quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

PEQUENAS DIFERENÇAS

ÁTOMOS

ENTRENOITES


Há noite,
Quando à noite
Saímos de nosso globo ocular
E entramos pelo cosmo a voar
Entre estrelas...

Há noite,
Quando o dia de dentro
Permite enxergarmos os mundos do céu
As luzes que piscam...


O que, ao contrário do não há,
É fato, mesmo que de qualquer jeito
Como eu, como o vento
Como os dias
Que relutam entre alvoreceres.

O PARADOXO DO NUNCA

É... não se esqueça daquele velho ditado que fala assim: Nunca diga nunca.
Nunca?
Nunquinha!

5 FRASES QUE EU MAIS TENHO DITO



5. Vampro Daime?
4. Marianaaaaaaaaaa....
3. Caminha pra dentro, piá de merda!
2. Bem capaz...
1. Dez pilas da comum.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

ANO-NOVO VEM DE DENTRO


A contagem gregoriana está chegando ao seu 2008º final... as pessoas pelas ruas (não só de Pelotas) andam como formigas pelos calçadões, procurando, ansiosamente, presentes para confortarem a si.
Lojas de marca vendem à burguesia produtos top, tão falados em sites de vendas e merchandisings de tevê. 1,99 vendem o prazer da compra... Há sempre algo para se comprar nesta comemorada data em que Noel é mais que Cristo.
Mas enfim... cansei mesmo de escrever sobre a materialista sociedade das unidades de consumo... parei de criticar: em vez de chatear, procuro (e procurarei) as respostas cabíveis e confortáveis a mim, pois a coletividade já fez as suas escolhas.

***

Mas o mais importante de tudo é que, mesmo na quadridimensionalidade noosférica dos sapiens, que induz a todos à grande corrente do standard system, este é um período de paz e fraternidade. Todos estão tecendo uma rede de amor neste período, e é importante que colaboremos para ela. Então, em vez de votos de bom Natal e próspero 2009, listarei uma dezena de desejos que emito a todo mundo e a você que, no agoraqui, detém atenção a esta postagem.

1. Plante seu jardim, mesmo que pequeno;
2. Olhe mais no olho das pessoas;
3. Redobre o número de suas gentilezas;
4. Entenda que todas as pessoas e seres estão aqui para serem felizes e que não és diferente deles. Então, respeite a todos;
5. Perceba o sagrado em cada ação;
6. Ore mais, agradeça mais e peça menos;
7. Se alimente de forma natural;
8. Leia um pouquinho de Osho, Prabhupada e Saramago;
9. Busque o auto-conhecimento;
10. Julgue menos.

E neste novo período, escute o som que vem de dentro.

domingo, 21 de dezembro de 2008

TETRIS


Pelo menos as pombas se foram, disse ele, sorrindo. E entre outras anedotas da tarde, reparava no sol que se punha sem muitas surpresas...
Mas antes de dormir o profundo sono concreto, espiara o movimento nas ruas, a moça de bolsa, o velho e o cão... e naquela imobilidade rígida, se desculpou de planos afoitos dos tempos de escola...
Que horrível é ser imortal...

ETMUNDO CRUEL...


Nós estamos aqui na propriedade do senhor Edmundo Éxxxxxxxx. Boa tarde senhor Éxxxxxxxx!?
Bastarde! É ki sediz Etmundo Hersch!
Muito bem, senhor Érxxxxxx. O senhor poderia nos contar alguma história curiosa aqui da colônia, alguma coisa que aconteceu e marcou a vida do senhor?
Clarque sim... Eum lempro muitbem aliumaveiz... Uma faca fuxiu do potrero e se perdeu ali no mato. Entóm nóis juntemo uma turma e fumo atráis dela porali, aí nóis achemo ela e amaremo ela e faturemo ela.
Não não seu Edmundo... esse tipo de história nós não podemos contar na televisão... O senhor não teria uma outra história interessante pra contar?
Otra? Tensim... Umaveiz a filha do fizinho ali o Ênio Gruxxxxxxxx se perdeu no mato ali. Entóm nóis juntemo um bando e fumo atrais dela ali e achemo ela e amaremo ela aí faturemo ela ali...
Mas seu Edmundo... não podemos contar essas histórias. Vamos fazer assim... vou mudar a pergunta. O senhor não tem uma história muito triste pra contar e que aconteceu aqui na colônia?
Tensim... tem a veiz que eu me perdi no mato!!!

domingo, 14 de dezembro de 2008

2009 – AÑO DE LA GRAN DIVISIÓN (Valum Votan)


(...)

De acuerdo con la medida sincrónica del Encantamiento del Sueño, a lo que el mundo se despertó el 5 de noviembre sucedió realmente el 4 de noviembre. En el Encantamiento del Sueño el 4 de noviembre, el día de la elección de Obama, era el kin 260 - Sol 13- el último día de un ciclo galáctico de 260 días. El 5 de noviembre fue kin 1, Dragon 1, el primer día de un nuevo ciclo galáctico de 260 días. El último día del nuevo ciclo ocurrirá el 22 de julio de 2009, cuando sea Sol 13 nuevamente. Ese día se producirá el último eclipse solar total antes del 21 de diciembre de 2012. Ese día será el momento definitivo del eclipse total del viejo orden - y el comienzo del ascenso del Nuevo.

Un adagio atribuido a Einstein dice que no puedes resolver un problema con los medios que lo crearon. No importa cuánto dinero arrojen los gobiernos en los bancos, el sistema financiero no revivirá. El dinero creó la degradación de la biosfera (a favor de los centros comerciales) y la política apoyó este esfuerzo destructivo. Obama el hombre será, sin duda, un fracaso político porque él sólo está cumplimiento las políticas ya establecidas por sus predecesores y pasará gran parte de su tiempo tratando de apuntalar las instituciones defectuosas y los valores anticuados. Mientras más él se adhiera a los métodos políticos tradicionales y no se convierta en un verdadero visionario, ¡será simplemente otro ladrillo en la pared!

Esto es así, porque lo que está ocurriendo es que el Titanic de la civilización del materialismo histórico se está hundiendo y no hay nada en el universo que lo pueda salvar - ya que está predeterminado que todo lo que no es verdadero y artificialmente provocado por la inteligencia del hombre está condenado a ser eliminado. Cuando el buque claramente se hunde, poco sirve intentar arreglar el motor. El 2009 es el año en que este hecho llegará a ser definitivamente obvio para todos.

(...)

FÁBULA DO BEM E DO MAL


Ataliba!!! Há quanto tempo, Ataliba!? Tudo beleza? Você tá em forma, cara... Dá pra ver que você tá muito bem...
Bem nada! Eu tô horrível... Eu peguei uma bactéria fudida, irmão... Meu saco tá ficando verde...
Bah, isso é horrível mesmo cara...
Horrível nada cara... Isso despertou o interesse da escola de medicina meu... Os caras tão me pagando uma alta grana pra estudar a tal da bactéria cara...
Pô, que bacana Ataliba...
Bacana? Bacana o escambal... com essa grana no bolso eu comecei a beber e a jogar todo o santo dia... virei alcoólatra e tô fugido aqui por causa das dívidas meu...
Bah... que coisa desagradável, não!?
Cê tá doido? Desagradável nada, issto foi ótimo... Eu vim parar aqui nesse paraíso e conheci a Júlia Flávia, a mais linda mulata da escola de samba da Xurupita.
Pô... grande Ataliba... Então tu deves estar feliz por essa paixão?
Feliz? Pô mano, como é que eu vou estar feliz? Com a mulata mais linda da vila e com o saco verde mano...

MORAL: O mundo é como se vê!

VAMU FAZÊ XIXI NA PLANTINHA?

40


112 em 1.21.6.1 - kin 225.

VIDA SIMPLES, PENSAMENTO ELEVADO ou PRABHUPADIANAS


Talvez você não admita, mas está sob o controle da natureza: mais cedo ou mais tarde, você terá de deixar este corpo material. Talvez você faça um ótimo arranjo para viver com conforto aqui. Mas a natureza não permitirá que você viva com conforto aqui. Você terá de morrer.

PRIMEIRO (E ÚNICO) MEMBRO DA IGREJA DUDISTA DE PELOTAS


A verdade é uma estrada
Que dá em algum lugar
Cada um possui a sua
Que vai pra lá...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

TRITOCOSMO


O ser humano realmente possui uma grande multiplicidade de fatores mentais, desejos, vontades, gostos, hábitos etc. Cada um desses elementos é regido por uma unidade mental fragmentária chamada Eu Psicológico ou Agregado Psíquico. Na doutrina de Gurdjieff e, posteriormente, defendida por seu discípulo Ouspenski, visa-se na psicologia do 4º Caminho de Gurdjieff uma interação de todos o Eus, formando-se um Eu coeso, íntegro. Ouspenski vai mais longe ainda, defendendo que um único Eu pudesse ser o dominador, controlando os outros Eus. A doutrina gnóstica afirma que não se deve melhorar, nem reprimir, nem fundir, nem renegar a esses Eus. Existe algo mais além da mente, do Eu e do tempo, que é a Essência Espiritual, esse fragmento de Deus dentro de nós, que se encontra preso, enfrascado, dentro de cada um desses Eus. Essa Essência deve reinar soberana, sem nenhuma manifestação ou existência desses Eus Psicológicos. Resumindo: o trabalho supremo do Buscador é precisamente a eliminação total e definitiva de todo e qualquer Eu.

MEU NOME É MUITO POUCO


Kali 18 da Lua Cósmica da Tartaruga do ano Lua Cristal Vermelha.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

ANDA LOGO PRO FLICKR DO VT


http://www.flickr.com/photos/tavaresvilmar

TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM


Atrás do véu do tempo convencionado, representado por relógios e calendários, existe (e sempre existiu) o tempo natural, que dispensa cronogramas e comentários cartesianos. Existe e é fato, antes de Dumont... antes de Gregório. Mas a concretização de uma ideologia materialista, que explora os recursos até sua finitude, que concentra a atenção nas diferenças e não nas igualdades, que cria fronteiras e mira todo tempo-esforço no empoderamento e nas desigualdades, ruirá e já está ruindo, pois chegou a esquina onde a verdade encontra a máquina. Parafusos estão tremendo por todos os lados das engrenagens... Massa de ar polar, tiros no Iraque. Quebra de bolsas, extermínio de espécies. Contaminação das águas, subabitações... Vi prédios que são cemitérios de vivos... Vi vivos que já morreram e não percebem... Mas não achei resposta alguma na universidade nem no mercadinho...

***

Meu filho acorda no sofá para mais um novo intervalo entre os sonos. Quando acordaremos todos?

OSAMA?


Quem vai abrir a janela deles?

55% RESPONDEU NÃO SABER


Pelas ruas de Pelotas, zumbis. Mudam roupas, trocam nomes, mas os reconheço no olhar. No café da esquina ponho os pés no chão, e questiono coisas que nem deveria. Concluo realmente que a transição entre biosfera-noosfera está acontecendo, como previra Pacal, São João, Vernadsky e Valum. Entre elas, biosfera e noosfera, um muro tecnosférico. Toda concepção sistemática humana, seus prédios, marcas, guerras, escolas, economia... tudo está entrando em colapso... Ruindo como castelos de cartas...
Um amigo ri... diz que tenho razão, e levantamos outras questões pertinentes à tarde, sem nos darmos conta que aquela pequena moeda no bolso avaliza o mundo do Papa Negro que chegara, junto a outro tsunami. Alguém liga: oi tudo bem tudo bem e aí? Aqui nada muda porque mudo pouco... mas a ficha vai caindo, orelhão antigo... plim. Uma recarga de telepatia, por gentileza...
As pessoas que me cercam brigam... falam de morte... voltam pra casa como ontem, comem como ontem, dormem como ontem... E o ontem segue rumo a novos ontens... Se é que o ontem pode ser novo...
E o Ibope fez um novo levantamento para responder a questão: Aonde o homem é menos pobre. Ora bolas, na alma, claro...

ORGÂNICA DAS COISAS


Chovia na terra
Crescia no trigo
Vivia no pão
Era orgânico o chão
Microcoisas...
Se debatiam em cílios e caudas
Até encontrar a gota fluída
e voltar pro rio
e voltar pro mar
Pra chover de novo
Em qualquer lugar...

UMA GOTA DE HOMEM NA TERRA SECA OU QUANDO O TÍTULO É MAIOR QUE O RACIOCÍNIO POÉTICO


Semente
Se a mente...
Sê a mente
Ser mente.

O QUE NÃO VEJO


O tempo se condensa, do nunca pro sempre, vira brisa na janela e desce em gotas de oceano na área da casa. Os minutos crescem, viram horas, dias, vidas... O que percebo é que a fome da matéria não sacia... que a ânsia de arrumar o mundo não é nada além da ânsia de arrumar-se... que a nave vem de dentro, e também somos nave a rodar na infinitude imediata dos milésimos, intermináveis quanto a tudo, finitos na relatividade espacial...
Aquele pedacinho de papel com algumas letras a terra comeu, como come os corpos e pirâmides... Toda verdade que representava o feitio do que julgava ser se quebrou, como um espelho, e ensinou que meu nome segue sendo muito pouco... E as datas, que colocam fios brancos na pelugem, mostram que o conhecimento aprisiona e que a sabedoria liberta...
E tantas outras coisas vão surgindo... infindas... que a cada palavra que escrevo restringo o todo-resto; e o resto é o todo que não conceituo e, por isso, longo, como as ondas do silêncio.
Aprendi que tudo o que percebo sou, e todo fato é a vida se fazendo vista. E o que não vejo, não é o que inexiste... O que não vejo é exatamente aquilo que não me permite existir.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

260


Deus é 260.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ARQUÉTIPO


Olha
Pensa
Pula
Anda
Lava
Sai
Volta
Liga
Senta
Deita
Dorme

Ele
Que julgava se conhecer
Não entendia o quanto
Faltava
À completude
De seu arquétipo.

OFÍCIO DE NOMEAÇÃO


O governador advertiu o secretário-geral pelo esquecimento do nome do funcionário no ofício de nomeação
O secretário-geral sacudiu as estruturas do gabinete do chefe departamental por ele ter enviado daquela forma o ofício de nomeação
O chefe departamental xingou o escrevente por ele não ter digitado o nome ARTUR AZEVEDO no ofício de nomeação
O escrevente ofendeu o estafeta por ele ter demorado tanto com o papel timbrado do ofício de nomeação
O estafeta esmurrou o preto dos serviços gerais que perdera a chave do armário do papel timbrado para o ofício de nomeação
O preto dos serviços gerais, sem ter a quem culpar, voltou pra casa carregando toda aquela diferença hierárquica na pequela mala de sua honra. Abrindo o portão, deu um pontapé no cusco que viera recebê-lo, como de costume, abanando o rabo. Diga-se de passagem que o cachorro preto não tinha nada a ver com o referido ofício de nomeação... Mas quando conseguiu alguns minutos de liberdade (falo do cusco, não do preto), correu sem rumo até chegar à avenida e, num instante mesclado pela opressão e medo, reagiu ante a proximidade do governador, mordendo-lhe a canela.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

MANCHETE


Deu de eleições, falemos de bola
Que lá de cima a vida é pouca
a onda, baixa
E te cobrem pensamentos
cabelos vermelhos...

Aonde dizes estar o eco
do espelho refletido
dentro ou fora do teu olho?

O que lês nesta manchete de segunda?

VOCÊ JÁ DEU A SUA FOLHAMACHADA HOJE?

www.folhamacho.wordpress.com

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PEPE DIARONIORANDO

Pepe Ludo é um português mestre em ciência política. O Pepe veio pra Pelotas em 96, fugido de uma polaca grávida pela (e com a) qual cruzara em Lisboa. Aqui ele se naturalizou e vota, na 60ª do Laranjal, desde as eleições de 2000.
Esses dias a pesquisa da revista Vagabundaqui entrevistou ele sobre as intenções de voto para o segundo turno.

Vou votar no Diarone!
Mas seu Pepe... O Diarone já foi eleito pra vereador.
Mas eu vou votar no Diarone!
Mas seu Pepe... agora é só entre esses dois aqui óh... que são os candidatos a prefeito.
Eu quero o Diarone...
Seu Pepe... vou lhe explicar melhor... Se as eleições fossem hoje, hoje mesmo, hoje hojinho, o senhor votaria no Fetter ou no Marroni?
Hummm... ah tá... se fosse hoje?
Sim seu Pepe, hoje...
Hum... no Diarone.

MORAL: O voto é obrigatório, mas a burrice é livre.

LEVE SOM


A aristocracia quer poder... A pseudo-esquerda também... O juiz de Direito diz que o martelo é dele... Um vereador nepotista veio me cumprimentar, sorrindo pela reeleição, como se eu tivesse votado nele... ele e sua troupe também gosta de poder...
A faxineira que virou chefe e brigou com as outras adora poder... o antipático dono da lotérica troca todos os seus minutos por cheques, achando que depois trocará as cifras pelo tempo perdido... ele ama o poder.
Cada um pode querer o que quiser... Cada um pode poder o que puder... E enquanto medem o tamanho de sua ânsia, capino de pé no chão, escutando um leve som...

BARRIGA


A pior obesidade é ter a alma barriguda.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

NEM TUDO


Penso e penso que penso, mas na verdade sou pensado. Tudo o que imagino capto, de alguma forma, das informações inerentes ao tempo, ao éter, às bocas que rebeldes falam e aos ouvidos, que curiosos, pegam.
Sou eu e minhas circunstâncias... essa é velha, mas tá inteirinha ainda. E enquanto pairo à amálgama das informações latentes, vou sendo forjado cinicamente ao que creio ser, sem perceber que antes de ser, morrerei. Antes de pensar, o cenário já está montado. Assim como a descarga leva tudo (ou quase tudo) e a borracha apaga tudo (ou quase tudo), a conclusão apaga as teses no caminho da lógica ou da dialética, pois nem tudo o que acredito concluo...
(ou quase nem tudo...)

QUANTO VALE UM HOMEM?


Nunca fui representado por nenhuma máfia... Até porque se colocasse todas as siglas partidárias dentro de um panelão, tiraria merda e grana. Como ainda não preciso comer merda, como fazem os filhotes da máfia que se grudam nas tetas públicas, nem preciso manusear grana suja de interesses inóspitos, esta receita não me interessa.
Não gosto de prostituição e troca de influências nos subterfúgios politiqueiros... Não questiono o preço do homem, mas os seus valores. Sou quase um punkpolítico, embora não seja contra tudo ou contra nada. Apenas aprendi que as coisas que mais valem são pequenas e o mundo que realmente importa fica do meu portão pra dentro.

PAVLOVIANAS


Faltava o que lhe era conveniente... sobrava sujeira naquele copo d'água... Ele levantava vagarosamente seu cadáver dormido da cama quente, alguns instantes após ligar a tevê com as novas de ontem... às vezes escovava os dentes, na projeção diária de que encontraria alguém que lhe valesse o bafo, às vezes não. Vestia-se nas feias vestes, repletas de furos dos ácaros famintos, que comiam pele morta, como ele fazia em suas ceias e jantares. Calçava as botas úmidas da água constante de Pelotas, e sempre saía de guarda-chuvas, como forma de tatear seu medo... medo de tantas coisas que, antes de viver, calava.
Passava entre os mesmos marcos de sua metódica história... cumprimentava as mesmas pessoas... pairava sobre o ritmo hipnótico e certo de seus passos que, ao passar pelas mesmas esquinas, rastreava seu cheiro sôfrego de escravo da vida...
Às vezes bebia, no banho cantava... tomava os goles do café, que se frio indiferente ante à pressa rumo ao nada, e empinava o dedo mingo ao céu. Comia doces e salames junto, pois pra ele seu corpo não passava de uma "fábrica de bosta". Ignorava o silêncio, como se o barulho lhe tornasse pleno, e falava coisas sem interesse às garotas da rua. Contava as moedas do cofre aberto pela ânsia imediatista e revelava segredos antes de dormir às paredes que ouviam tudo...
E antes de pôr o resto das vestes na mala, naquela que seria sua última viagem, deu comida aos gatos.
Sua última síntese terrena deixara num caderno velho, carcomido pelo tempo. E sua derradeira e metafísica síntese, que abrigava do seu existencialismo depreciativo à sua concepção neocapitalista, ainda desconheço... É que do éter pouca conclusão me chega... e se chegasse, me obrigaria a olhar nos olhos de minha própria idiotice refletida.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CARA OU COROA?


E quando as caravelas entupidas de sífilis e jesuítas chegaram, revelaram aos nativos que teriam, a partir de então, civilizada e ocidentalmente, e enfim, por fim, o grande contato com deus. Seriam gente, por assim dizer.
Hoje vejo o que restou dos índios escondidos sob lonas pretas em beira de estradas, penso no deus que os homens buscam...

SUPERADOBE


A permacultura é realmente um grande instrumento a ser potencializado. É inovadora, não só em termos de bioconstruções, mas também no desenvolvimento organizacional de ecovilas, outro termo muito moderno que vem sendo trabalhado ante o colapso do convívio social e da qualidade dos dias na metrópole. Claro que sustentabilidade, ecovila e permacultura são gotas no oceano do processo de ruptura e crises em que a sociedade contemporânea se encontra, sejam elas ambiental, social, política ou estrutural. Vejo também o calendário de 13 luas e 28 dias como a forma mais eficaz de fazer do agora arte, de perceber o deísmo das coisas, de perceber os cristais que cada um traz consigo, o outro eu... o eu em outros... Da justiça harmônica à organização participativa...
Mas assim como creio em tantas outras coisas, não farei aqui dessa postagem um amplo campo das coisas em que acredito, um festival de realidades, pois nem quero, nem tenho certeza do que sei, e posso também estar falando um monte de equívocos viciados em meu ponto de vista... Mas se não puder lidar com meu singelo e limitado ponto de vista não teria um blog, e sim um universo só pra mim, assim como o magnata burguês personificado que a igreja chama de deus.

***

Este tópico é sobre o superadobe, um método de construção revolucionador criado em estudos da Nasa por um iraniano chamado Nader Khalili e que objetivava edificações em solos lunares. A base dele, o superadobe, é o saco de tecido de polipropileno preenchido com subsolo, o que o torna, talvez, na maneira mais simples de construir com terra, pois não é necessário fazer qualquer teste com o material, não é preciso peneirar a terra, nem moldá-la e nem acrescentar palha. As paredes são erguidas muito rapidamente, mas é preciso ter uma equipe de pelo menos cinco pessoas.



O superadobe necessita de ferramentas simples para sua execução:
- um pedaço de cano que servirá como funil (tubo de PVC de 250 mm é o ideal)
- pedaços de sacos de polipropileno (servem também sacos de adubo),
- soquetes
- arame farpado (colocado entre as camadas)
- baldes
- marretas de borracha para aprumar as fiadas.

O rolo de polipropileno (bobina) tem aproximadamente 50 cm de largura. Ele é cortado em pedaços do comprimento da parede a ser construída, deixando-se uma pequena sobra em cada ponta para fazer o acabamento.
Este grande saco vai sendo preenchido com terra, com a ajuda de um cano que funciona como um funil. Assim vão sendo formadas as “fiadas” (camadas) que depois são - bem - socadas, cobertas por outra fiada e assim sucessivamente, até a parede ser completamente erguida.
As paredes devem ser isoladas do contato com o chão, para evitar problemas com umidade, utilizando o próprio superadobe, só que em lugar de terra, deve-se usar areia e cimento, na proporção 9/1, nas primeiras fiadas, até acima do nível do solo.

É muito importante que as fiadas sejam muito bem socadas. Quanto mais compactada, melhor será a sua parede. Sempre fique atento ao prumo!


As paredes de superadobe são estruturais, portanto dispensam a construção de pilares ou vigas, e permitem instalações elétricas e hidráulicas embutidas ou aparentes.
Após a remoção do saco, o recomendado é a utilização de um reboco natural, à base de cal hidráulica e terra.

PARA SABER MAIS:
http://www.ecocentro.org
http://www.ecocentro.org/bioconstruindo/superadobe.html
http://www.vimeo.com/1491473

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

ALMAR


O que quero pra mim é calmaria. Não quero que os ventos soprem meu cabelo ou as páginas do livro que leio silenciosamente numa tarde divinal. Quero ouvir os pássaros cantando enquanto acordo o beijo de meu filho... quero pessoas educadas, que freqüentem meu lar em amizade harmoniosa e pura. Quero poder andar descalço pela praia, tocar a água e beber de uma cascata... Quero poder chutar bola com a criança interior, numa perspectiva de que tudo anda, vagarosamente, sem precisar das horas. Imagino o sol do inverno brindando a pele e um fruto doce colorindo a boca, um olhar de anjo da mulher amada e um Quintana a deixar rastros de vida poética pra eu seguir...
Quero que a noite caia lentamente e a chuva bata na janela, como palmas pros meus sonhos. Quero regar as plantas do jardim e reparar nas aves que migram no caminho da tarde, desenhando formas entre nuvens brancas. Quero ouvir a música do Laranjal e ver cachorros brincando na singela alegria do não-desejo. E quero muito, muito mais... Mas o que quero é simples, e por sê-lo, parece tudo ilusão dentro da metrópole cinza. Parece que no ar que respiro e nutre a vida do meu corpo tem sujeira: a poeira dos outros. Parece que o que falam perturba, e não deveria, pois meus ouvidos (e olhos) são portas e só cabe a mim abri-las.
E me constranjo em saber que o mundo que perturba é a opção imediata que realizo e faço parte: sou a própria culpa que vejo nos outros, por não fazer o que de fato penso. Sou o próprio criminoso que procuro pelas ruas do meu dia...
Mas tudo bem... o ego cala e a tarde cai, da mesma forma, até o final dos tempos. O sol renasce numa rotação contínua do nosso planeta. Os anos passam enquanto giramos pelo cosmos. As Eras vão (precessionalmente) em direção ao nada, do nunca pro sempre... E, de carona, me calo a olhar pela janela.
Na verdade, a cada passo, passo. O tempo é curto para ser pequeno... é eterno para ser contínuo... e é exato pra ser questionado.

NÃO É SERTÃO DE ALAGOAS


Já falei mais de mil vezes que não gosto de politicagem. Aqui em Pelotas, como em boa parte do país, a febre é de se falar em eleição e eu não posso cair nessa. Mas hoje realmente fiquei de saco cheio, porque me senti mais uma vez ameaçado por um CC do atual prefeito. E eu tenho paciência, quem me conhece sabe... Então essa postagem serve apenas de aviso: da próxima vez que eu for intimado, falarei de todos os podres que a administração tem feito aqui, na autarquia em que trabalho. E isso não tem nada a ver com apoio a candidato A ou B: eu quero que os dois se ferrem. Mas quero algo além disso: quero ficar sossegado no meu canto, sem me sentir devedor dos meus direitos... sem me sentir oprimido ou serviçal de firma quebrada de jagunço... Da próxima vez que esses politiqueiros nojentos dirigirem a palavra a mim, redigirei uma postagem demolidora e uma carta detalhada à imprensa.
Porque não sou pelego nem pinico de cambada: fiz concurso, pago imposto e não careço de teta partidária pra viver.

domingo, 5 de outubro de 2008

MÁXIMA DA ELEIÇÃO

Vote bem, não importa em quem!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

P.nt. exat.

Um ponto exato
entre o conexo e o discreto,
uma carta de amor,
um grito de gol anima o mundo...
aquela tarde era tão quieta que ouvia-se os respirares da morte
[os passos das baratas entre os vãos

e eu, que catava entre um e outro cáqui
[despretensiosamente
vivia um tempo em que o agora inda não era assim, tão presente
e contava os passos na calçada

brincando de ir...
brincando de ir...

VOTE ROBALO


Últimos dias de campanha do candidato Robalo e ele passa na vila, de porta em porta, entregando santinho.

Com licença... eu sou o candidato Robalo! Eu poderia entregar um santinho?
É qui eu num sô u dono da casa... sô só o pintor só!
Ah...

Com licença... eu sou o candidato Robalo! Eu poderia entregar um santinho?
Infelizmente eu estou atrasado para buscar uma janela que prometi pra minha sogra. E eu sou muito honesto, sou um cara verdadeiro... prometi e vou cumprir. O pessoal aqui da vila já me conhece, sou o Romualdo, mais de 20 anos trabalhando em prol das crianças e dos velhisnhos, dos brancos e dos pretos, das mulheres e dos homens...
O senhor também tá fazendo campanha, seu Romualdo?
Não não... eu vendo bala. E me dá licença que tô atrasado.

Com licença... eu sou o candidato Robalo! Eu poderia entregar um santinho?
Vai te fudê!!!

Com licença... eu sou o candidato Robalo! Eu poderia entregar um santinho?
Ah sim... como não?
Assessor Pacheco... Os santinhos, fafavore!
E quais são os seus projetos, seu Robalo?
Hum... pra revelar os projetos aí é mais caro.
Ah tá...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

MADE IN


A globalização é uma fábrica de solitários...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

REALEZA BRASILEIRA

Adorei a postagem do Alan Sieber, um artista muito legal, ótimo quadrinista que tem um senso crítico muito apurado e recomendo que leiam.

http://talktohimselfshow.zip.net/

Viajando no site dele, adorei uma postagem simples, mas profunda, e por isso ousei reproduzi-la aqui, homonimamente, para que ela ingenuamente não se perca.


São ou não são a cara desse nosso belo país de merda?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

VERDADE MORTA


Liguei a TV e dei de cara com o padre Marcelo. Na frente de um grande crucifixo de madeira, ele segurava um rosário na mão e tinha uma cara de guri chorão.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.

Lenta e repetidamente, ele pulava as missangas do terço com a sua crença ritualística insossa.

Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.

Eu quebrei a TV.

Jesus, livra-me do stress.

TEORICAMENTE

BRECHT EM SATOLEP


Pensei no cinturão de fótons, pensei no câmbio climático, pensei no trilhão de formigas que perambulam vespertinamente pelos calçadões de Pelotas... Lembrei de Brecht...

O mundo está próximo de um tempo nefasto: os pobres temerão a fome e os ricos temerão os famintos.

ÁGUIAS

O sincronário maia é realmente incrível... Ele mostra várias coisas que julgamos coincidência e, ao relacionarmos à Lei do Tempo, vemos que coincidências não existem.
Resolvi escrever sobre Andre Breton e Arthur Rimbaud e descobri que ambos têm o mesmo kin: águia cósmica azul.


Kin 195
Águia Cósmica Azul

Persevero com o fim de criar
Transcendendo a mente
Selo a saída da visão
Com o tom cósmico da presença
Eu sou guiado pelo poder da autogeração.

SONHOLAIRE


Deus é o único ser que, para reinar, nem precisa existir.

Conheci Baudelaire num sonho. O nome me veio na cabeça e, dela, ao papel, na densa negritude daquela madrugada. O poeta do ópio... A chama do simbolismo poético...
Não é que eu muito o conheça, além de Flores do Mal e de seu kin, Guerreiro ressonante amarelo, nem que eu seja realmente parecido com ele, exceto pelo ópio e por não ver um deus-homem nos céus.

O ESTRANGEIRO

Diga, homem enigmático, de quem gosta mais? De seu pai, de sua mãe, de sua irmã ou de seu irmão?
Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
Amigos?
Você usa de palavras cujo sentido até aqui desconheço.
Pátria?
Ignoro a que latitude se situa.
Beleza?
Deusa e imortal, de bom grado a amaria.
O ouro?
Odeio-o como você odeia a Deus.
Mas que gosta então, estrangeiro extraordinário?
Das nuvens... as nuvens que passam... lá longe... lá longe... as maravilhosas nuvens!

PARA ARTHUR


E lá estava ele,
Com sua jovialidade espantosa,
Bebendo e dizendo diabos
Do mundo que via...
E entre o hálito balbuciando as chafurdas literatas
Beijos
E cores de letras...

BRETONICIES


A palavra Liberdade é tudo o que me exalta ainda. Julgo-a apta a manter indefinidamente vivo o velho fanatismo humano. Ela responde, sem dúvida, à minha única aspiração legítima. Entre tantos infortúnios que herdamos, temos de reconhecer que nos resta a máxima liberdade espiritual. Cabe-nos o dever de não fazer mau uso dela. Consentir que a imaginação seja posta a ferros, ainda que nisso estivesse em jogo aquilo a que se chama vulgarmente a felicidade, significaria furtarmo-nos a esse apelo de justiça suprema que se ergue do fundo de cada um de nós. Só a imaginação me pode tornar presente aquilo que pode vir a ser e é quanto basta para que se levante um pouco a terrível interdição; e é quanto basta, também, para que eu me abandone a ela sem receio de me equivocar (como se fosse possível um equívoco ainda maior). Onde começa a tornar-se negativa e onde se detém a segurança do espírito? A possibilidade de errar, para o espiríto, não estará na contingência do bem?

ESCRAVOCRATAS NEWS


Será que os capitães do mato, assim como a pobre oligarquia pseudorrica pelotense, também tinha vários sobrenomes?
Me pergunto porque, ao passar os olhos em uma coluna social de um jornal citadino, tive a impressão de estar lendo notícias escravocratas (pré 1888)...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

GUTCA


O sangue que das veias foge
Mancha o mundo de genes
Revela ao ar os segredos helicoidais
Guardados no âmago do imo

O mesmo sangue,
O sangue de mãe,
O sangue dos filmes e das novelas,
O sangue do cuspe,
O sangue dos santos...
Em gotas, retém universos,
E declara morta uma cadeia de DNA

Este sangue derramado,
Que tatua a pele e colore os seres,
Alimenta a terra que o absorve
E leva os fenótipos
De volta ao centro do nada.

MAIOR PEQUENO


Ele mentia que tinha um cachorro que dormia tapado, que a mulherada adorava aquela tatuagem de presidiário que ele tinha no antebraço, que o pai dele saltava de pára-quedas e que a avó tinha perdido a vez pra Carmem Miranda...

***

Era seu pseudomundo
construído com tijolos de palavras,
mas palavras são vento de boca
e racham a cada psicopiscar...

***

E ele, que dizia ser amado, que se dizia importante para que "as coisas" acontecessem bem, que o sol rodava no seu eixo... ele, que poderia reter um míssil com um telefonema, tinha medo de dormir sozinho...