terça-feira, 10 de dezembro de 2013

CHUVARADA


Uma gota
Várias gotas na janela
Um plim, um plaf de chuva
O telhado canta seu metal
Pingos d’água murmuram rio abaixo
O encontro do céu com o chão
Chuva que saltou das nuvens
Sem paraquedas, em vão
E só caem porque querem
Estas águas suicidas
Plif e plof no portão...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

5 MINUTOS PARA ANGÉLICA I

Atravesso a rua aceleradamente. Entre tantos destinos incertos, apenas mais um. Encontro pessoas, o Nico está indo comprar um jornal... Uma voz feminina me ordena, como é do feitio das vozes fêmeas. Escrevo. Entre tantos livros inertes de poetas mortos (talvez entre eles bons poetas), risco este texto, mais vivo do que sempre. A tinta da caneta tenta sabotar a ideia, rápida como a mosca que voa agora, nesta imensa biblioteca. As árvores fazem sombras na janela, mas a luz do sol entra emoldurada e sem convite. À esquerda e à direita há pessoas que se concentram pelas letras suas. Algumas iluminadas pelo sol invasor, outras, no canto, batem pó. Penso no resto do dia, que me espera sem hora marcada. A senhora quer café? Há tantos afazeres, muitos tolos, e eu me perco em cada pequeno instante.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

5 MINUTOS PARA ANGÉLICA III

A TV ficou ligada na sala. Era madrugada e aquele faroeste parecia quase que real, com tiros cruzando o quarto. Eu reparei no preto-e-branco iluminado na parede e desliguei a tela, acendendo o dia. Ainda tenho alguns minutos, ela disse antes do telefonema, que atendera colocando em risco os minutos que havia, como areia entre os dedos. Morava sozinha e era discreta. Lia o jornal e pedalava. Até ontem não estudava, mas depois daquele papo resolveu voltar a ler e construir o próximo argumento. Então eu seguia acreditando no sucesso da peça, mas era ainda cedo do lado de fora da trama. O café tá pronto, gritou ela da saleta. Havia um pequeno fogão e alguns biscoitos. Uma vassoura em pé sobre a pá pequena e uma pia branca com pequeno vazamento de torneira. Alguns azulejos estavam quebrados, principalmente os do canto da parede, onde, na agora realidade áspera, faziam teias mínimas aranhas. Quer açúcar? Eu disse não. Ela me passou uma xícara vazia e falou que me servisse, e eu pensei em colocar meus planos e os mais profanos pensamentos nos jornais para que um dia ela também lesse. Hoje o dia raiou muito cedo, e eu procuro a hora de voltar pra casa. Sou canceriano, embora acredite pouco nisso, e o morno e rápido café não pode segurar os meus ávidos anseios. Saio andando pela porta da frente e rompo, mais uma vez, as pretensões inusitadas que tinha.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ABRAÇO (para ricardo chacal)

Abraço de urso, abraço de russo
O abraço dado é o recebido
Abraço chorado, abraço sorrido
Abraço findo ao se partir
Estalos do abraço da sucuri.

domingo, 3 de novembro de 2013

ABSTRATO ABRIL 4


Diga lá então o que pensas do mundo rapaz... os teus conceitos tão teus que queres pra todos... o sabor das tuas frutas, o nome do teu guia, as roupas que mais gostas. Mas o povo é tirano... e sofres porque o povo não gosta do que gostas e questionas a humanidade como se a própria humanidade coubesse num conceito único, lógico, tão óbvio e tão teu.
E por falar nas roupas, na cidade te vêem como as roupas tuas e por isso te preocupas tanto com as golas da camisa, a gravata combinante, o sapato brilhoso, enfim... e é mais fácil tu subires uma grande escadaria e chegares ante os teus com a perna quebrada do que com a calça puída, porque são os teus aparência e argumento que te representam perante outros atores da vida social, mas que não são o que realmente és quando deita-te na cama, à noite, sozinho e desnudo.

***

Sem roupa somos todos iguais.

***

Veja só que no mundo que vives quem tem mais poder é, inexoravelmente, o melhor argumentista. Os líderes, ídolos e profetas são articulados, belos e serenos. E é por isso que a influência que persegues ter é para não só teu uso, mas para estar por sobre os outros, num pedestal de perfeição. Ora correto, ora exato, julgas ser a representação perfeita no teu meio, sem perceber a impermanência das coisas, sem a humildade sensível que diferencia os anjos dos homens, pra quem vencer é acumular, sobrepujar e submeter.

***

Então eu penso que, quando nasci, morri em outro lugar.
E estou agora aqui, também de passagem, como em todos os lugares-planos a que se vá.
É a lógica universal nascer, crescer e morrer.
Rápido e constante passar, isto é tempo.

***

Aquele argumento velho
Mundo tolo, mundo teu
Homens deuses, deus humano
O semáforo dançando...

Mundo tolo, roupa sua
Ordens e indicações
Um lugar que ninguém viu
Abstrato abril.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O SISTEMA

O sistema é um botão
Tão distante e sigiloso
E alguém atrás para apertar-lhe
Ao seu bel-prazer moroso.

sábado, 26 de outubro de 2013

OS SINGULARES PLURAIS

Campi é um plural sem S
Qualquer tem plural no meio
Lápis, plural de si
E blitze é o plural mais feio

Plural vem depois do um
O um do zero o teor
Que o zero não tem nenhum
Plural que lhe dê valor.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

NANDO



Eu moro em lugar algum
Eu moro nos meus sonhos
Que me encontram noite afora
Dia adentro...

De manhã
Eu moro nos meus planos
Que se espalham pelo chão
Da tarde...

Diário de Gogol
Nuvem sobre o sol
Outro limbo

Paralelograma
Praça pós-humana
Ser infindo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

TORMENET

Estão chovendo
arquivos
da nuvem.

DAS DESPEDIDAS

De que valem as despedidas
Se estamos todos indo
Para o mesmo lugar?

terça-feira, 22 de outubro de 2013

LOTAÇÃO 252


Lotação, lotação
Deus me livre, nem me conte
Já parou 40 vezes 
Inda nem desceu da ponte

Lotação 89
De manhã foi dois-dois-dois
Motorista, não comove
O porquê do seu depois

Lotação 45
Da praia de São José
55 sentados
95 de pé

Lotação amargurada
Como é bom descer de ti
Minha rua na parada
Desde a hora em que parti.

domingo, 20 de outubro de 2013

OS PÁSSAROS E AS FORMIGAS


É esta uma das coisas que mais me entretêm: ficar olhando silenciosamente os pássaros chegarem lentamente ao alpiste, numa cena momentaneamente eterna em que ouço o vento balançando os galhos e vejo dançarem no chão as sombras criadas pelo sol da tarde. Reparo pequeninos detalhes do lugar... uma borboletinha marrom e seu célere mundo, a organização das formigas, as flores do cinamomo que deslizam pelo ar, o remoto grão de areia que reluz entre os demais. 
Eu poderia estar com pressa, talvez a que possuem os solitários... Eu poderia também estar traçando planos de trabalho ou abrindo novos anexos de responsabilidade enquanto estes pássaros cantam e comem alpiste, mas o silêncio é quase impossível na cidade e a humanidade está sempre a correr para dentro dos shoppings. Eu poderia estar em tantos lugares, tantas gentes esperam por mim, mas a solidão e o silêncio é o que mais alto me chamam, aqui, junto ao muro verde que me cerca, junto à fauna alada dos pardais, asas-de-telha, sabiás e canarinhos. Junto às formigas que andarilham entre meus gigantes pés.

***

O pardal prefere ciscar o chão. Tremendamente próximo ele chega da humanidade, a qual aqui eu represento como único exemplar, um inerte dominante. E de mim chega tão próximo, sem medo nem pronome nem vergonha, e eu, como ele, cisco pelo chão as novidades deste micromundo neste macroperpétuo instante. Enquanto isso, numa mesa de reuniões, alguém discute sobre vaidades e honorários, sobre horas programadas de outro dia egoísta sem paixão, que ignora se é um dia a mais ou dia a menos, pois viver passou a ser a conquista de moedas e a obtenção da razão.
Hoje o dia tem o céu azul. As horas já deixaram de ser tempo e eu percebo que ter razão é ter bagagem. Eu vejo as coisas tão pequenas pelo chão e elas me vêm imensamente grande, mas a diferença entre estas dimensões é apenas um ponto de vista... um entre tantos outros que existem entre o fato e a verdade, entre o ser e o existir, e ter razão então passou a ser desnecessário, como é desnecessário qualquer julgamento sobre as coisas ao redor.
Ter razão é estar preso... Ter razão é estar numa gaiola da verdade... é manter um patrimônio obsoleto acima de tudo, um bigode ridículo na cara... pois a verdade pode vir a ser uma tatuagem que não se quer mais. Por isso, quanto mais eu penso estar convicto, menor estou, mais distante do vazio, que é a imensidão mais factível onde todas as verdades se encontram.
E é isso que eu aprendi com os pássaros e as formigas.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

BARBEIRO DO BRASIL

Mas doutor, o que de fato eu tenho?
A senhora está com a Doença de Chagas!
Doença de Chagas? Mas o que significa isso, doutor?
Isto significa que a senhora foi chupada por um barbeiro!
Desgraçado... ele me disse que trabalhava no Banco do Brasil!

sábado, 28 de setembro de 2013

AAAAULA

Ele comeu a professora na sala de educação sexual.

VIDA PERNETA


O Gordo Tetéu fez uma acentuada e irresponsável curva pra esquerda e foi colhido, com sua moto, por um carro em alta velocidade. O impacto arrancou a sua perna logo acima do joelho e ele passou a ter um novo e bulinático apelido: Gordo Perneta.

***

O Gordo Perneta dizia que seu membro (que não existia mais) coçava. E eu fiquei me indagando, pois já ouvi histórias sobre pessoas que perdem mãos e pés e eles seguem doendo, coçando, incomodando como não faziam antes, quando, de fato, existiam.

***

O taradão perdeu a mão e deixou, por certo tempo, de acariciar um bumbum feminino. Contudo, seu prazer não se findara... muito antes pelo contrário. Diz ele que depois da amputação, quando passava uma mulher bonita, ele fechava os olhos e a mão inexistente se deliciava com uma pseudo e etérica bunda.

***

O fato é que eu já estou há 5 dias em Santa Rosa, minha cidade natal.
Neste curto espaço de tempo, revisitei pontos onde minha infância aconteceu.
O sítio do pai, o arroio onde eu e o Ale tomávamos banho... o bar do merengue, as pedras, ginásios... reconstruímos vários momentos que ficaram (ou pareciam ter ficado) para trás.
As pessoas que cercam o ambiente onde eu cresci, hoje, são completamente diferentes... novas crianças, tios que já partiram. Há uma calçada nova e um cachorro que eu não sei o nome. O galpão virou garagem, o bolicho, mercadão. Trocaram o antigo calçamento por asfalto, e poucas coisas eu reconheço, embora a essência do que me forjou ainda permanece, como uma alma escondida atrás de um muro, como a ex-perna coçante do Tetéu.

***

Pensando nisso, vi que minha infância, em certo ponto, hora após hora, também vai ficando num lugar distante... as memórias também vão se perdendo, em sua grande maioria, e eu daqui, deste exato presente, vendo tudo o que me cerca, minha mãe ficando velhinha, sinto que tudo passa muito rápido... sinto que a vida, como a infância, vai passando sem parar, e eu teimo em olhar pra trás. E então, reconhecendo aquilo que fui, faço perspectivas tolas, como se tudo fosse eterno... mas percebo também que o que finda, aquilo que passa e não existe mais, deixa no ar uma tênue energia, um cheiro de realidade, uma infância que insiste em ficar, como aquela mão que não está mais no corpo, como uma perna que não existe mais.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

MEU NOVO POEMA

Eu tento encontrar
Num mar de palavras
Algumas gotas pra te dar...
Peixe pequeno nestas águas turvas
Vou nadar...
Nadar até onde não podem os peixes
Eu vou nadar até cegar num feixe
Deste sol que fora d'água
[aquece e reina

Eu vou achar
Uma concha irresistível que me coma
Que me tranque como pérola
Uma ilha de vulcões,
Pétalas na areia
Onde a onda vá buscar
Todo dia tua manha,
Meu novo poema...

EU COMPRO UMA REVISTA


O jovem sentado no banco da praça ouve a conversa de outros jovens no banco da frente... enquanto isso, as pombas giram pelo céu e pousam, em grupos e separadamente, bebem água no chafariz e ciscam migalhas pelo chão da vida, esta dimensão fugaz onde o tempo passa sem parar. O sol reflete na água do pequeno lago, fazendo lâminas, devolvendo luz ao céu que brilha azul, sem nuvens. Entre pontos cintilantes, as tartarugas espiam o mundo do lado de fora, amontoadas, e outras nadam entre kinguios branco-alaranjados e carpas dançarinas, que nada mais fazem nesta tarde do que hora para a morte, como os jovens que conversam e se beijam na minha passagem.
Eu, compromissado, creio estar seguindo a um lugar exato... creio ter função nesta roda, ora samsárica, ora sistemática e monetária, e quase sempre quando ando penso se vivo ou sou vivido pelos lugares em que vou e não gosto, pelas coisas que quero e que não posso, pelo que quero demais. Há sempre um futuro, escondido num outro lugar que ainda não veio, mas nem sempre há um destino. No entanto eu vejo e também observo
[o que talvez seja mais importante

eu vejo e também observo os arredores deste corpo andante. Na parte norte dos bancos há um gramado e algumas plantas, arbustos, piracantas, uma sica deveras revoluta, gigante e descabelada, como o cara que toca seu violão na calçada por onde passo agora. Então o ritmo constante de minhas pernas com chegada certa me leva pra fora da praça e outros minutos ficaram para trás. Eu compro uma revista, eu vejo pessoas que eu (acho que) conheço e cumpro ações de uma lista, costurando esquinas, reconhecendo outra vez a cor do dia, que passa rápido e parece feroz.
Há um cachorro cheirando a rua por onde andam também centenas de pessoas, constante passar. Há dois, há quatro, há dez cachorros marginais. Há também em uma loja um cachorro de pelúcia verossímil, uma boneca inflável para companhia e solidão... Há, no segredo dos apartamentos, o domínio inefável dos amores sobre outros amores
[se é do amor o domínio, a supressão e o mando).

Quem sabe o amor não seja assim tão puro, pois aquilo que mais amo é também minha maior prisão, a ferida mais frágil e aberta, a possível maior ruína.

***

Eu volto sempre pelo mesmo caminho. Quando chove, sob um conjunto de marquises, eu desvio das gotas insistentes e salto as poças pelo chão. Elas refletem uma mulher de guarda-chuva colorido... elas refletem qualquer coisa, imitando a vida antes do sol secá-las. Tolas poças, tão finitas quanto ela, a vida. Estagnadas pela gravidade e pelo tempo da cidade úmida.
Espelhando algo que não são, às poças eu dedico esta pequena história que parece não ter fim, só meio. E de fato, vivemos entre os meios, buscando inutilmente como tudo começou, esperando um fim, andando pela praça e ruas, seguindo os mesmos caminhos por dias diversos...
Talvez o fim fique na frente... talvez o fim nem há. Ou vivamos apenas de fins... vários e incessantes fins... fins que se unem uns aos outros num permanente transformar... uma intrigante e rápida eternidade, como o espaço-tempo entre dois bancos de praça por onde passo, novamente, agora.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

OUTRA ROSA


Outra rosa vai abrir
Inevitavelmente, vai abrir
Escondida atrás destas paredes
Desta velha casa, escondida na fachada que encara a rua
Longe da grande avenida, esta rosa vai abrir
Queira ou desqueira, como o amor se manifesta
As plantas crescem...
Os homens passam...
E, alheia a tudo,
Outra rosa vai abrir...

A ENGUIA E OS SUPER-HUMANOS


Eu encontrei no Youtube um vídeo onde um jacaré morre eletrocutado por uma enguia sul-mato-grossense.
A enguia tava presa num anzol e gritava que nem o Rod Stewart.
Uhhhhhhh....
O jacaré foi se aproximando, se chegando, e uact, desferiu seu poderoso
[e neste caso derradeiro

bote.

***

Bzzzzzzzzzzzz....
Bzzzzzzzzzzzzzzzzzz....
O peixe-elétrico deu um choque fatal tão potente, mas tão potente que acendeu uma luz na ponta do rabo crocodiliano...
Poizé poizé poizé!

***

Ô cumpadi... corre aquim! Corre aquim! Vem rapidão vê issoqui ômi dideus.
Quiqui foi cumpadi?
Eu peguei um bichão no anzol, olha só!
Iqui bichão é essi cumpadi?
Ignoro!!!
Mas que baaaaaaita ignoro!

***

Ô cumpadi... corre aquim! Corre aquim! Vem rapidão vê issoqui ômi dideus.
Quiqui foi cumpadi?
Eu peguei um bichão no anzol, olha só!
Iqui bichão é essi cumpadi?
Sei não... tá mi parecendo um peixelétrico!
Será cumpadi?
Nunsei! Toca nele pra genti vê!
Eu não, tá loco? Toca ocê!
Eu? Bencapais! Ocê que pegô ele... toca ocê...
Nem pensar! Si eu tocá eu morro!
I si eu tocá eu não morro poracauso?
Talvez você morre sim, cumpadi. Mas ocê também podi tomá um choqui e virá um supererói poderoso, quinenqui eu vi na TV.
Então toca e vira ocê, uai!
É qui eu prifiro o anonimato di pescador...

***

Então eu fiquei pensando como pode a natureza produzir  um ser assim, que dá choque? Qual dispositivo aciona este mecanismo no animal? Como pode a enguia dar choque, os pirilampos acenderem luz, peixes das cavernas cintilarem? Qual informação genética é esta que captura propriedades da atmosfera elétrica e as coloca dentro da carne desta bicharada?

***

Na verdade, estes animais incorporaram uma propriedade não-animal, a eletricidade, em sua dinâmica corpórea. Isto significa que o que está fora dos genes, neste caso a eletricidade atmosférica, também pode ser apreendido e processado organicamente. E é por isso que a tecnologia, que revolucionou (e revoluciona) o processo de conhecimento está alterando a genética humana e gerando crianças cristais incrível e assustadoramente mais inteligentes e mais sensíveis...
Estamos, portanto, nos aperfeiçoando como raça,
[e a evolução é um acontecimento inevitável!

ao ponto de formar uma nova ordem orgânico-telepática, os super-humanos.
Está acabando a Era do medo, das mentiras, das guerras e da ignorância dos antigos homo sapiens, e começando a Era da luz, da beleza, da quarta dimensão racional, a dimensão psico-precipitada, onde todos os pensamentos acontecem...

***

Estes novos tempos serão tão avassaladores aos humanos velhos, àqueles que ainda teimam em atirar, ofender, sacanear... eu diria até que serão chocantes... tão chocantes quanto um fio desencapado! Tão chocante quanto rabo de uma enguia encurralada.


domingo, 25 de agosto de 2013

A EVOLUÇÃO


O mundo veio do fogo.
A chuva, dos gases.
As microcélulas aos bichos aquáticos, aos dinossauros, aves e mamíferos.
Do macaco, o homem.
[do macaco, o macaco contínuo.
Outros meio homem, outros meio macacos...

A planta que morre, cresce, entre a brecha cintilante do asfalto e a rocha.
Sobre o nada, a planta cresce.
E segue crescendo, comendo as cidades abandonadas...

A evolução acontece, queira-se ou não se queira...

A girafa tem pescoço...
O abacate com caroço.
O homem que anda em pé...
Anda falando aos cotovelos
Onde vai este novelo?
A genética, a perfeição
Vai parar aonde, meu irmão?

***

Na evolução das espécies, perderemos o cabelo e o apêndice.
As unhas, talvez também.
Troca-se os mingos por telepatia.
Troca-se as tias por irmãos!
Ficaremos tão modernos
Ou não!

O HOMEM E OS GOLFINHOS


Em Laguna, Santa Catarina, ocorre um fenômeno talvez inédito em toda humanidade. Lá, pescadores trabalham em conjunto com os golfinhos,
[ou botos, no linguajar local

numa interação entre espécies tão rara quanto bela, singela e mágica, proveitosa a ambos, homens e golfinhos, e ninguém sabe como aquilo começou.

***

Existe, neste caso, uma óbvia aproximação de um ser “racional”, o homem, e de um animal “irracional”, no caso o golfinho. E, desta interação, surge uma dúvida: o homem compreende os golfinhos ou são eles, botos, que se aproximam da dita mente racional humana?

***

Então, o grande questionamento resultante é se a racionalidade humana é uma dádiva ou um castigo.  

***

Vejamos... neste planetão azul, a racionalidade é o que difere os hominídeos das outras espécies. A racionalidade é a propriedade de utilizar elementos da lógica e dialética em pensamentos sequenciais até atingir uma conclusão embasada em conceitos criados através dos milênios da mente instrumentalizada. Ou seja, através do conceito racional o homem estabelece regramentos de convívio, transforma elementos naturais oriundos da Terra em produtos manufaturados e artificiais que não mais são aceitos no processo orgânico terreno (como petróleo em plástico, a pedra em concreto, a água em tinta etc), se torna a única espécie que produz o conceito de lixo, de guerras, que solta bombas químicas e defeca na água que bebe. E, sob esta ótica, a racionalidade é um castigo.

***

Contudo, há dois aspectos que tornam a racionalidade uma dádiva, que são a arte e o esporte. É neles, arte e esporte, que o suprassumo da vida e do amor são reduzidos em belas ações, em competitividade sadia (pois a única forma de competitividade sadia entre os homens é o esporte), em quadros, músicas, arquitetura que se assimilam à flor que abre, às cores dos bichos, à música das baleias e aos ninhos dos pássaros... Assim, em toda manifestação humana embebecida de amor e outros sentimentos que conduzem a breve passagem dos homens niilisticamente ao esquecimento, a arte e o esporte são o que há de dadivoso em nossa mente dita superior e “racional”.

***

Neste ínterim, ao indefinir a racionalidade como boa ou ruim, também não conseguimos definir a essência humana, já que a mente precede (e propaga) a existência. O homem é bom ou ruim por natureza? Qual é a nossa saga e nossa sina como espécie e para onde conduzimos nossa genética que, muitas vezes, nem parece natural como a dos animais e plantas que pela Terra insistem em brotar.

***

E neste breve post, movido pela racionalidade e intencionado à conclusão, como praxe humana, penso que a natureza do homem não pode ser apontada como boa ou má, mas sim o conjunto de ações individuais de cada elemento que compõe a espécie. Temos homens belos e, outros, bélicos. Temos artistas e temos arteiros. Temos pacificadores esperançosos e tiranos egoístas, mas nenhum deles consegue resumir sua espécie, que incógnita, viaja pelo espaço-tempo a transformar seus arredores, sem destino nem ponto de chegada.

***

E, entre uma era e outra, momentaneamente, o homem para numa breve pescaria com seus irmãos nadadores golfinhos. Entre eles, muito mais que simples tainhas: o segredo nunca revelado da humanidade.
A bondade e a maldade são, também, como a própria existência da mente que os julga, ilusões passageiras.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

MARS ONE


Fiquei sabendo dum projeto da empresa holandesa Mars One, do alemão Bas Landsdorp, que consiste em um interessante concurso que contempla os escolhidos com uma viagem só de ida a Marte, o planeta vermelho.
Segundo a ideia, serão selecionados 24 "felizardos", homens e mulheres, que terão a missão de cultivar seus alimentos, reciclar a água congelada marciana e se reproduzir, que pra mim é a mais simples e prazerosa de todas elas, missões.

***

Diz o projeto que os contemplados passarão por treinamento físico e psicológico e que os astronautas ex-terrenos já sairão daqui casadinhos da silva. Ou seja... o cara paga taxa de inscrição, sai pra uma superaventura dessas, pra nunca mais pisar no solo da Terra, passa por mega-adversidades espaciais, tem que viver pra sempre dentro daquelas desconfortáveis roupas astronáuticas com capacete de aquário e, além de tudo isso, já vai levar mulher de casa.
Tem que estar muito de cara com a vida pra aceitar uma indiada destas.

***

Aí o Paulão chega em Marte.
Viagem longa, descabelado.
Mulher bafuda e brava, com ciúme da astronautinha bonita.
A paisagem, pedras vermelhas em todas as direções.
E uma casinha robótica, com água de mentira e comida enlatada.
Já na primeira semana, sem notícia do Corinthians, o Paulão está astronauticamente chateado.
A Terra lããããã longe, aparece de vez em quando no céu.
Não chove.
Não venta.
Não tem feira de domingo nem cerveja na praia.
O dinheiro pago pelo alemão não tá com ele, lógico, pois ali não existe banco nem valores agregados nem preços.
O dinheiro ficou na Terra, com a ex e o seu novo macho dominante.
Passam-se dias, meses, anos sem fazer a barba.
De repente, barulhos cósmicos.
É uma nova tripulação chegando...
Naves pousando categoricamente.
[o pouso eterno.

Delas, começam a sair pessoas que atraem a curiosidade dos antigos astroloucos terráqueo-marcianos.
Brancos, pretos, índios e americanos.
Os novos turistas pra sempre são de várias nações, sexos, religiões...
Mas entre eles, Paulão reconhece alguém sob o escafandro espacial.
É sua sogra, e ela não veio pra passear!

***

E se já houver marcianos lá, à espera dos novos habitantes?
Haverá disputa territorial.
Troca de casais, adultério, miscigenação.
Vai surgir um povo híbrido, que se dividirá em castas.
Uma nova pirâmide social, dominada pelo clero e pela monarquia.
Inventarão uma moeda de troca nova, o $olar!
Criarão bancos e mercados.
Em breve, ninguém mais precisará das antigas roupas e oxigênio da Terra.
Em várias gerações, os marciominídeos nem mais lembrarão da existência do planeta azul.
Vão achar que vieram do macaco-marciano.
Que veio do fogo.
Que veio do sol.
E, em pouco tempo, com Marte em ruínas, buscarão habitar um novo planeta vazio.
Saturno, talvez. Quem sabe Urano...
E terão uma leve sensação
[uma leve e certeira sensação

De já terem passado por isso em algum momento.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ELE CRIA PASSARINHO


Ele cria passarinho
Da gaiola fez o ninho
E agora não sai de casa
Meio doente da asa
Meio–dia pega o sol
Ele já foi foi rouxinol
E cantava no telhado
Agora engaiolado
Num pequeno apartamento
Solitário sentimento
Repentina porta abria
E a Margarete saía
Noutra ida no mercado
Porque o pão tinha acabado
E o alpiste tá no fim
Uma gaiola é assim
Tão sem rima, tão sem graça
Não se queixa, o tempo passa
E ele cria passarinho...

A MÃE MAMÍFERA

A mãe mamífera
Mama mamãe mamífera
Muito mais mamara antes
Em outras tetas gigantes

A teta da vó é teta
Tão teta que a teta partida
[da bisa e da mãe da bisa
Mamantes mamosas idas

Agora esta teta clama
A bocaberta do bicho
Mamando o mimoso mimo

Da vida, leitosa, infinda.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

TALVEZ ALGUÉM


Eu vi uma mulher, incorporada por um espírito, chorar por uma vida que já passou...
Ela dizia que era homem, que lutara no Contestado, que queria sair de um buraco.
Outra chorava pela mãe, que a havia abandonado.
E aí a mãe apareceu, em outra médium, chorando pela filha...
Se deram mãos e se abraçaram, como num emocionante reencontro...
E eu fiquei pensando onde é que andavam

[e andam

essas almas desencarnadas?

***

Será que existe um lugar?
Uma casa, uma morada?
Onde descansa a pobre alma
Desencarnada?

Será que é sala de espera
Com sofás, revistas de fofoca
Será que tem ventilador,
Secretária e pipoca?

Um dia eu sei, vou pra lá
Vou chegar de madrugada
Uma mala, um bom livro e um violão
Será que dá pra levar coisas para o nada em vão?

***

O médium curador operou sem corte, fez reverências, girou e falou numa língua estranha...
E sanou um câncer de próstata...
Outro voltou com recado do pai, da dívida, da mulher traíra...
E eu pensei no que eu vou levar pro mundo dos espíritos...
O que, desta vida breve, irei chorar, buscar, procurar?
O que de fato eu levo desta minha passagem insanamente humana?
E
[talvez mais importante

trago eu dos outros corpos pelos quais morri?

***

Pra mim, não existe morte após a vida.
Todas as coisas estão relacionadas...
Carmas e darmas infindos, amores que vão e vêm
Talvez tenhamos essência...
Talvez sejamos ninguém...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

TOMARA QUE CAIA

A rocha Kjeragbolten fica na Noruega a mil metros de altura...
Rochedo cai-não-cai...
E a galera
Como se querendo desabar ou desafiar sei-lá-o-quê!

Um dia a rocha cai
E aí vancê vai ver!

O AMOR E A LEGO

Eu vi o Jojô e o Pepê brincando com Lego e isso me fez refletir...

[na real, muitas coisas - e às vezes mínimas coisas - me fazem refletir, nesta mente altamente reflexiva, inclusive duas crianças brincando com Lego.

Mas, como dizia eu, os guris brincando com Lego me trouxeram uma reflexão sobre a humanidade e, muito mais importante

[para mim

sobre eu mesmo.

***

A Lego, que vem do dinamarquês leg godt (brincar bem), foi criada na década de 30 por Ole Kirk Christiansen, e ainda hoje é um sucesso mundial. Consiste em vários brinquedos divididos em partes desmontáveis, com as quais se criam castelos, carros, pistas e o diacho a 4.
Mas o que eu acho mais interessante são os bonecos que, embora feitos de partes diferentes, resultam em peças sempre semelhantes.

***

Eu lembrei dos alunos do Direito, que eu associava aos bonecos Lego, pois mudam cabelo e roupa mas são sempre iguais.

***

Mas não é só com os alunos do Direito que isso acontece...
Os Legos se repetem em vários clãs, várias tribos, onde seus elementos se identificam e se assemelham entre si, escolhendo vestimentas e cortes de cabelo similares para estarem, digamos assim, associados e reconhecerem-se no meio da multidão eclética e multifacetada.

***

No Carnaval o cara começou a usar chapéu Panamá.
Os góticos de preto.
Os maias com taidai.
Os jogadores de futebol, médicos, advogados...
Os biólogos, os rastas, os políticos e os vendedores.
Na verdade, são microssociedades dentro da mesma sociedade.
Uniformizam não só roupas, mas maquiagens e gírias.

[muitas gírias que formam pseudo-idiomas novos

E são facilmente identificados onde quer que passam.

***

Claro que este conceito Lego é limitador, pois a verdadeira essência do ser independe de sua aparência.
Eu mesmo já vesti gravata, taidai, pintei o cabelo de azul e fui da moda colona.
E hoje eu fico questionando o que minha vestimenta representa.
Quem me vê passar me encaixa também em alguma "tribo", mas eu, hoje, não sei de que tribo sou.
Então eu descobri que minha essência, embora limpa como a água do rio

[que suja e volta a limpar

minha essência também é mutável.
Eu já acreditei em tanta coisa que não acredito mais...
Já fui de tanta tribo extinta da face da minha mente...
Mas mesmo assim, ao olhar a meu redor, percebo pessoas diferentes, mas com alguma afinidade ou semelhança àquilo que acho que sou agora.
E reparei que fui injusto com os Legos do Direito.
Injusto, pois todo mundo é Lego.
E o que importa não é nem a aparência nem as crenças nem a essência do ser.
O que importa é dar fluxo ao amor, perfume insubstancial que une todos os seres.
O amor é o único bem que quanto mais a gente reparte, mais tem.
Diferente das peças do Lego, que quanto mais a gente reparte menos pode fazer.

***

Então ame com afã
Independente de seu clã!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

MATEMATIC

O presente é igual à soma de todos os passados...

PELADEIRO

Ele era o rei da grande área
No campinho da Polícia Rodoviária!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

ETERNIDADE

Era uma vez um relógio perpétuo!

terça-feira, 30 de julho de 2013

NOME 168

Meme J.
Escritora americana com incontinência urinária.

LOBISOMEM DO SUCO


Essa noite eu sonhei com lobisomem e lembrei do Baixinho do Suco.
O Baixinho do Suco é um cara todo peludo... parece o Tony Ramos, mas é o Baixinho do Suco.
Ele tem cabelo nas costas, orelha e nariz, sem contar os braços e pernas cabeludas... a ilha perfeita pra piolhada...
Mas a cabeça é careca, vê se pode!
Agora, o mais bacana de tudo é que a mulher dele raspa a nuca dele
[e parte das costas

E aí ele fica com aquela meia-lua raspada na nuca que é pra não fundir a cuca, não dar cheiro ou sabe-se lá porque!!!

***

Então eu fiquei pensando, acordado, no tal do lobisomem.
Imaginei o lobisomem real, homem comum de dia, monstrengo de noite.
E poderia, inclusive, ser o Baixinho do Suco.
Que nas noites de lua cheia sai por aí à procura de um pescoço.
E acorda com a roupa rasgada e fios de seda no meio dos dentes!

***

Aí o lobisomem vai numa entrevista de emprego.
Como o patrão viajou e tá cheio de compromisso, ele
[em seus motivos patronais

marca a reunião pra noite.
Aí o homem-lobisomem-Baixinho do Suco, forte candidato à vaga, senta à sua frente.
Só que o papo rola, a entrevista demora, o Baixinho vai contando suas especialidades, o patrão vai mexendo no seu i-phone 8 e o relógio vai andando...
A cada volta do ponteiro, o Baixinho se coça...
Sente que em poucos minutos não será mais ele, pitoresco homem com pelo raspado na nuca, mas sim um bicho terrível, comedor de carcaças com bafo de açougue.
Só mais uma pergunta, e mais uma, e outra.
Até chegar o momento inevitável e insuportável do Baixinho virar um lobo.
E ele começa a gritar... a roupa a rasgar... a unha a crescer, assim como o pelo da nuca se repõe...
E o Baixinhosomem salta sobre o patrão de terno e o come, bem comido, como se fosse uma coxa de galinha.
O Baixinho fica sem o emprego e outra muda de roupa.
Volta a vender suco de dia, no estacionamento.
Com uma vaga lembrança de que comera alguém importante, um patrão com i-phone 8.
E, assim, relatando à sua mulher depiladora, ela se enche de orgulho...
Lhe faz um cafuné, passa sabonete nas costas e o depila novamente

[incansável e apaixonadamente...

Sem saber se tem sorte ou azar, privilégio ou pena...
E amarra seu Baixinho no quintal, até passar a lua cheia.

***

Mas na próxima reunião
O Baixinho já sabe de antemão
Vai confessar sua melhor profissão:
Lobisomem!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

UM HOMEM SOLITÁRIO


Perdido num ponto entre a liberdade e o conceito, resta ao homem solitário, frente à dúvida e o acaso, a sobrevivência.

[como todos sobrevivem

Iludido pelo fracasso e pelo êxito, receoso a cada nova dúvida... Quem vai e quem fica neste mundo tão escuro e belo? O que esperar do amor? Este amor que ao mesmo tempo é glória e ruína; que se torna cinza pelos métodos e vira apenas mais uma responsabilidade nesta vasta carta social...
Ele percebe, então, que a solidão é tanto caos quanto porta aberta... que nascera nu e morrerá sozinho, e que tudo entre estes dois acontecimentos, nascimento e morte, é ilusão regada de vontades transpassadas por gerações, impregnadas na genética do lobo por outros lobos, solitários como ele, enganados, como ele, pela falsa noção de eternidade...

***

A vida
É um curto-circuito entre duas eternidades de escuridão.
O nascer então é o estopim do brilho
E o morrer não merece as cínicas verdades de uma tarde de velório...

terça-feira, 23 de julho de 2013

O ÍDOLO E A VACA

O homenageado ganhou uma vaca.
Surpreendentemente premiado, ele achava que ganharia um troféu, uma placa, mas enfim... ganhou uma vaca.
Na cara dos organizadores do evento, a alegria de premiar um ídolo.
Ele, ídolo, muito educado (como é de costume dos ídolos, não?), sorria.
Mas no fundo, andava ele preocupado com o que faria com aquele leitoso bônus!
Uma vaca!

***

Ele abraçou e beijou a vaca.
Fotos de todos os lugares... flashes mais flashes...
Ele e a vaca, a vaca e ele.
Ele amareladamente mostrava seus dentes.
Ela apenas ruminava, mexia a cabeça vacosamente, mas mantinha-se em silêncio, comportadamente, afinal de contas, era o Grande Prêmio.
Ela, a vaca.
A música tocava...
As pessoas brindavam.
Aos poucos, os convidados iam abandonando o lugar.
Quase todos, até restar uma meia dúzia de fãs (os maiores fãs do maior ídolo da maior vaca).
Era o momento ideal.
O ídolo foi ao banheiro.
No final do corredor, deixara uma pequena janela aberta.
O vento entrava com sussurro de fuga pela tal janela.
O ídolo não fora mais visto na cidade.
E no final do evento, restou apenas a vaca.
Comportadamente ruminando.

***

Noutro dia, dezenas de cagalhões na sala de entrega do prêmio bovino.
Quem encontrou a vaca deitada e seus cagalhões foi a Carmem, da limpeza.
Que não era fã do ídolo.
E diga-se de passagem que o ídolo perdera vários fãs por ter abandonado a vaca.
E esse é o fim (se é que existe fim) pra esta breve história.
Uma história sem muita moral, mas muito leite.
Era isso.
Grande abraço.
E boa noite!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

NÃO DIGA NEM FALE


Não diga jamais que ela desafina
Não fale do sal do seu feijão
Há pouco tempo ela era menina
De saiote e sorrisão

Não diga que é tarde para amar, garoto
Não fale das unhas que ela coloriu
Talvez aquele outro coração tão roto
Seja como um cristal que já ruiu...

Não diga mais nada
Palavra, flecha partida
A frase cruel, se fora guardada,
Resta envelopada como a despedida...

domingo, 14 de julho de 2013

ÍNDIOS DA REDENÇÃO


Os índios da Redenção
Vendem orquídeas pelo chão
E cantam cânticos de lendas
Por moedas de cincoenta

Os índios não falam inglês
Um idioma, talvez, esquecido pelo tempo
Avenida repleta, homens vazios
O pardo escravo, branco cio...

Um pássaro
Mais perfeito artesanato
Índiga estatueta, muito mais que um fato
Olfato, um sentido
Uma flor no asfalto 
No sol de domingo...

SEI DE COR

Uma chuva, trinta e quatro primaveras
O mundo no telhado
As cores do jasmim

Ele mora dentro do presente
Ponto onde todas luzes se convergem
O vidro opaco te transforma...

Eu sei de cor
Escutando o som da água na janela
Eu sei das cores que ainda vestem ela
Aonde estão os sonhos meus?

Eu sei
Eu ando ouvindo algumas frases prontas
Que para um poema não dão conta...
São frases soltas, sem ninguém...

Porém,
O ponto onde encontro esse desfecho
Do teu vestido eterno como este momento
Ao som da chuva na janela...

FODA-SE

Liberdade é apertar o botão Foda-se!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

PEDRA MARRONZINHA


Quando eu era pequeno, o mundo era muito maior.
Meus colegas de colégio, também pequenos, observavam o mundo assim como eu...
Aquelas professoras gigantes e poderosas...
A diretora brava...
Os imensos corredores, árvores do pátio...
Tudo era super-significante...

***

No final de ano, a turma preparava uma peça de teatro pra apresentar aos pais.
Era aquela grande confraternização...
Carros e mais carros no estacionamento...
Barulho de gente...
E a criançada tensa ao ver chegar rapidamente a hora de estrelar.

***

Naquela peça tinha lenhadores, lobo e menininha...
Tinha padre, professor e médico alucinado.
Vários papéis de destaque...
A criançada brilhava, os olhos dos pais brilhavam, a fivela do cinto do diretor brilhava.
Só que pra mim sobrou um papel não muito interessante: a Pedra marronzinha.
Eu era a pedra tão quieta quanto participativa...
Permanentemente no canto do palco, louca para ser amada em sua eterna vida pedrática!

***

Eu acordei com uma dor incrível na nuca.
Talvez fosse a sobra da supergripe que peguei...
A mãe das mães dos vírus.
Então, enquanto a dor me incomodava a parte traseira-direita da cabeça, eu olhei pros meus filhos...
Eles acordavam lentamente, tomando tetê...
Eu olhei pra Nena na cama e pensei:
E se eu estiver morrendo?
E se eu estiver de fato chegando ao fim?
Então pensei nas coisas que faço hoje... minhas ocupações e objetivos na vida...
Percebi repentinamente que meu cotidiano é repleto de bobagens...
De coisas e missões que eu realmente não acredito!
De pessoas chatas...
[talvez tão chatas quanto eu!

E concluí que, se eu tivesse certeza que estivesse morrendo,
Poucas das verdades que me cercam seguiriam comigo!

***

Na real, a falsa sensação de eternidade é a pior forma de perecimento.

***

Se me restasse poucos dias, eu deixaria de fazer quase tudo.
Trabalhar, bater ponto, projetos inúteis...
Pra quê cronogramas e objetivos?
Pra quê construções?
A morte, na verdade, representa a liberdade de todas essas limitações...
De todos estes intuitos humanos...
De toda essa estúpida forma de organização social, chave de casa, carteira de identidade, contas...
Niilismo... O nada... E Nietzsche que se vire no caixão!

***

Estar vivo é estar preso à peça insossa e infinda.
Uma peça onde julgamos ser os atores principais...
Diariamente principais...
Cheios de razão e verdade, de metas e conquistas...
Importantes egoístas à espera de sucesso... cada vez eu quero mais, como diz aquela infernal e psicossomática música carnavalesca...
E não reparamos aonde está o fim...
[a lógica inexata do fim, onde aplausos são desnecessários...

E persistimos grandiosamente em cena,
Brilhando, como a fivela da profe...
Pensando ser o doutor, o pai, o lobo...
Sem perceber que neste finito lapso que chamamos vida
Ser a pedra marronzinha é uma dádiva de simplicidade...
E permanecer sereno, observador

[de canto!

É um privilégio disfarçado de demérito...
Assim como a vida, tão rápida e fugaz,
Se disfarça de eternidade...
Para que nunca saibamos, em nossa pueril mente insana,
Que a peça está chegando ao fim...
Juntamente ao complexo mundo que formamos em nossa volta...

***

E como não crer nas utopias
Se a vida de verdade parece tão inverossímil?

EIJO

O beijo
Quase não cabe no queijo...

INÉDITA CICATRIZ

Inédita cicatriz
Num concurso de miss.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

MÁXIMA DA CONQUISTA

Conquistar um amor é uma barbada.
Difícil é reconquistar o mesmo amor!

domingo, 7 de julho de 2013

ONLIÚ

O Nenê Oxley era o professor pardal da galera. Sem grana pra fazer grandes investimentos em sua sapiência experimentativa, o Nenê engembrava, por assim dizer, mas não desistia de suas invenções. Era praticamente um MacGyver morando na rua Guaíba... e todas as suas criações terminavam amarradas com arame.

***

O Nenê também tocava contrabaixo na MS Band, que foi sucesso total nos bailes das décadas de 60 e 70. A MS Band fazia covers de Beatles e Elvis Presley como ninguém...lotava os salões e a poeira levantava sob as saias brasa-moras e as calças boca-de-sino.
Mas o mais surpreendente de tudo isso é que ninguém na MS Band falava inglês, mas todos cantavam em inglês. O segredo era a Sônia, mulher do Nenê, que ouvia as músicas inglesas e escrevia num português soniático (ou era inglês nenista?), ou seja, uma tradução aportuguesada com neologismos homofonéticos das letras saxônicas (uau!).

***

Onli-ú
Ken meiqui au dãs urold sim ráit
Onli-ú
Ken meiqui dê darquinés braiti...

***

Mas a MS Band era boa mesmo, tão boa que músicos de todos os lugares, quando vinham pra Pelotas em turnê, contratavam a troupe do Nenê para banda base. E foi assim que os The Platters chegaram aqui no Paralelo 30 pelos idos de 1970, ciceroneados pelo Nenê Inventor-baixista e a Sônia, a única da galera que “falava” inglês.
Numa curtida de tarde, eles levaram os Platters pra conhecer o Laranjal. Mas na Adolpho Fetter, o jipe-inventado do Nenê estragou... No acostamento, várias (e improfícuas) tentativas de girar a chave... O Nenê e a Sônia se olhavam... os Platters se olhavam... E quando os olhares latinos e americanos se cruzaram, a Sônia falou:
Vocês ken pãch?

***

E lá foram os Platters empurrar o jipão do Nenê na direção de Orange Beach (o Laranjal da Sônia).

***

O Papa, já cansado de sua superprotegida vida papal, pediu (ou ordenou?) ao seu motorista que o deixasse dirigir, ao menos uma vez, aquela limosine.
Sem ter como negar um pedido de sua santidade, o motorista deixou.
O papa engatou a 1ª, 2ª, 5ª e se tivesse 8ª, engataria.
Em poucos minutos dirigia (santificamente) a 240km/h na autostrade  per l’Italia.
Um policial rodoviário saiu em perseguição...
Luzes azuis e vermelhas... sirenes no retrovisor do papa-Senna.
Papa-Senna no retrovisor...
Encosta... encosta...

***

Quando da abordagem, o policial ficou assustado e ligou imediatamente para o delegado superior.
É que eu abordei um sujeito que é muiiiiiiito importante chefe... não sei o que eu faço.
Como assim muito importante?
Muito chefe, muito importante.
Mas quem é esse sujeito afinal?
Olha... quem ele é eu ainda não sei, mas pro senhor ter uma ideia, o motorista dele é o papa!

***

Aqui eu imaginei essa anedota acontecendo com o Nenê.
Os azuizinhos de 70 chegando pra fiscalizar aquele jipe pifado.
Ligando pros superiores, dizendo que o cara do jipe era quase que inabordável.
Por quê? Só pro senhor ter uma noção, quem tá empurrando o jipe dele são os The Platters!

***


Esse cara é o Nenê.

sábado, 6 de julho de 2013

O GATO ABANDONADO

O gato abandonado
Mia pra encontrar alguém 
Que não quer ser encontrado...

sexta-feira, 5 de julho de 2013

TE MANDO UM BEIJO

Te mando um beijo pelo ar
A viajar pra te encontrar 
[numa esquina qualquer

Te jogo um beijo
Como quem joga uma flor
Tão incerto quanto irresistível

E ao chegar na casa tua
Ele, o beijo, toca tua pele nua
E descansa, o beijo, nas entrelinhas de tua saudade
Como se não houvesse dia
Como se não houvesse humanidade.

terça-feira, 2 de julho de 2013

AJUSTANDO A MANHÃ

Dia frio
Um qualquer
Ajustando a manhã
Mostra o sol
Eu girando vou te ver
Pelo céu a brilhar
Como aqui, na manhã,
Basta à luz
Teu sorriso aparecer...

Quando for, então,
Se deitar este sol
Madrugada vai buscar
O que ficou, riso teu
Em canção, um poema no silêncio

O teu rosto se repete
O sol se repete
Dia frio
Um qualquer
Ajustando
A manhã...

SALA DE JANTAR

Uma cena
Obscena
Obtusa, uma confusa sala de jantar

[ela trocou identidade por desejo
Ele queria sempre mais...

Até que um dia
[ao voar sobre o trigal

O que era eterno fez-se claro
Como a lua de cristal
Um passeio, talvez um breve reencontro
Algo que pode significar...
Outra esfera, outra resposta
[oblíqua

Voando no tempo como voo agora
[sobre este trigal

Um campo tão vasto
Pão ainda pasto
A dançar pelo vento que trago pelo voo

A carne tão passageira
Uma verdade de ninguém...

Abro a porta
Obscena cena
[sala de jantar

Ele mostrou a identidade por desejo
Ela apenas lhe sorriu
E, como o velho sonho, de outro sonho partido,
Também partiu...

domingo, 30 de junho de 2013

CINE-EU

O Dico e o Nando me falaram que, quando eles eram pequenos, nos remotos idos da TV em preto e branco, havia um macete (da série Truques & macetes) de sobrepor à tela um pedaço de papel celofane colorido (as TVs mais modernas já vinham, inclusive, com pequenos e especiais ganchos para prender o papel celofane, pode?). Então, magicamente, a imagem se tornava colorida...
O papel celofane, além de colorir os filmes do Batmasterson e os jogos do Pelé, era o anúncio de que a tecnologia estava a galopar a passos largos rumo aos dias de hoje...
[se é que alguma vez a tecnologia não tenha cavalgado a passos largos.

A tecnologia não desmonta o cavalo...
A tecnologia está condenada ao cavalo, assim como São Jorge!

***

Pai do Alex jogou toda pipoca pro alto da primeira vez que sofreu um ataque bombástico dos avatares de sua nova TV 3D.

***

O Alexandre quer comprar uma TV que faz até cafezinho e fecha palheiros como ninguém. Que tem o controle remoto que acompanha o olho do espectador; que acompanha até os pensamentos do espectador, com wi-fi conectado no sofá. Ele quer uma TV que diga as notícias antes dos fatos, que o resultado do jogo apareça antes do sorteio da tabela e que pegue internet, óbvio... e que loucura deve ser o encontro da TV com a internet!!!

***

A TV, pra mim, foi o invento mais sedutor (e poderoso) da humanidade. Aí alguns vão dizer: e a roda? E o fogo? Ora... a roda serve pra nos levar mais rápido pra frente da TV e o fogo serve pra climatizar o ambiente antes do jogaço das 9.

***

Agora, como surgem novas tecnologias, eu também tô pensando em inventar uma TV. Mas não uma TV qualquer (daquelas com botão girador de 12 canais e antena de mosquito), eu tô a fim de inventar uma TV inédita, que seria a sensação do momento... seria tão tentadora quanto irresistível... o ápice da raça humana... o sonho de consumo de toda família moderna... só que eu ainda tô pensando que irresistibilidade seria essa... onde é que eu pego essa tal humanidade?

***

Eu pensei em criar uma TV que mostrasse ao espectador um filme sobre si mesmo... que revelasse seu passado e, como no mesmerismo e na psicanálise, o catapultasse pra uma análise única e exclusiva de sua personalidade, tão profunda e intensa, tão reveladora, que depois de assistir ao seu filme nunca mais a pessoa seria a mesma... Ela teria consciência de seus traumas, vícios e virtudes... seria uma superpessoa! Ela entenderia seus defeitos e limitações e sacaria (em uma só sessão do Cine-eu, é... Cine-eu... esse aí é o nome do programa das 10), de imediato, sacaria, todo caminho de sua vida ante a luz nem tão retilínea do que chamamos destino...
O espectador sairia da sala com cara de zumbi... a mulher assustada na cama... que cara é essa? Que foi que aconteceu homem-de-deus? Fala-homem! E eu sei de tudo seria uma resposta recorrente; eu diria que recorrentemente avassaladora.

***

Eu vou falar com o Helio di Pinho pra gente patentear esta TV.
O meu único receio é de que ninguém queira conhecer a si mesmo e prefira seguir utilizando falsas máscaras... falsos artifícios.
Como um papel celofane na frente do televisor.
E prefira ficar sempre com novas ilusões de velhos canais...
[violentas e fictícias programações que não permitem desgrudarmos desta (magnífica) caixa pandorística...

Pois entrar dentro da TV é bem mais simples que entrar dentro de si mesmo...
E a novela é bem mais interessante

[que a vida aqui do lado de fora da tela.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

POEMA PEDRA

Cest le concrete poeme
Concreto e armado
Com 4 pés no chão
Como um gato
[e cai ereto

Um contemporâneo
Jovem que talvez não se finde hoje
[nem amanhã

Aqui, neste papel tão branco
Cheio de esperança
[que o poema nasça

Em sua papelidez...

Um poema na areia
Estático, sintático e opaco
Saindo de sua (confortável) esfera abstrata
Que o conduzia até então
Por ondas azuis...

Um poema que vira pedra
Silencioso e vivo
A vidraça estilhaçada
Os cacos no chão por um poema jogado
[tão gratuitamente jogado
Que restou vago,
Como se não tivesse sido.

TERRA: QUEM POSSUI A ESCRITURA?


Um colono judeu se retira com a família lentamente do assentamento em Homesh. Deixa uma vida para trás... olha tudo o que construíra sobre os ombros pela impossibilidade racial de sua ali presença. No outro lado do mundo, um mexicano é morto ao tentar cruzar o muro de 3.140 km na divisa com os EUA... No mesmo instante, no Brasil, uma outra muralha é levantada sob a Ponte da Amizade para separar as economias tupiniquim e paraguaia. No Golfo, xiitas iraquianos preparam uma emboscada letal para crianças sunitas, enquanto que em Berlim, um neonazista espanca um negro na calçada, onde antes ficava a muralha que dividia os olhares do ocidente e oriente.
É manhã no Laranjal. Um Jorge Drexler toca enquanto olho a chuva na janela. Tudo parece estar esperando a água parar... Mas a Terra segue girando na grande janela das dimensões, filha do tempo... E em sua linda pele verde-azul, todos os seres convivem. Penso nos grandes predadores, nas sagas das espécies, na cadeia alimentar como representação da harmônica relação dos animais, que respiram a contemplação de sua curta e finita existência almejando nada mais que um bom ninho, um parceiro da procria e uma comida satisfatória, já que a gula e a angústia não cobiçam os “irracionais”. Eles não desejam mais do que precisam, não destroem a mata que lhes dá abrigo e ar nem poluem a água que bebem. Alguns estipulam fronteiras, sim, mas baseados apenas no instinto de proteção de seus aspirais genéticos, ao contrário da racionalidade do homem, o único ser vivo que produz lixo e delimita espaços com sua vil noção de “propriedade” e raça.
Proudhon dizia que “a propriedade é um roubo” e, de dentro do contexto social desta afirmação há, contido, um significado cosmológico também. A Terra não pertence ao homem. O mundo não foi “feito” para que tirássemos o máximo de proveito dele, com um desespero consumista e um desrespeito generalizado com o milagre da vida, com as gerações vindouras, com as espécies que por todo globo se espalham, cada qual com sua beleza-viva. O planeta não é da burguesia, mas também não é da prole. Não é dos chineses nem dos hindus. Deus não é americano nem islâmico nem judeu. Deus é uma flor, um rio, um sorriso e todas as manifestações de amor e de solidariedade. É os milagres que acontecem nas entrelinhas de nossa mecânica e opaca percepção... milagres são naturais, ora bolas. Eles acontecem sim... a própria água limpa que tomo agora não me veio da torneira, como dizem. Veio do sangue da Terra, da vontade dos ventos, do mágico céu que não suporta gotas e onde voam os aviões. E enquanto agora um botão de flor se abre, cientistas aperfeiçoam a bomba H.
O que falta então ao homem para alcançar um convívio de paz? Como alcançar uma vivência harmônica, não-violenta, onde o homem perceba que as fronteiras fazem parte apenas de seu imaginário? Como correlacionar o meu direito ao direito do outro sem haver agressão? Talvez a simples resposta esteja dentro de cada indivíduo, pois cada um pode fazer a parcela que julgar necessária sem cobrar de seus espelhos-irmãos. A cada um cabe derrubar os muros do preconceito e da intolerância que traz na alma.

***

Penso, então, no que é de fato uma revolução.
Toda revolução vem de dentro...

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CEST FINE

No final
Saberei se houve, realmente, um fim...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

MORRINHA

Fiz uns exercícios
Com um poema amigo meu
Cinco quilos de palavras de um lado
Treze rimas sobre a barra

Mas o grande problema
[meu

É que a academia
Tem uma morrinha
[permanente


Talvez é que eu não aguente
O cheiro de uma carta pronta
[uma música pronta

Não suporte ver tão pronta
[tão pronta e tão acabada

Que não há mais nada
Que possa acontecer a ela...