terça-feira, 18 de dezembro de 2007

W00T

Li na net hoje que "w00t" foi eleita a palavra do ano numa pesquisa promovida pela editora norte-americana Merriam-Webster. O termo, comumente utilizado por gamers, refere-se à alegria da vitória sobre o oponente em jogos de PC (we owned the other team, ou vencemos do outro time, em tradução livre) e representa a influência da e-modernidade nas gramáticas do mundo, onde letras, números e símbolos se misturam para fazer os vocábulos.

Eu, particularmente, achei horrível. Não só a palavra W00t, mas também o fato de alguém elegê-la como a palavra destaque do ano. Talvez deve ser porque Harmonia, Amor, Água, Beija-flor, Luz, e outras tantas de igual beleza, não façam mais parte do vocabulário e do espírito do homem moderno.

sábado, 15 de dezembro de 2007

MENESTEDES EMPRESTA, MAS NÃO DÁ

Dizem as más línguas de Uruguaiana que o seu Afonso Menestedes, famoso pecuarista local, voltara diferente de sua tragédia pessoal. Acontece que o avião do seu Afonso caiu numa remota ilha do Pacífico e ele lá ficara até ser resgatado, dois anos depois, por uma expedição da Furg que voltava do Pólo Sul.
Mas o ponto-chave de tudo é que o seu Afonso Menestedes não ficara solito no más na tal ilha: o co-piloto, Carlos Manteiga, outro sobrevivente, lhe fizera companhia.

Seu Afonso... Eu andava pensando - disse o co-piloto -... A gente tá aqui, só eu e o senhor... Há uma ano e meio, sozinhos nessa ilha... sem nenhuma mulher...
Undiéqui tu tá quereno chegar, índio velho? respondeu seu Afonso.
É que eu pensei que a gente poderia, sem compromisso seu Afonso... A gente poderia dar uma bimbada, digo, fazer uma meia, digo... digo...
Tu tá me achando com cara de trator que aceita engate na traseira, xirú? Vamo mudá o rumo da prosa..., disse seu Afonso.

Mas passados dois meses, o seu Afonso pensou melhor e decidira dispor de sua homossexualidade nunca revelada.

Ô Carlos... te aprochegue... Eu pensei melhor e decidi: vamos fazer "aquilo que tu queria", mas eu primeiro.

E assim se sucedeu. O co-piloto Carlos prostou-se e o seu Afonso Menestedes o fez de mulher. Quando chegou na sua vez, seu Afonso se posicionou como uma galinha assada, enquanto Carlos Manteiga se preparava, com afinco, para a cena que dispensa narração. No andar da carruagem, o co-piloto se aproximou e deu um leve beijo nas costas do seu Afonso, para a surpresa do mesmo.

Ôpa... disse o pecuarista... pode parar com tudo... sé é pra ter viadagem, paremo por aqui.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

PÉ-NO-CHÃO

As pessoas
Nas ruas
Estampam, sobre as roupas,
Uma desolação existencial...

Vivem entre as datas em que pagam contas,
Contam a existência em dias úteis de escravidão moderna,
Realizam seu escopo ante a fama de um boçal

[que idolatram na TV
E escondem muitos podres de caráter
Sob a mesma roupa que colore suas caras tristes

[depois, eu é que sou louco por estar de pé-no-chão.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

CONTRAPÉ DO DIÁLOGO

O castelhano desdentado me sorriu e disse que torcia pro Boca! Quando ele falou "Boca", saltou cuspe pra todo lado. É interessante como tem coisas que não combinam com suas imagens, como o desdentado amante do "Boca" (cuspe) e do índio de sapato que eu e o Andrezinho vimos hoje.
Outra coisa que não combina com o nome é a Ambrosia, delicioso doce que tem o nome mais feio de todas as mesas. Mas esta substantivada postagem nasceu como uma ponte para que eu chegasse ao assunto que queria: o contrapé do diálogo.
O contrapé do diálogo é quando uma resposta chega antes da pergunta, é quando o não se veste de sim e quando o ilógico domina as teias da percepção racional, como aquele tio gordo que deita no sofá da sala pra ver o jogo do Curíntias.
Um dia, eu estava na frente de casa, esculpindo. Não que eu seja escultor, nada disso. Minha mãe e meu pai é que são! E dos bons, pois fizeram a coisinha querida que vos fala. Mas eu tava era rateando, bolando um número da casa num pedaço de pau, a finzaço de parar de enlouquecer os carteiros, quando estacionou um carro da ViacaboTV. E eu, que há horas assinava a ViagatoTV, fiquei só de bico nos caras que descobriram minha ligação clandestina.
Ôpa... boa-tarde, disse um deles. Eram 3.
Ôpa... e daí!? respondi eu, sem parar de esculpir e fazendo de conta que ele era um cara do Censo e tentando pensar rapidamente no que eu faria.
É que a gente reparou nesta sua ligação aqui... E ela é clandestina...
Sim, é clandestina sim... Disse eu.
Pois é, falou ele meio sem jeito, não entendendo minha tranqüilidade. É que a gente possui vários planos de assinatura...
Mas eu não tô a fim de assinar, respondi. Eu tenho de graça cara, quando eu quero. Além do mais, não vou discursar pra ti sobre o papel emblemático da mídia na desgraça social brasileira, nem vou te falar dos preços exorbitantes que vocês cobram por esta merda. Faz o teu papel aí mano, e podes cortar minha TV, que quando eu quiser, ligo de novo.
O cara me olhou e disse: Tudo bem, nós vamos cortar. E puseram a mão na massa, como diz o gaúcho.
Eu entrei em casa como quem ia dar uma mijada e respirei fundo. Olhei pela janela e eles estavam recolhendo o cabo que eu havia comprado na Eletrônica Shop por 50 pilas.
Hei hei hei... Pode parar aí manito. Este cabo é meu! Comprei e tenho nota, falei.
Mas é política da empresa recolher os cabos, falou ele, já se encolhedo como um pinto no frio.
Mas a política da SUA EMPRESA não pode lhe dar a liberdade de retirar o MEU CABO, que eu comprei com MEU SALÁRIO. Isso que vocês estão fazendo é roubo! ROUBO! Vou chamar a polícia!, esbravegei e entrei pra dentro de casa, como quem faria, de fato, a ligação pra lei.
Os caras ficaram tensos... recolheram rapidamente o material e se mandaram, carregados de culpa e sem me importunar mais. Levaram o cabo, sim... Mas deixaram de me trazer uma gama de incomodações... Fiquei sem TV por breves dias, mas fui salvo pelo contrapé do diálogo.

Goleiro num canto, bola no outro.

CAFÉ DA MANHÃ PRÂNICO


"Todo dia nasce novo
em cada amanhecer".

GERAL

Eu,
Preso ao meu ponto de vista,
Não delimito nem minhas próprias verdades...

E ontem
Dizia que hoje
Daríamos aquele passeio
Mas hoje,
Pequena,
Ficarei sozinho,
Estudando coisas minhas quinda desconheço,
Arrumando minhas crenças de gaveta,
Dobrando meias-verdades,
Lavando a roupa suja que

[de dentro da cabeça

Às vezes acredita ser
A única dona da casa.

JUCA LARANJEIRO

Ô Juca... Tu sabes qual a diferença entre chupar uma boceta e chupar uma laranja?
Não sei não... Nunca chupei uma laranja!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

SIMESMO FUTEBOL CLUBE

Aqui no Sanep o pessoal do Compras fez o tradicional amigo-secreto de final de ano. Eu peguei o... Bom... é claro que eu não vou dizer o nome dele, pois vá que dê o azar de alguém de lá ler o blog e aí vai acabar com a brincadeira. Pelo menos com a minha.
Mas o fato é que eu vinha pensando o que daria pra figura... Eu sempre gostei de dar presentes legais, alternativos... Mas esse ano tô sem idéia e acho que vou dar um calção pro cara jogar bola, sabe... Tritrivial...
É que ele é do tipo que vai jogar pelada na pracinha ou na calçada todo uniformizadinho, do pé ao gogó. Meia vermelha, calção branco e camisa vermelha e branca... Meia azul, calção azul, camisa branca... Ele costuma chegar no campinho com a bola embaixo do braço e já entra aquecendo... O engraçado é que só ele usa aquele uniforme, ninguém mais. É o time de um homem só: o Simesmo Futebol Clube. Pode até aparecer outro cara metido a boleiro e uniformizado, mas com certeza o uniforme vai ser diferente. E no Simesmo o meu amigo-secreto é titular absoluto: só fica fora por lesão ou suspensão.
Só que nesse ano eu vou dar pra ele um outro calção... E vou dar um calção florido ou laranja-limão, que é pra ele nunca encontrar um resto do uniforme que combine e ir pro banco de reservas de vez. Porque balaca ele tem, mas futebol não.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

MELECA DE NARIZ

Ninguém mais cheira flores pela rua. E nem tanto pelo fato de não existirem muitas pelas calçadas cinzas da cidade... É porque as pessoas que existem atrás de seus narizes parecem ter perdido esta capacidade.

O TEMPO ACONTECE

Acho que foi num som do Paulinho Moska que ouvi a frase "Não importa o fim da estrada quando se vai rumo ao nada". Se não foi bem isso, foi mais ou menos isso. Pois bem... é que no mundo das informações, cada letra depende da carga cognitiva do receptor para existir de fato e, então, linkei esta oração à oração do que pensava. Além disso, em frase dada não se olha os dentes.

Esse niilismo moskiano, por conseguinte, me lembrou de um papo com o Negão, onde falávamos sobre o agora e patrimônio. O Nelsinho disse que "Patrimônio é como pegar água com as mãos... é ilusão! Hoje temos, amanhã não. Basta morrermos e deu: acabaram-se a posses e títulos". Eu concordei, enquanto o Pedrinho dos Alumínios cobrava que trabalhássemos e parássemos de conversa fiada.

(Tu também morrerás, Pedrinho!)

Aí lembrei do cara que reclama o tempo todo, preocupadíssimo com o que tinha e perdeu, com os amores que fugiram, com quantas moedas vai juntar até janeiro... Tonto de tanto olhar para trás, para frente, para outros, esquecera de observar o agora, o eterno agora, lugar onde realmente podemos relocar o mobiliário do que somos, onde podemos transformar os nossos ambientes, onde podemos dissecar o milagre de nossa existência sublime...

Poderia até dizer que tudo é perda de tempo, se não soubesse o que realmente é o tempo... Poderia até dizer que sinto compaixão, dele e do dentista sedento que matou e morreu por uma partilha de bens... Mas tudo é O Processo, uno e individual. Cada um com seus problemas (artigo 7º do Data Fifa). É que enquanto o homem enlouquece com suas contas e obrigações, o tempo simplesmente vai acontecendo, até chegar o dia em que todos os nomes serão esquecidos.

PROVÍNCIA DO SERGIPE

O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.

CONSIDERO:

QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;

QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas;

QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.

CONDENO:

O cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa.

Nomeio carrasco o carcereiro.

Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.

Manoel Fernandes dos Santos
Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha Sergipe, 15 de Outubro de 1833.

Fonte: Instituto Histórico de Alagoas