quarta-feira, 16 de junho de 2010

TOCA UM RAULLLL


As verdades são falácias; são muros prestes a cair. Como pode haver verdade num mundo tão distinto, de culturas, credos e concepções tão diferentes?
A verdade é escrava do ponto de vista. É areia no bolso; é vontade que passa; ânimo finito.
E eu já tive tantas verdades que não tenho mais...

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Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

ONDE OLIMPO?


Cronos comia os filhos para enganar o tempo, mas poupou Zeus, que era o queridinho do papai. Mas como o mundo dá voltas, o queridinho revoltou-se e matou o velho pra sacar os irmãos Poseidon e Hades da pança cronática e gorvernarem o universo, conjuntamente juntos... pois é pois é.

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Hades, o mais velho, queria o direito do primogênito à escolha, afinal de contas, havia o céu e a Terra, os mares e o mundo dos mortos para serem governados entre os três... Mas Zeus bateu o pé (bico pra ele) e, no sorteio do palito, ficou sendo o deus dos deuses. Poseidon ficou com os mares... barbada. E sobrou a Hades o mundo dos mortos (sacanagem!!!) e ele tornou-se um deus triste.

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Ninguém rezava nem homenageava Hades. Muito pelo contrário: todos o temiam. Claro, pois dele ninguém escapava, exceto Jesus, mas isso é outra e longa história.

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Sísifo tentou enganar Hades e se fazer de vivo pra ficar ali, na terrinha, na boa, curtindo uma eternidade. Pediu pra nega não enterrar seu corpo quando morresse e disse a Hades e Perséfones que desejava voltar pra se vingar da mulher. Só que Hades descobriu e o obrigou a rolar, todo santo dia, uma pedra até o alto de uma montanha, até o fim dos tempos. Por isso lá no Olimpo eles dizem: aquele sisifu.

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Orfeu tocava sua lira e fazia magias. Contudo, não pôde evitar a morte de sua nega, Eurídice, que foi atacada por um Sátiro safadão, que bandeava pelo milharal e a perseguiu a três-pernas. Então Orfeu foi lá bater um lero com Hades, ver se resgatava seu cobertor-de-orelha. Tocou a lira e encantou a todos, fazendo com que Hades deixasse que Eurídice o seguisse até o mundo dos vivos. Mas, e todo deus tem seu mas, se, durante o percurso de retorno, Orfeu olhasse para trás, a perderia para sempre. Era uma prova de confiança nela e nos deuses. É claro que Orfeu não se aguentou e deu aquela espiadinha por cima do ombro... Mas como a Hades ninguém engana, Eurídice ficou presa eternamente nas cavernas do submundo. E Orfeu virou um cantor chorão, dando origem à música sertaneja. Pois é pois é.

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Eu só queria saber onde estão os deuses em que eu não acredito.

MÁQUINA DE FAZER SOM


Isto é quase inacreditável.
Esta incrível máquina foi construída como um esforço colaborativo entre o Robert M. Trammell Music Conservatory e Sharon Wick School of Engenharia da Universidade de Iowa. Surpreendentemente, 97% dos componentes de máquinas vieram da John Deere Industries and Irrigation Equipamentos de Bancroft... Sim equipamentos agrícolas!
A equipe gastou 13.029 horas entre set-up, alinhamento, calibragem e ajustes antes de filmar este vídeo. A máquina agora está em exibição no Matthew Gerhard Alumni Hall, na Universidade, e já está programado para ser doada ao Smithsonian.

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Muito estudo pra fazer o que os pássaros fazem ao natural...

SAL DE CHATO


Cruzei a fronteira da chatice e devo um níquel pro Caronte.

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É que cada dia que passa eu gosto de menos coisas. Estou virando um velho e chato, acho, tenho quase certeza... Mas quem não está?

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Não gosto de vuvuzelas; não gosto de visitas. Se tem coisa que não suporto é fazer compras e andar no meio da multidão. Não consigo com fôlderes e panfletos nas esquinas, nem com jornais e revistas gratuitos. Tô sem tesão pra escrita e poucos filmes me chamam atenção. Não tô jogando bola nem fazendo esporte algum. Tô detestando café doce e papo sobre espiritualidade. Não aguento mais telefonema demorado e corrida de F1. Antes eu gostava de rio gelado, de água de côco, de brinquedo de parquinho da Fenadoce. Antes eu gostava até de doce... Adorava ler José Simão e ficava acordado até tarde pra ver o Jô: dois chatos, que nem eu. Que nem o Caetano Veloso, o Vitor Ramil. Todos chatos. Eu gostava de ver futebol na Bandeirantes,, antes dela estar cheia de chatos. Gostava de encontrar artistas pelotenses pelas noites... agora noites chatas, e os artistas, vaidosos malas. Gostava de debate político, meu deus. Eu gostava sim... Mas agora, bando de demagogos, safados... todos, uns sem-graça, que nem o cara do mercado e o cobrador do ônibus.

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Alguém ponha um pouco de sal no mundo!?

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Tenho que atentar para o que eu estou me tornando: um chato.

terça-feira, 15 de junho de 2010

JULES RIMET


Há duas gerações que Marx Lênin era proibido falar no assunto. Desde que seu avô Godofredo fizera aquele memorável crime, que a família começou a mudar. A vó não ia mais ao super. A mãe não podia ter amigas... Seus tios todos se tornaram padres e seu pai, um sigiloso genro... Toda a atmosfera do mundo afora se restringia àquele segredo..
Ele, desde criança, não podia falar nada pra ninguém. Ele tinha um valioso objeto no armário, mas não podia mostrá-lo pra ninguém... nem pros seus melhores amigos. Era um segredo só seu. E quando, em algum programa esportivo que assistia, ouvia falar no seu nome... tremia. Afinal de contas, se alguém, quem quer que fosse, neste Brasilzão de Deus, se alguém aqui soubesse que ele tinha a Jules Rimet, ia dar morte. Certo que ia.

terça-feira, 8 de junho de 2010

TZZZ


A vida é um curto-circuito entre duas eternidades de escuridão.

OS DEDOS E AS COISAS


Um raio em cada lugar,
O fogo queimava o chão,
Crateras abriam nas rochas,
E chovia chorume dos céus...

O lixo invadiu as matas
Com casas ao seu redor
E gente olhando pelas frestas da janela
Os perigos que de haviam de si

Meus dedos eram meio coisas
Meio eu
E a cidade, um câncer na pele do planeta

O ritmo das ruas era o sangue
Que mantinha o monstro pra sempre criança
Seus segundos, marcados com cifrão
E no verso, a cara de um barão.

OS BARES DO VELHO CUNHA


O Velho Cunha, desde quando Novo Cunha, sempre trabalhou em bar. Herdou o bolicho de madeira do pai, que herdou do avô, e, depois de algumas benfeitorias, transformou no famoso Bar do Cunha, que é pra ser pra lá de óbvio.

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Claro que quando ele morreu ele quis montar no céu um bar, afinal de contas, não poderia ficar pro resto da eternidade naquele marasmo, sem fazer nada, olhando borboletinhas em nuvenzinhas de algodão e anjos sem sexo a andar com sua nudez sem graça pelo paraíso.

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Na primeira semana vendeu 20 engradados de cerveja.
Na segunda semana, vendeu 50 engradados de cerveja.
Na terceira semana, vendeu 160 engradados de cerveja.

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Num dia de descanso (porque até no céu se descansa), o Velho Cunha teve uma brilhante ideia: abrir uma filial no inferno. Claro... o inferno era um lugar horrível de quente... bom... o que mais dizer? Era o inferno, ora bolas... quer u lugar melhor que o inferno pra vender cerveja?

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O diabo disse que não ia dar certo, mas aceitou permitir o estabelecimento.

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Na primeira semana vendeu meio engradado de cerveja.
Na segunda semana, vendeu 3/4 de um engradado de cerveja.
Na terceira semana, a muito custo, vendeu um engradado de cerveja.

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Questionando o cramunhão o porquê do insucesso comercial, o capeta respondeu:
- É que aqui tem muito evangélico!

sábado, 5 de junho de 2010

VISITAS

As palavras são o que querem ser... podem tudo... Enquanto falo, o mundo muda... e as perfeitas frases da gramática são engodo... as perfeitas orações, são vaidade.
E eu não gosto de visitas... nunca gostei.