sábado, 30 de abril de 2011

MACÔCO E A ETERNIDADE


O Fred Chico Madri partiu e toda beleza do lugar foi perdendo o brilho.
E a vida é uma estrada que nunca volta.
Só vai.
E ela se fez trilhos diferentes a todos que naquele espaço se encontravam.
Onde era grama, cresceu mato.
Onde era mato, fez-se casas.
E a alegria e o contentamento mostraram que independem do local, elas querem é curtir a mente.

[e a mente é o ponto onde o homem se encontra com a eternidade.

***

Todas as coisas do Fred a família pediu.
E coisas são coisas, fadadas ao perecimento.

[e o que são coisas a uma mãe que perdeu seu filho?

O amor de mãe é o único que nunca se desgasta, por isso é o mais verdadeiro.

***

Mas, depois de um ano, voltei lá.
Uma visita.
E eu temia se iria encontrar comigo mesmo.
Porque de uma obra inacabada, nunca se sabe se as ruínas estavam subindo ou se estavam descendo.

***

Caminhei sozinho.
Encontrei um único objeto deixado pelo Gordo.
Um macaco artesanal.
Feito de côco.
Macôco.
O guardião das noites do Fred.
Que ele trouxera numa viagem e que sempre fora o seu animal predileto.
Seu animal de poder.
O Fred-Gordo-Macacão.
E ele agora fica no canteiro do Jojô.
Olhando pra casa.
Como quem cuidasse de nós.
Pensando o quanto chato deve ser a eternidade.
E o quanto pode ser eterno um momento tão pequeno.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

INFORMÁTICA LINGUÍSTICA


Como estamos na "Era Digital" foi necessário rever os velhos ditados existentes e adaptá-los a esta nova realidade.

A pressa é inimiga da conexão.

Amigos, amigos, senhas à parte.

A arquivo dado não se olha o formato.

Diga-me que chat freqüentas e te direi quem és.

Para bom provedor uma senha basta.

Não adianta chorar sobre arquivo deletado.

Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.

Hacker que ladra, não morde.

Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.

Mouse sujo se limpa em casa.

Melhor prevenir do que formatar.

Quando um não quer, dois não teclam.

Quem com vírus fere, com vírus será ferido.

Quem envia o que quer, recebe o que não quer...

Quem não tem banda larga, caça com modem.

Quem semeia e-mails, colhe spams.

Quem tem dedo vai a Roma.com

Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.

Na informática nada se perde nada se cria. Tudo se copia... E depois se cola.

FONTE: E-mail de autor desconhecido.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O PODER DA CUECA


Amanhã o mundo inteiro vai parar pra ver o casamento real do príncipe Charles Pequeno e a princesa Guria de Colégio, na Grã-Bretanha.
Várias emissoras de TVs e reportagens de todo mundo cobrirão o casamento perfeito, o sonho das moças pelo mundo afora... carruagens, cavalos vestidos, rango caro, damas de joias no pescoço, um monte de rei, embaixador, político e artista...
Todos reunidos para a assinatura do contrato de amor mais caro da história do planeta.

***

Ai ai, suspiram as telenoveleiras, que acham em segredo que seus maridos nunca chegarão aos pés do príncipe Wiliam.

***

O maior casamento do mundo pode render o chifre mais decepcionante do mundo!

***

Agora, eu tenho prazeres simples na vida que o príncipe Wiliam nunca terá.
Eu posso pescar no riacho, ir ao shopping, jogar bola, pular Carnaval, tomar uma cerveja no boteco... eu posso.
Um príncipe tem que ser o exemplo perfeito, e que saco deve ser isso.
Alguém se convenceu?

***

A Mariana reclamou que eu deixei a escova de dentes molhada de novo, e eu disse que poderia ser pior.
Ela poderia ser casada com um mala borra-cuecas.
Ela tem que agradecer de pés juntos que eu não uso cueca.
A cueca é o último degrau da humanidade.
Pobre da princesa que tem que lavar cueca rasgada, juntar cueca jogada, cueca freada, cueca no registro do chuveiro, cueca molhada no box...
A cueca é horrenda.
Todo divórcio tem uma dívida com as cuecas.

***

O amor começa no pinto e acaba na cueca.

***

A cueca não é um saco, mas tá muito perto disso.

terça-feira, 26 de abril de 2011

PROFISSÃO DUDA


Na sociedade moderna, pouco importa quem você é: importa o seu status social.
Afinal, quem se importa com seu QI, a doçura do seu coração e a qualidade de seu ser? O que significa mesmo é o emprego que você tem e a grana que ele te dá, o resto é bobagem.

***

Então, jovens e crianças, preparem-se bem para este mundo competitivo, onde se mata ou se morre, por que o seu amiguinho de hoje é o seu pior inimigo no futuro.
Aqui, on nosso planeta, não tem essa de compartilhar e repartir: é eu contra tu e nós contra o resto.
Vira em 1 e acaba em 2.

***

E ainda tem gente que me pergunta quanto eu ganho.

***

A senhora atendente reclamou da mudança de lotação e disse:
Eu nasci mesmo é pra trabalhar no protocolo!

***

O Marcelinho foi pra entrevista do primeiro emprego e a secretária perguntou:
Profissão?!
Ele disse: Eu sou anônimo!
Tu queres dizer autônomo?
Isso, isso. É que eu ainda sou um autônomo desconhecido.

***

Cuidem de suas almas, porque toda profissão termina.

***

Eu nasci pra ser o Duda.
Até que a vida me demita.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O VELHO NOVO AMOR DO SERJOLA


O Serjola Insaurriaga é um dos artistas pelotenses que eu mais admiro. Dono de lindas composições, é um cara sagaz e questionador, tendo ele conclusões adimráveis sobre assuntos loucos e loucas ideias sobre temáticas digamos que normais.
Poizé poizé poizé.

***

Hoje cedo o Serjola me escreveu dizendo que iria casar.
Eu perguntei: Contra quem?
E ele me contou uma interessante história.
Vai se casar com a mãe de seu primeiro filho, da qual já está separado há anos.
Se reencontraram.
Se reapaixonaram.
E o Serjola ganhou um novo-velho amor.

***

Se casamento fosse bom não precisava de testemunha.

***

A aliança é uma coleira de dedo.

***

Antes de casar é meu bem pra cá, meu bem pra lá.
Depois vira meus bens pra cá, teus bens pra lá.

***

O amor realmente brinca de acontecer.

DUAS VISÕES



Eu observo.
Tu observas.

***

Quem conta a história da vida?
A verdade é um espelho quebrado
Mostrando uma parte do todo
Um real despedaçado

Àquilo que vejo
Há muitas outras versões
O que eu noto é muito pouco
Um rosto entre multidões

Um conto sem ponto
Uma língua sem nó...
Quem tem as respostas, me diga
Ou não diga, eu vejo só.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CHOCOFESTA


A sociedade consumista adora inventar datas que sejam motivo de movimentação comercial. Mais que isso, gastar dinheiro em compras é algo que mexe com a psiquê humana. Digamos que trata-se de uma sensação inenarrável. E é por isso que as lojinhas de R$ 1,99 deram tão certo. Elas vendem muito barato o prazer do consumo.

***

Dia das mães, dia dos pais, dia do índio, dia da bandeira, dia dos namorados, dia de enforcar Tiradentes, dia do advogado, dia do caralho-a-4...
Todo dia tem um motivo para um souvenir.

***

Chegamos na Páscoa. Ressurreição de Cristo nada: dia do chocolate. E a alta cúpula de uma multinacional chocolateira, rodeando uma mesa cheia de cocaína e uísque importado, surubas rolando nas ante-salas, e um diretor comenta com outro:
Ainda bem que mataram Jesus cara, senão a gente tava fudido.

***

E o senhor sabe o que significa a Páscoa?
Significa que eu vou encher o cu de cerveja.

terça-feira, 19 de abril de 2011

UMA BR DE VIDA


Quando a mãe tinha 7 anos a vó Sofia falava todo dia que ia morrer, que estava morrendo... E levou mais 59 anos morrendo, até morrer definitivamente.
Aí que eu percebi que quem mais reclama, mais vive.

***

A mãe casou, teve 4 filhos, viajou pelo sul com a família embaixo da asa, voltou pra Santa Rosa, os filhos cresceram, o pai faleceu, todos foram embora, trocou de cachorro, o piso da sala, a janela da cozinha, a cor das paredes da casa...
A vida e essa mania de mudar a toda hora.

***

A tia Ana e a tia Dalva tiveram caminhos parecdos.
Como diria meu pai, a gente nasce, cresce, fica burro e casa.
E isso foi com elas também.
Filhos. Marido. Divórcio.
As três professoras sem tempo algum além do trabalho e da família.

***

Amanhã, 66 anos depois do início dessa brincadeira, elas farão uma viagem de carro.
Apenas as 3 irmãs, como nunca antes acontecera.
Se reencontrarão.
Se reconhecerão.
As 3, uma BR, um carro e 1kg de frango na farofa.

***

Uma grande oportunidade, um presente da vida.
Eu queria filmar.
Eu queria ser uma mosca.
O amor não tem tempo pra piada.

O QUE É O PENSAMENTO?


Eu sigo pensando que penso.
Algumas ideias deixo.
Reduzo as possibilidades.
Entre a lógica e a coerência.
Entre a fé e a ciência.

E acho
Que tenho
Uma quase certeza
Que não sei de nada
[as conclusões existem para serem derrubadas.

O NANDO


O Nando
Está sempre me ensinando
O que eu achava que sabia
O Nando sempre antevia...

***

O Nando é o maluco mais certo que eu conheço.
E o disciplinado mais doido também.
O Nando é o cara que domina a arte de ser louco
Ao jamais cometer a loucura de ser normal.

***

O Nando é o cara da mão verde
E do mole coração
Tudo o que ele enterra, nasce
Do chimarrão ao espinafre
Só a mandioca que não.

***

O Nando é o cara que ama ao volante.
Mais que o objeto amado, o Nando ama é amar.

***

Está sempre indo, o Nando
O próprio nome-gerúndio
Tá chegando, sem demora tá voltando
O Nando.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

QUIÇÁ DESNECESSÁRIO


Se eu fosse, de repente
Só um pouco diferente
Se eu não te desse sempre
As respostas que eu não tinha e querias...

Se eu falasse menos sobre as coisas do futuro
E pensasse menos nos problemas que não tive
Se os enigmas do mundo não tentasse decifrar
Em nome de nada...

Se o se de fato existisse
Talvez eu fosse outro e tu, distante
Mas o quiçá é vão e tão desnecessário
E sou apenas eu
[menos o mundo.

domingo, 17 de abril de 2011

O POLEGAR É POSITIVO


Li um texto que falava da importância do polegar opositor pro domínio da humanidade ante os outros seres vivos e para o desenvolvimento de inúmeras habilidades, entre elas o golpe de mestre num campeonato de par-ou-ímpar.
Com o polegar opositor o homem pôde desenvolver ferramentas, segurar as coisas, pedir carona, cumprimentar o vizinho, convidar o amigo pra beber etc.

***

Eu conheci um cara que não tinha os polegares e vivia triste. Pra ele, desempenhar tarefas simples como fechar o zíper ou jogar cartas eram um sacrifício sobre-humano.
Então um dia ele andava cabisbaixo pela rua quando viu um outro sujeito sem os braços, dançando e pulando com um sorriso no rosto.
Porra meu. Eu não tenho os polegares e ando triste. E tu, sem os dois braços, passas aí, dançando e pulando de alegria...
Alegria? Eu queria ver se tu tivesse a coceira que eu tenho nas costas!

***

Se o ser humano não tivesse os polegares, eu acho que quem dominaria o mundo seriam os cães.

***

Agora, se os cães tivessem polegares, nada mudaria.
Apenas alguns cachorros de rua poderiam pegar carona mais facilmente.
E jogar cartas.

O HOMEM ANTIGO


Conversa vai, conversa vem, o cara me disse que o homem antigo vivia sem luz.
Eu disse que eu conheço, na periferia, um monte de homens modernos que também vivem sem luz.
E eu não sei se o teor da discussão resta no que é viver sem luz ou no que é ser um homem antigo.

***

O homem muda a cada hora
Os dias têm mania de acontecer
E minha mente anda mundo afora
Querendo saber... querendo saber.

O fato é que eu domino idiomas
Estudo culturas, poesias de Rimbaud
Faço cálculos exatos, ratifico teorias
E nem sei quem sou... nem sei quem sou!

***

Pra mim, homem antigo é o professor Girafales.

***

O cara manteve a porta aberta para que a senhorita passasse à repartição.
Ela agradeceu.
Um aceno de cabeça.
Quando ele entrou, ela lhe disse que estava encantada.
Que não se fazia mais homens como antigamente.
E quem disse que eu sou homem?
Ele respondeu.

***

O homem antigo de verdade peida de perna aberta e longe de todos.
O homem antigo de verdade tem bigode.
O homem antigo de verdade usa ceroula.
O homem mais do que antigo como depois veste a caça.
O homem ainda mais antigo bate na mulher como manifestação de amor.
O homem antigo, mas antigo mesmo, não precisa de luz elétrica.
O homem antigo de verdade resiste ao tempo e não desaparece jamais.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

VIOLÊNCIA EM PISTA DUPLA


Eu vi uma notícia que dois vendedores de guarda-chuvas se agrediram e um matou o outro com a ponta do sombreiro.
Crã!
E então eu fiquei pensando acerca da paixão que o homo sapiens nutre pela violência e morte.

***

O telejornal, logo depois do bom-dia, já noticia uma tragédia.

***

Em todos os lugares, as pessoas comentam as atualizações da última chacina que é destaque em todas as mídias. Detalhes sórdidos do psicopata... como dormia, o que comeu na última noite... as cartas que deixou... a bala onde entrou... reconstituições computadorizadas... impressões das famílias das vítimas... todos os pormenores que possam fazer a humanidade sorrir com sangue na boca.

***

E boa noite!

***

E então só se fala numa nova campanha de desarmamento...
Mas o homem não precisa se livrar das armas: o homem tem é que se livrar dos medos.
Sem medo, as armas não prestam pra nada.

***

E eu não sei se o verdadeiro psicopata foi o que apertou o gatilho ou se é o Willian Bonner e a Fátima Bernardes.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

OS FILHOS DO SACO

Os filhos que não nasceram são os que mais me enchem o saco.

2, 3, 4


Uma pessoa caminhando atucanada
O braço rápido, a perna acelerada
O olhar perdido entre a métrica da quadra
2, 3, 4
2, 3, 4
4, 4

Uma cidade é tão pequena a cada passo
Que quando eu passo, mais pequeno fico eu
Menos um dia, menos um mês
[um ano a menos

Sou
Vou sendo
Vou indo
E indo
O que sou
Deixa de ser

A vida é uma quadra
Entre esquinas.

sábado, 9 de abril de 2011

BENJAMIN ABRAHÃO E O PIOR EMPREGO DE UM HOMEM


Eu vi na tevê um especial sobre as profissões mais perigosas do mundo. Nele, a cereja no bolo era a função de pescador de lagostas nas gélidas e nórdicas águas da Groelândia, onde o sujeito encara os mais bravos mares do planeta quebrando gelo no convés, tirando cestos de pesca do fundo do mar em plena madrugada escura e mantendo a proa organizada enquanto sua vida se equilibra sobre uma linha de fio dental.
Tudo muito tranquilo...

***

Mas aí eu percebi que várias profissões não foram sequer citadas em tal pesquisa. Sim... pois eu conheço vários empregos na minha cidade que fariam um pescador de lagosta achar a sua vida um saco de monotonia e sossego.
Eu sei da prostituta que trepa por um vale-transporte; sei do PM que ganha R$ 365 e um revólver 38 enguiçado pra salvar Pelotas do crime; sei do músico que ficou surdo e seguiu tocando na noite; sei do cara que foi contratado pra cuidar do chato do tio Tinoco; da telefonista da salinha de 1m² que pega às 8h e larga às 18h... enfim, empregos formais que fazem com que pescar lagosta vire diversão de playboy.

***

O chato não é o trabalho: o chato é ter que trabalhar.

***

E o cara me disse: "O pior não é o emprego não seu Duda! Muiiiito pior é o salário!"

***

Mas eu acho, definitivamente, que um emprego maluco era o do Benjamin Abrahão, o fotógrafo oficial do Lampião. Isso sim é que era trabalho pra um cabra-da-peste! Onde o bando do Virgulino e Maria Bonita passavam, lá estava o Benjamin, com sua máquina a postos para a vaidade cangaceira.
Lampião era meio cego do olho direito, mas o que ele não via nunca passava desapercebido pelas lentes do Benjamin. Eu até imagino as cenas:
Benjamin... correqui modi fotografá ax buxada dexte cabra fio dilma égua.
Ô Benjamin... bate uma chapa modieu e Maria Bunita sivê dixpoix a nossa beleza ômi...
E assim foi, durante anos, o Benjamin, desarmado, atrás do bando... comendo poeira, se raspando em cactos, passando sede, dormindo na areia, fugindo de um mundo, batalhando contra outro... sendo uma mescla de artista e criminoso... fazendo de seu gatilho as lentes e de seu histórico um registro imagético nacional.

***

E no dia em que o bando teve suas cabeças cortadas, as últimas palavras de Benjamin foram:
Eu sou apenas o fotógrafo!
Tarde demais para que entendesse o difícil trabalho que ele havia escolhido...
E sua cabeça foi parar numa bandeja, como uma lagosta da Groelândia...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O POETA DO ABSURDO


“Pra dar nesse nego véio tem que ter foigo de 7 gatos.”

"Eu me chamo Zé Limeira
Da Paraíba falada,
Cantando nas Escritura,
Saudando o pai da coalhada,
A lua branca alumia,
Jesus, José e Maria,
Três anjos na farinhada."

"Uma véia gurizada
Pra mim já é fim de rama,
Um véio Reis da Bahia
Casou-se em riba da cama,
Eu só digo pru dizê,
Traga o Padre pra benzê
O suvaco da madama."

"Jesus foi home de fama
Dentro de Cafarnaum,
Feliz da mesa que tem
Costela de gaiamum,
No sertão do cariri
Vi um casal de siri
Sem comprimisso nenhum."

Zé Limeira, o poeta do absurdo, era completamente desletrado, nuncas tendo escrito um verso sequer. Compilava palavras conhecidas com talento descomunal, uma genialidade ímpar. Um gênio analfabeto...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

POEMA ESPIRALADO

SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO


Deus, que será de ti quando eu morrer?
Eu sou teu cântaro (e se me romper?)
A tua água (e se me corromper?)
Sou teu agasalho, teu afazer.
Vai comigo o significado teu.


Vladimir Mayakóvisky

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O POLIGLOTA E O GUINESS


Li na net que o professor Ziad Fazah, 57 anos, está no Guiness Book por ser o maior poliglota vivo da Terra. Segundo o levantamento, ele domina nada menos que 58 línguas.

***

Minha sogra só com uma língua já faz um baita estrago.

***

O fato é que o cara foi o único a conseguir se comunicar com um afegão detido no Rio e aí ficou famoso por suas habilidades idiomáticas. Dizem (as más línguas) que ele fala inglês, francês, árabe, hindi, libras, dólares, espanhol, português, baianês, cearês gauchílico, entre outros.

***

Eu quero ver ele conseguir entender com o Fonfom da elétrica.

***

E eu me peguei pensando se há alguma possibilidade ou maneira de eu entrar no Guiness também. Mas a cada dia que passa eu vejo mais remota esta possibilidade. Nunca bati um recorde que fosse... Ah... eis aí a possibilidade: eu entro no Guiness por ser o cara que menos recordes bateu na vida.

***

O cara mandou eu tomar no rabo em francês e eu disse obrigado.
É que em francês tudo fica mais bonito.
Oui oui.

domingo, 3 de abril de 2011

A CASA


A casa não passou por lugar algum
Brotou aqui, calçada na pedra
Olhando o azul preciso
Do céu indeciso
[que gira

A casa enraizou-se
Marcou sombra, fez fotografias
E foi casando, enquanto ia,
A casa e o caso
Os acasos casuísticos

Mas a casa perdeu as paredes
Caiu teto, perdeu cor
Tudo ruiu, foi a dor
Ver a casa assim velhinha
Ver a casa assim tão só...
Toda parede é sozinha...

[vazia, uma casa morre.