sábado, 15 de março de 2008

VIDA E POEMA


O Sol
Troca de turno com a Lua
Para alegrar minha retina...
Enche de cores o mundo, bendito Sol,
Enquanto a Lua traz estrelas pontilhando o céu

E o que resta aqui embaixo?
Ao não poder tocá-los, os mantenho na ilusão
Onde posso tudo
Até mesmo encerrar sem lógica
A vida de uma poesia...

quarta-feira, 12 de março de 2008

COISAS ANTIGAS


Não gosto muito de coisas antigas
Principalmente das que sobrevivem ao tempo

Os jovens velhos,
Os conhecimentos inúteis,
[arcaicos caminhos a lugar algum
Pontes tridimensionais a objetivos individualistas...

A feia mulher bonita,
As notas amassadas de dinheiro sujo,
O sarcasmo do poder...

Tudo tão cheio de pó,
Um acúmulo de pensamento estático
Que até nas coisas minhas têm poeira...
Por onde deixo um rastro derramado
Do que fui
Até o que sou.

DE MANHÃ


Acordava sem falar uma palavra
Como todo mundo acorda
[de boca fechada...

Na frente do espelho
Via que era apenas
Mais um pedaço de nada,

Escovava os dentes
Pra tirar da boca
Os sonhos de tolo, pontes de esperança
Que, na realidade,
Eram apenas dias
Fábricas de rugas...

Beijava seu filho
Como se seu fosse
Brindando o eterno
Que reproduzira

E sua meninice
Que também fugiu de casa
Foi parar no beco
Foi parar na boca
[de ruas banguelas,
mesas retilíneas

Foi pro fim do mundo
Começo de tudo,
Onde encontrara, antes mesmo do meio-dia,
Um tempo novo, de meros pecados

E fechou portão
Seu corpo morria
Uma morte doce
[e intransitiva.