi, um conceito fantástico de proporções e padrões numéricos... a representação de deus em dígitos... a chamada proporção áurea, o 1,618.

***

1 + 2 = 3
2 + 3 = 5
3 + 5 = 8
5 + 8 = 13
8 + 13 = 21(...)

E assim sucessivamente.
E eu ficando louco de tanto somar e dividir.

***

E eu lembrei da mulher que tinha um mamilo a mais, uma terceira teta.
E o mais maluco de tudo é que a terceira teta ficava no pé esquerdo.
No pé esquerdo, perto do calcanhar.
Isso sim é que eu chamo de assimetria.
Uma teta no pé!
Pode?
E dizem que quando ela ficou grávida, a teta do pé inchou.
Que loucura!
Eu imaginei ela amamentando o bebê com o garrão.
Sentada no sofá, com pé dentro do bercinho, na cara da pobre criança.
Dorme dorme, meu benzinho...
Quanta facilidade!

***

O pior da brincadeira ainda não falei.
No caso da mulher com a teta no pé.
Complicado ia ser pro maridão.
Que na hora do romance, alta sensualidade e excitação.
Beijos quentes. Mãos atrevidas.
E aquele terceiro seio sedutor, com perfume de talco Desopé.
O bico durinho por baixo da meia.
Uau!!!
Amor... apaga a luz, tira meu All Star e me beija!

***

Teta no pé?
Por essa Da Vinci não esperava.
Com certeza essa mulher tem um amante pedicure.

SKINNER E O EREMITA


Uma americana tinha 6 filhos.
6!
Mas mesmo assim, descontente, fez tratamento de fertilização para ter o 7º.
Só que o tratamento deu muito errado (ou será que deu muito certo?) e ela engravidou de óctuplos.
ÓCTUPLOS.
E se eu ainda to bom de matemática, 6 + 8 = 14.
14!
Sete vezes mais filhos do que tetas.
Isso não é nada bom...

***

Um ano depois da cesária histórica, uma reportagem midiática foi fazer uma visita ao ninho da mulher mãe de 14.
Ela disse que se tranca no banheiro pra chorar sozinha.
E que os 6 primeiros filhos (antes da leva de 8) estão abandonados, criados como bichos.
Comida no pote!
Cama no chão!
Aí eu fiquei pensando nos meus 2 guris! Barbada!
E eu achava difícil, veja só...
Agora posso ter mais uns 5 e ainda to tranquilaço da silva!

***

Dizem que em vez de roupa, ela compra jogo de uniforme futebolístico pras crianças.
11 titulares + 3 reservas.
Cada qual com seu número nas costas.
11!? Já almoçaste?
Caminha pra dentro, número 8!
Número 3... larga essa porcaria aí.
5!!! Eu já não te falei pra não colocar caneta na boca? Ou eu falei pro 6?
Minhanossa!
Essa mulher, sem dúvida, tem o melhor banheiro do mundo!

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Os filhos que mais me enchem o saco são os que eu ainda não tive!

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Aí eu lembrei do conto do eremita que morava na caverna.
Os ratos começaram a comer suas roupas.
Ele foi ao vilarejo e lhe deram um gato para espantar os ratos, já que roupa toda hora é coisa de madame.
O gato espantou os ratos, mas sofria de fome.
Pobrezinho do bichano.
Recorrendo à vila, deram uma vaca ao eremita.
Ela daria leite ao gato e a ele também.
Barbada?
Barbada nada: a vaca começou a emagrecer também.
Os moradores ajudaram o eremita e lhe fizeram uma área de pasto e uma horta, bem pertinho da caverna.
Mas pra manter aquilo era uma perrenha.
Tirar inço, cortar grama, combater as pragas.
Ele sozinho não dava conta.
Então na vila pintou uma jovem viúva.
Eles a mandaram pra fazer companhia pro eremita e lhe ajudar a manter a horta e o pasto limpos.
Mas a noite chega, vocês sabem como é.
Cama grande.
Sem TV.
Eremita sozinho há muito tempo.
E a viuvinha até que não era feia.
Em 3 anos, tinham 5 filhos.
3 belos eremitazinhos.
2 pequeninas viuvinhazinhas.
E o eremita não lembrava mais a última vez que tinha meditado.
A vaca morreu.
O gato sumiu.
E os ratos seguiram o baile.
Virando lixo.
Comendo lama.
Fazendo revoluções.

***

E eu me pergunto quais os genes diferem certos homens das ratazanas.

***

Burrhus Frederic Skinner, que de burro não tinha nada, foi pioneiro na psicologia experimental, estudava os homens e os ratos e não viu nenhuma diferença entre eles.
“Os ratos são seres simples, só isso; o homem é ligeiramente mais complicado.
O homem é uma máquina extremamente sofisticada, os ratos são máquinas simples.
É mais fácil estudar os ratos”.

É por isso que os psicólogos continuam estudando os ratos.
Estudam os ratos e chegam a conclusões a respeito dos homens.
[e as conclusões a que chegam estão sempre certas.

***

Esse papo todo me deu uma vontade de comer um queijo...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

NEM A MIM


Todas as coisas que tive me ensinaram algo.
Elas sumiam, outras as sucediam.
Até também sumir para o advento do novo.
Sempre novo.
E todas elas, e cada qual, com o seu ensinamento próprio.
Percebi então que não é atrás das coisas que vivemos:
É atrás dos ensinamentos que elas nos proporcionam.

***

Eu já tive um celular tijolo, um boneco do He-man. Já tive 3 Fuscas diferentes, já tive um primeiro violão.
Eu já tive camisetas de caveiras desenhadas, coturnos de quartel.
Foram meus diversos livros, discos que nem lembro mais.
Emprestei pra quem não lembro a mais importante revista, o mais confortável chapéu.
E me pertenceram também tantas verdades que por ora não me cabem mais.
E a cada minuto sou outro... e é impossível não ser assim.
Perco tudo, pois sou vivo e tenho muito pouco.
Nem a mim.
Nem a mim.

sábado, 16 de julho de 2011

O HOMEM PEGA DE GALHO


O Nelson me contou uma história sobre um acidente espetacular.
Não que eu goste de sangue e tragédia, esse papo que o Renato Machado e os telejornais adoram, mas é que esse foi um acidente interessantíssimo. É que após uma colisão frontal de veículos, o cara foi arremessado pra fora do carro e bateu a cabeça no meio-fio.
Na hora, o tampão da cuca abriu e o cérebro do sujeito voou para a calçada.
Até aí tudo bem, isso acontece realmente.
É que o cara, sem cérebro, levantou e falou o nome de uma mulher.
Como pode?
O cara sem cérebro se mover e falar?
O Nelson jura e até briga com quem diz que ele tá inventando.

***

Eu acho que o cara disse:
Puta la madre, agora sim! Eu sabia que tinha uma coisa me incomodando, me pesando na cabeça... era essa merda aí! Tô livre! Liiiiivre!


***

O corpo é um veículo dotado de energia vital.
Ela não é nossa.
É um empréstimo.
Ela, a energia vital, está em tudo que é vivo.
Plantas e animais.
Ela surge, atinge o máximo potencial de desenvolvimento, decresce e some.
Volta a circular na biosfera, procurando outros nascentes pra se manifestar.
E é por isso que todos os seres nascem, crescem, envelhecem e morrem.
[e ainda nos achamos importantes, os humanos

Mas ela, a energia vital, não nos pertence.
Ela, sem dúvidas, passará.
E nós, inevitavelmente, teremos de morrer.

***

Eu conheci um cara que perdeu o dedo.
Rapidamente, ele pegou o cutuco do dedo e plantou num pote com humus e terra.
O dedo brotou.
Outros dedos brotaram.
Uma mão, um braço.
Depois um tronco, uma cabeça, pernas e pés.
Tudo regado com carinho, cuidado como se fosse uma planta.
Uma planta-homem.
[ou seria um homem-planta?

O homem pega de galho!, concluiu ele, meu amigo.
Que teve sua duplicidade genética saída do quintal da casa.
Um outro ele.
Chato, morrinha, maleducado!
Porque a energia vital é incrível.
Mas as manias do homem são um saco.

terça-feira, 5 de julho de 2011

OS 5 ANOS DO JOHAN


Hoje o Johan faz 5 anos e eu não fui trabalhar.
Ter filhos é a oportunidade de devolvermos amor ao mundo.
Meus guris me re-ensinaram de verdade o que significam pra mim meu pai e minha mãe.
Até parece que foi ontem que eu tinha 5 anos...
Agora é o Jojô.
O passado nunca sabe a hora de parar.
O passado está sempre acontecendo...

***

Johan, te amo como se tu fosses tu mesmo.

domingo, 3 de julho de 2011

IVAN PIRES, O DRÁCULA LATINO


Dizem as lendas que numas ruínas dentro da mata, na colônia de Pelotas, mora um vampiro. Ivan Pires, o Drácula latino. Ele não voa nem se transforma em morcego... não se teletransporta: anda de brasília velha.
Não pode se dar ao luxo de dormir em um caixão estilizado. O lugar quentinho onde ele descansa a cuca é um colchão de solteiro no chão. E o chão é de um quarto,
[de uma casa em ruínas, como eu já bem disse

não de um castelo, como o seu parente da Transilvânia, que por sinal passa os dias inteiros dormindo, outro luxo que Ivan Pires não pode desfrutar.
Ele trabalha de dia e de noite sofre com aquela insônia intensa. De madrugada, sente tesão e fome, sente vontade de morder um pescoço novo por aí. Desperto, salta da cama e toma outro ansiolítico... meia drágea pra dormir. Negligenciando seus hábitos noturnos, o Drácula latino tem que deitar cedo.
Ele nunca mordeu alguém famoso... Mas uma vez ficou a uns 20 metros da Xuxa.
Ele paga pensão pra dois vampirinhos de mães diferentes... Ele passa diariamente por diversas situações do cotidiano comum de um pelotense.

***

Mas esses dias, algo provocou a fúria de Ivan Pires.
8h da manhã.
Ele indo de brasília velha pro trabalho, caiu numa blitz.
Documentos atrasados...
Ivan Pires atrasado...
Mas caralho, uma blitz 8h da manhã?
Pensou consigo nosso vampiro.
Vagabundo não tá no trânsito 8h da manhã.
Às 8h da manhã quem tá no corre é trabalhador, seu policial.
Não adiantou o argumento.
O trabalhador é aquele que dá um jeito em pagar as multas.
Em mover a máquina.
Em alimentar o monstro dos tributos.
E Ivan Pires sentiu na própria pele.
Pela primeira vez em seus mil e poucos anos.
Como é ser vítima de um vampiro de verdade.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

SOZINHO NA MULTIDÃO


O coração é a coisa mais perigosa do mundo.
Toda cultura, toda civilização e toda pretensa religião separam a criança do seu coração.
Ele é uma coisa muito perigosa.
Tudo o que é perigoso vem do coração.
A mente é mais segura, e com a mente você sabe onde está.
Com o coração, ninguém sabe onde está.
Com a mente, tudo é calculado, mapeado, medido.
E você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você.
Muitos estão se movendo nela; é uma auto-estrada — concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança.
Com o coração, você está só, ninguém está com você.
O medo o pega, o possui, toma conta de você.
Para onde você está indo?
Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe onde vai porque pensa que a multidão sabe.
E todos estão na mesma posição; todos pensam: "Tanta gente andando, devem estar indo a algum lugar; de outro modo, porque tanta gente, milhões de pessoas se movendo? Devem estar se dirigindo a algum lugar".
Todos pensam assim.
Na verdade, a multidão não vai a lugar algum.
Jamais alguma multidão chegou a meta alguma; a multidão continua a caminhar.
Você nasce e se torna parte dela, e a multidão já estava caminhando antes de você nascer.
E chega um dia em que você acaba, você morre, e a multidão continua a caminhar, porque sempre há gente nova nascendo.
A multidão nunca chega a lugar algum — mas ela dá uma sensação de conforto.
Você se sente aconchegado, rodeado de tantas pessoas mais sábias, mais velhas e mais experientes que você; elas devem saber para onde estão caminhando — e você se sente seguro. (...)


Osho

***

A festa estava tão cheia.
A pista tão lotada de dançantes.
Que o seu Bruno teve um infarto fulminante.
E morreu no meio da música.
Morreu, mas não caiu.
Não caiu porque a massa em festa, apertada, não deixava que seu corpo fosse ao chão.
E assim foi, até o fim da folia.
Duas horas depois.
Todo mundo foi embora, só ficou o morto no meio salão.
Gelado.
120 minutos inerte.
Dançando a alegria dos outros.