terça-feira, 30 de setembro de 2008

MADE IN


A globalização é uma fábrica de solitários...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

REALEZA BRASILEIRA

Adorei a postagem do Alan Sieber, um artista muito legal, ótimo quadrinista que tem um senso crítico muito apurado e recomendo que leiam.

http://talktohimselfshow.zip.net/

Viajando no site dele, adorei uma postagem simples, mas profunda, e por isso ousei reproduzi-la aqui, homonimamente, para que ela ingenuamente não se perca.


São ou não são a cara desse nosso belo país de merda?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

VERDADE MORTA


Liguei a TV e dei de cara com o padre Marcelo. Na frente de um grande crucifixo de madeira, ele segurava um rosário na mão e tinha uma cara de guri chorão.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.

Lenta e repetidamente, ele pulava as missangas do terço com a sua crença ritualística insossa.

Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.
Jesus, livra-me do stress.

Eu quebrei a TV.

Jesus, livra-me do stress.

TEORICAMENTE

BRECHT EM SATOLEP


Pensei no cinturão de fótons, pensei no câmbio climático, pensei no trilhão de formigas que perambulam vespertinamente pelos calçadões de Pelotas... Lembrei de Brecht...

O mundo está próximo de um tempo nefasto: os pobres temerão a fome e os ricos temerão os famintos.

ÁGUIAS

O sincronário maia é realmente incrível... Ele mostra várias coisas que julgamos coincidência e, ao relacionarmos à Lei do Tempo, vemos que coincidências não existem.
Resolvi escrever sobre Andre Breton e Arthur Rimbaud e descobri que ambos têm o mesmo kin: águia cósmica azul.


Kin 195
Águia Cósmica Azul

Persevero com o fim de criar
Transcendendo a mente
Selo a saída da visão
Com o tom cósmico da presença
Eu sou guiado pelo poder da autogeração.

SONHOLAIRE


Deus é o único ser que, para reinar, nem precisa existir.

Conheci Baudelaire num sonho. O nome me veio na cabeça e, dela, ao papel, na densa negritude daquela madrugada. O poeta do ópio... A chama do simbolismo poético...
Não é que eu muito o conheça, além de Flores do Mal e de seu kin, Guerreiro ressonante amarelo, nem que eu seja realmente parecido com ele, exceto pelo ópio e por não ver um deus-homem nos céus.

O ESTRANGEIRO

Diga, homem enigmático, de quem gosta mais? De seu pai, de sua mãe, de sua irmã ou de seu irmão?
Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
Amigos?
Você usa de palavras cujo sentido até aqui desconheço.
Pátria?
Ignoro a que latitude se situa.
Beleza?
Deusa e imortal, de bom grado a amaria.
O ouro?
Odeio-o como você odeia a Deus.
Mas que gosta então, estrangeiro extraordinário?
Das nuvens... as nuvens que passam... lá longe... lá longe... as maravilhosas nuvens!

PARA ARTHUR


E lá estava ele,
Com sua jovialidade espantosa,
Bebendo e dizendo diabos
Do mundo que via...
E entre o hálito balbuciando as chafurdas literatas
Beijos
E cores de letras...

BRETONICIES


A palavra Liberdade é tudo o que me exalta ainda. Julgo-a apta a manter indefinidamente vivo o velho fanatismo humano. Ela responde, sem dúvida, à minha única aspiração legítima. Entre tantos infortúnios que herdamos, temos de reconhecer que nos resta a máxima liberdade espiritual. Cabe-nos o dever de não fazer mau uso dela. Consentir que a imaginação seja posta a ferros, ainda que nisso estivesse em jogo aquilo a que se chama vulgarmente a felicidade, significaria furtarmo-nos a esse apelo de justiça suprema que se ergue do fundo de cada um de nós. Só a imaginação me pode tornar presente aquilo que pode vir a ser e é quanto basta para que se levante um pouco a terrível interdição; e é quanto basta, também, para que eu me abandone a ela sem receio de me equivocar (como se fosse possível um equívoco ainda maior). Onde começa a tornar-se negativa e onde se detém a segurança do espírito? A possibilidade de errar, para o espiríto, não estará na contingência do bem?

ESCRAVOCRATAS NEWS


Será que os capitães do mato, assim como a pobre oligarquia pseudorrica pelotense, também tinha vários sobrenomes?
Me pergunto porque, ao passar os olhos em uma coluna social de um jornal citadino, tive a impressão de estar lendo notícias escravocratas (pré 1888)...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

GUTCA


O sangue que das veias foge
Mancha o mundo de genes
Revela ao ar os segredos helicoidais
Guardados no âmago do imo

O mesmo sangue,
O sangue de mãe,
O sangue dos filmes e das novelas,
O sangue do cuspe,
O sangue dos santos...
Em gotas, retém universos,
E declara morta uma cadeia de DNA

Este sangue derramado,
Que tatua a pele e colore os seres,
Alimenta a terra que o absorve
E leva os fenótipos
De volta ao centro do nada.

MAIOR PEQUENO


Ele mentia que tinha um cachorro que dormia tapado, que a mulherada adorava aquela tatuagem de presidiário que ele tinha no antebraço, que o pai dele saltava de pára-quedas e que a avó tinha perdido a vez pra Carmem Miranda...

***

Era seu pseudomundo
construído com tijolos de palavras,
mas palavras são vento de boca
e racham a cada psicopiscar...

***

E ele, que dizia ser amado, que se dizia importante para que "as coisas" acontecessem bem, que o sol rodava no seu eixo... ele, que poderia reter um míssil com um telefonema, tinha medo de dormir sozinho...

AA RGUMENTO


O Silveirinha estava embriagado quando caiu na blitz e o guarda viu, no chão do Chevette 84, duas dúzias de latas da Skol.
Documentos do veículo e habilitação, por gentileza!?
Sim... ic... aquió seu gualda...
O senhor poderia descer do carro, por favor!?
Ic sim... ic...
O senhor não tem vergonha na cara de dirigir neste estado?
Mas que mal tem, ic? Eu adoro o Rio Grande do Sul...
Digo neste estado de embriaguez...
Ah!!! Êpa, ic!!! Pode parar, seu gualda, ic!!! Isso aí é injustiça!
Como assim injustiça?
Ué seu gualda, ic! O senhor vai me multar ou vai me mijar? As duas coisas o senhor não vai fazer... Como pode, ic? Eu fiz um crime apenas e vou receber duas penas, ic? Ou o senhor me multa ou o senhor me mija, pode escolher, ic!

O guarda levou o Silveirinha até o canto escuro da rua e, junto com mais dois PMs, deu murros e pontapés no pobre diabo do Silveirinha.

MORAL DA HISTÓRIA: Não importa o argumento: importa a aparência do argumento.

FAZ-DE-CONTA NO ESPELHO


O Valenzuela ainda lembra os exatos dia e hora em que descobriu que era, realmente, narigudo.
O Estáquio ainda fala em winchester de seu computador.
A Cleci ainda não aprendeu outro corte de cabelo.
A profe Lídia ainda controla seus alunos pela chamada.
O Arlindo ainda faz bandeiraço apaixonado por seu candidato.
O Claudionei ainda usa celular-tijolo.
A Astrilde ainda pede gasosa na copa e pinta unha do pé.
A Carlota ainda chama sanguessuga de xamixunga.

E eu, espelho do mundo, que entre milhões me procuro, sou o que de fato lembro...

EU SOU NEGUINHO?


Alexandre, O Grande, voltava de uma batalha no Oriente, a caminho da Índia, e encontrou Diógenes de Sínope, filósofo sufi e maior representante do Cinismo, deitado, nu, na beira de um rio. Alexandre, que tinha as armaduras mais caras e refinadas do Império, ficou chocado em ver aquela figura, nua, deitada, a esmo e feliz, na beira de um rio e foi, com Diógenes, ter, perguntando o que, por ele, poderia fazer.
Alexandre, que parado em pé fazia sombra ao velho sufi, ouviu: "Não me tires o que não me podes dar".

***

Depois, Alexandre o pediu como podia ficar ali, deitado, sem fazer absolutamente nada. Diógenes, contemplando a bela paisagem, convidou Alexandre a se desnudar e deitar ali, pois a margem era grande o bastante aos dois. O como, segundo Diógenes, era a forma que a mente encontrava para evitar a ação de fato.
Alexandre respondeu-lhe que não tinha tempo para deitar à margem... que ainda tinha muitas guerras para conquistar o mundo. Foi então que Diógenes falou que não precisava conquistar o mundo para desfrutá-lo, e O Grande ficou triste, pois entendeu que não havia, realmente, mais nenhum mundo além daquele a ser conquistado...

***

Se eu não fosse Alexandre, quereria ser Diógenes.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

XESTER E O JUIZ DE DIREITO


O Xester tentou dominar o mundo durante 20 anos antes de aprender a tocar flauta. Eu não sei se dominar o mundo e tocar flautas tem algo em conexo, mas com o Xester foi assim.
O Xester, que não é parente da Xuxa, nem conhecido, certamente, tinha um fiel escudeiro... um assessor, por assim dizer. O nome dele era Juca. O Juca fazia anotações importantes no caderninho espiral, como o telefone do velho Bush e do Gorbatchev, o endereço da Rita Zero-hora e o bina (naquele tempo o bina era um sucesso) da Cleci, que cortava o cabelo dos dois na caverna onde se escondiam. Mas o que eu realmente tenho pra contar do Xester é que numa audiência civil, movida pelo Departamento Jurídico da falida Hermes Macedo e que cobrava as prestações faltantes da TV 14" que o Xester tinha comprado do sistema, ele virou pro Juca, que estava sentado ao lado de seu advogado (lê-se defensor público), e disse, coçando a vasta barba:
Juca... quem é aquele crápula de capa preta?
Ele é um juiz de direito, mestre.
E o que ele faz Juca?
Ele é um dos patamares mais respeitados do sistema, mestre.
Então você anota no caderninho aí, Juca, pra eu não esquecer de, quando eu dominar o mundo, acabar com ele.

O Juca, anotando, questionou.
Acabar com ele quem mestre? O mundo ou o juiz?
Hum... Vou pensar...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

HORA-EXTRA

Girei e caí
Como um pião
No exato aqui
[que não é ali nem ali, é aqui

Onde o sempre quase nunca é sempre
Onde o nunca é quase nunca o nunca
E o certo, estigmático e preciso,
Virou C de prova cartesiana

Qual a ciência que vou estudar?
Em que quero me aperfeiçoar?
Ora bolas...
O mundo me comendo e eu querendo ser phD...

Nem sei o que sei
E o que me oferecem é engodo
E o que mostram, ilusão

Fazendo hora pra morrer...

sábado, 20 de setembro de 2008

BALELOCRACIA


Acho, ultimamente, que a democracia é uma balela. Ainda mais em época de eleição, pois me aparece cada figura se dizendo a solução pros meus problemas... E a politicagem, como se apresenta em todos os níveis da federação, não resolve mais nada, pois o vício está na origem, ou seja, na essência humana.
Uma organização comunitária que centralize seus poderes em um governo central está fadada ao fracasso, pois este governo, recheado de pessoas despreparadas (nos três poderes, obviamente), nunca chega em todos os lugares. Assim, tomando o exemplo de Pelotas, por exemplo, a prefeitura não chega na periferia. A saúde não chega na periferia. Os empregos e as vagas na universidade não chegam na periferia...
Quando 51 pessoas decidem por 49, ou quaisquer que sejam as proporções (70 por 30, 80 por 20 etc), há aí um lapso político, qual seja o da supressão da minoria. Suprimir a minoria é causar turbulência, é alimentar a insatisfação e a revolta, é nutrir o monstro das diferenças sociais e políticas. E aí nos dizem, maquiavelicamente, que a democracia se resume no direito ao voto... Balela!
E qual, então, a solução para a sistemática?
Eu creio que seja a decisão por consenso, que é um passo anterior ao da decisão por telepatia. Contudo, como decidir por consenso numa cidade com 400 mil habitantes? Aí eu respondo: impossível! Não há decisão por consenso em grupos grandes, e é por isso que acredito na ramificação das comunidades em ecoaldeias e em pequenos agrupamentos sustentáveis, que formulem o seu regramento, a sua sistemática nutricional, educacional e de convívio.
Papo pra bar... ou pra sombra de um abacateiro numa ecovila.

MUNDERRETE


Parei de pensar o que vai acontecer com o mundo em termos de aquecimento global. Creio que a humanidade, como coletividade, já fez a sua escolha, que não é muito diferente à escolha dos atlantes, dos maldekianos e de outras civilizações antigas.
Temas recentes e modernos como a permacultura, ecoaldeias e sustentabilidade (este último surgido na Eco Rio 92) admitem propostas (viáveis) de uma transformação de métodos, contudo, penso que os paradigmas é que devem ser quebrados... O tempo é dinheiro por tempo é arte; a ganância pela amorosidade; a competitividade pela harmonia fraternal; o consumismo e o carnivorismo pela produção e consumo de alimentos orgânicos... E por aí afora tantos outros, todos radiando a principal descoberta, que é pano de fundo de todas as mudanças supracitadas, que é o uso do calendário de 13 luas e 28 dias.
Sei que tudo isto parece, aos olhos comuns, muito utópico e pouco prático. Sei que o mais fácil é não pensar nisto tudo e ligarmos em mais um programa do Faustão... E é exatamente por isso que retomo o pensamento de que a humanidade já fez a sua escolha e, por isso, neste amanhecer galático, haverá as piores catástrofes de todas as Eras. E em breve!

***

Não quero ser catastrófico
Não quero ser nostradâmico
Não quero ser prenostálgico
Não quero ser coca-cólico
Não quero ser evangélico
Mas se tiver que ser dos últimos humanos
Sobre um dos últimos pedaços de madeira flutuantes
Não se aproxime: não serei piedoso.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

DA HORA


Ele era um legítimo pau d'água!

GATINHO DE RUA


O Waldomiro era o capeta com a bola no pé... Sem ela também... E talvez seja por isso que seu talento futebolístico nunca fora descoberto por nenhuma grande máfia do soccer: ele adorava cachaça, mulher e jogatina.
Mas no domingo, dia de pelada no campinho do viaduto, era sagrado: podia estar chovendo... podia haver ressaca... nada impedia o Waldomiro de correr com a 7 do Rapidão Cometa (que não era o nome do time, já que nome o time não tinha... Era o time do Waldomiro, digamos assim. Rapidão Cometa era o patrocínio da transportadora que estava estampado nas costas dos atletas do alvi-rubro bairrense).
Mas num domingo fatídico o Waldomiro inventou de brilhar pra cima do Moto-serra. O Moto-serra, diga-se de passagem, era um zagueirão deste tamanho que corria também pelos domingos do viaduto, só que no time adversário do Waldomiro. E naquele, bem naquele domingo, o Waldomiro estava endiabrado. Dois balõezinhos, janelinha, duas meia-luas e um monte de saracoteada pra cima do Moto-serra só podia dar nisso.
Na TV o Moto-serra chorou... falou que perdeu o emprego... falou da mulher que o traíra... falou da mãe doente... Mas não adiantou nadica: a galera, na maior parte torcedora do Rapidão Cometa, louca da vida com o Moto-serra, nunca entendeu os reais motivos dos três tiros que ele deu no Waldomiro...

Futebol é futebol, e vice-versa.

E O CARA?


E o cara que achava que a hermenêutica era a capital da Poláquia e que a lógica era um espaço pequeno onde se vendia coisas?
E o cara que achava que velho tinha que nascer morto?
E o cara que achava que Duro de Matar era um filme erótico estrelado pelo Maurício Mattar?
E o cara que jurava que tinha dois estômagos?
E o cara que dizia que tinha a cabeça aberta?
E o cara que pensava que era o Paul que tinha morrido?
E o cara que achava que lavagem cerebral era uma comida pra porco feita de cabeça de macaco?
E o cara que tinha duas chaves: uma pra perder, outra pra achar?

ABORDAGENTIL


Com licença!?
Pois não!?
Meu nome é soldado Junqueira, tudo bem com os senhores?
Ahã!
Tudo... comigo tudo...
É que eu estou no meio de uma abordagem... não que eu desconfie alguma coisa de vocês... nunca! Não me entendam mal... É que é meu trabalho...
Sim... e daí?
Daí que até fico constrangido em abordar vocês assim... no meio da cervejinha...
Pois é...
Nada não seu guarda... fale!
Não... é que eu gostaria que vocês dois ficassem ali na parede pra eu poder revistá-los, se me permitem, claro...
Bom... por mim tudo bem... Que tu acha Mattos?
Ué?? Por mim tá beleza... Qual parede seu guarda?
A que vocês acharem melhor... pode ser aquela ali, pode?

***

O senhor poderia abrir um pouquinho mais a perna, por gentileza?
Claro seu guarda.
E se não for pedir demais, o senhor faria a gentileza de me mostrar seu RG, por favor. O seu também, se não for incômodo...
De maneira nenhuma é incômodo, seu guarda... Aqui está...
E aqui está o meu, seu guarda...
Hum... sim... Mattos... o senhor não é parente do Alexandre?
Não não... não que eu saiba...
Hum... Infelizmente eu vou ter que revistar seu bolso, senhor Mattos. Mil perdões... É que é o meu serviço... Eu fico até vermelho, olha só. Se isso lhe causar algum constrangimento, aí eu não faço... Na verdade eu vou ter que revistar vocês dois...
Constrangimento algum... fique à vontade seu guarda.
Pode ser senhor Eduardo?
Hum... eu não sei como lhe dizer, seu guarda... mas eu tenho um baseado no bolso... Não é nada demais, é só um baseadinho...
Um baseado? Deixe-me ver... Hum... Mas o senhor não é traficante, não é mesmo?
Não não... juro pela minha mãezinha no céu... nunca fui... Deus me livre!!!
Hum... mas não pode, seu Eduardo... Como eu vou lhe dizer??? Tem uma lei que não permite...
Pois é... eu sei... é que...
Ah seu Eduardo!!! Tzz... Venha aqui, por favor... Quero ter um particular convosco...
Sim???
É que... seu Eduardo... Eu não sei como lhe dizer isto... veja bem... Não é nada pessoal... Eu nem quero lhe ver triste... É que... infelizmente... Eu vou ter que levá-lo preso.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O MEU MUNDO...


Era um apartamento...

RAJNEESH 743


E se mais e mais pessoas se tornarem 'desistentes', o mundo poderá ser salvo. Essa será a verdadeira revolução, não política. Ela será espiritual. Se mais e mais pessoas abandonarem as velhas mentes e seus caminhos, se mais e mais pessoas se tornarem mais amorosas, se mais e mais pessoas forem não-ambiciosas, se mais e mais pessoas forem não-gananciosas, se mais e mais pessoas não estiverem mais interessadas em poder político, em prestígio, em respeitabilidade...

HEI KAMBÔÔÔ


Ela dizia que já tivera todas as doenças, menos hipocondria. E era tão assim que conseguia adoecer todo dia, e de males diferentes. Tanto é que a família já dizia: o dia que ela disser que está bem é porque está doente.

***

E a alopata que disse não ter um diagnóstico pro meu problema, mas me receitou um monte de droga cara? E ainda me pediu: Tens problema de estômago, porque essa droga é forte...
Meu deus... Não sei se o pior é ela, com este conhecimento antiqüado e mafioso, que em vez de cura busca enriquecimento, ou eu, que por chacoalho alheio fui parar lá no consultório dela.

***

Me curei, antes que alguém pergunte, com sangue de dragão e argila medicinal do Nestinho. Na verdade, tonteei a enfermidade. Depois, usei do kambô pra liquidar a fatura...
Tudo fitoterapia amazônica, com exceção do kambô, que mesmo sendo amazônico, é um dos únicos (que eu conheça) remédios oriundos do reino animal.

***

Na verdade, todo processo de cura (e de doença) começa pela cabeça.

DO BANGU À RUA 3


Este time aí da foto é o Bangu Atlético Clube, popular e carinhosamente conhecido como Bangu. A foto faz referência ao título de Campeão Carioca de 1966. Da esquerda para direita, em pé, estão Mário Tito, Ubirajara, Luiz Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime. Os agachados são Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira, Ocimar e Aladim.
No banco daquele memorável time estava um atacante chamado Ênio da Rocha Chaves, o Ênio. O Ênio, embora reserva, marcara 4 gols naquele campeonato, contra Madureira, São Cristóvão, Olaria e Campo Grande. Balançou, inclusive, duas vezes, as redes do Maraca. Graaaaande Ênio!
Você deve estar se perguntando: Sim, e daí? O que tem a ver o Bangu, o Ênio e o Carioca de 66 com o Duda? Na verdade, até hoje de manhã, nada. Só que hoje, neste belo dia de fins de inverno, o Ênio, agora técnico-eletricista, arrumou o disjuntor lá de casa e evitou que eu tomasse um banho gelado de chuveiro.
Graaaaande Ênio!!!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

CENTRO DO MUNDO


Ele dobrou a esquina e o ambulante já o abordara, vendendo cinto. Vendendo rede. Vendendo carteiras de couro para pôr dinheiro e cartões de crédito. Vendendo seu tempo...
Ele disse não e seguiu, até atravessar a rua. Entrou numa banca, comprou um jornal pra ver se o mundo ainda não havia terminado... Ah sim, passou pelas esportivas... na verdade, começou por elas... lia sempre de trás pra frente... Mas leu-o somente no bar, sentado, onde se questionara, depois de ver as notícias do Iraque, se não era ele, ele mesmo, o mesmo que ali, sentado, tomava uma cerveja preta de uma fábrica de Estrela, se não era ele o centro do mundo...

MUNDO DE BOLSO

Enquanto na tevê passava a programação especial de aniversário da emissora, que de especial não tinha nada, eu via pelas grandes janelas do café as pessoas que passavam... Seria eu o observador ou o manequim da vitrina? Mas cada pessoa lá fora poderia também ser um peixe, nadando, cada um, única e individualmente, no rio de sua biografia... Cada um com sua diverisdade de idéias e objetivos, de caras e almas... cada um representando um caco do espelho de deus, que, quebrado na tecnosfera, já não pertence a ninguém.
Decidi ali, numa fagulha do momento exato, deixar de salvar o mundo. Vou agora tentar salvar o meu mundo, que é muito fácil de pôr no bolso.

sábado, 13 de setembro de 2008

A AMANTE DO TARUMÃ


E tem o caso do português, que neste fato específico não é vítima de piada maldosa da fria vingança tupiniquim, se não um mero marujo explorador de mogno e pau-Brasil que em uma caravela lusitana fazia a ponte entre o seu sonho de fortuna no Novo Mundo e as tetas da Maria, em Braga. É que numa dessas visitas às novas terras do império, o referido português, cujo nome, se não me engano, era Manoel, como seu pai e seu avô também o foram, trouxe consigo um espelho redondo, desses que hoje se vê nos porta-coisas femininos, e olha que aquilo era só pelos idos de 1530, e o ofereceu à índia Iaúna em troca de seu sexo, já que ele, Manoel, não tinha, como a maioria de seus colegas, coragem para usar do estupro.
De Iaúna, o espelho caiu no riacho e, depois de meses perdido, foi encontrado por Tarumã, que naquela manhã procurava pelas piabas do rio de modo a cumprir sua missão de macho e alimentar sua prole, que já contava com quatro curumins e um por vir no ventre de Iracema, que por ora roncava de faminto. E Tarumã olhou o espelho. E se encantou. Achava ter descoberto uma pedra mágica, pois via ali refletida a cara do seu velho pai, o pajé Aririi. Na verdade, como ele, Tarumã, nunca havia se olhado antes num espelho, cria estar diante de uma imagem metafísica, uma porta ao além. Decidira, então, de pronto mostrar a tal pedra mágica pra sua Iracema, que conhecera seu pai Aririi e, certamente, se encantaria com tamanha magia.
Mas ao chegar na oca, que parecia com um ninho de joão-de-barro coberto por capim-manso, Tarumã não encontrou Iracema nem curumim algum... decerto haviam ido se banhar ou comer algumas amoras silvestres que nasciam perto da cachoeira, ou fazer algum cocar numa sobra de umbú. Ele, Tarumã, largou o espelho numa cumbuca e voltou à lida, já que tinha...
Iracema chegou em casa e viu, dentro da cumbuca, o espelho que Tarumã trouxera depois de encontrá-lo no rio em que o perdeu Iaúna que o tinha ganho de Manoel, o português com cara de cigano (isto eu não tinha dito: Manoel tinha cara de cigano sim, proveniente da genética do mundo, que circula independente das fronteiras). E Iracema, ao olhar-se refletida na pedra mágica, teve, naquele exato instante, a certeza de que comprovara, de forma inequívoca, a traição a que era submetida por Tarumã.
Tarumã tem amante!!! Pensara Iracema, não nestas mesmas palavras, nem neste mesmo idioma, por certo. Mas a essência do raciocínio foi justamente esta: Tarumã tem amante! E correu, claro, pra mostrar para sua sogra, a índia Jacutinga, que era uma praga com bigode e sempre, sempre defendia o infiel do Tarumã.
Aqui tá vendo Jacutinga? Eu sempre razão!!! Tarumã tem amante sim! Aqui prova concreta... Tarumã trai Iracema com safada aqui ó!!!
Jacutinga, que por causa da miopia (que nem desconfiava ter), pegou o espelho para ver a tal amante de Tarumã mais de perto. Qual foi sua surpresa em se ver diante do espelho (algo também novo para ela, e creio que para toda aquelatribo, com exceção de Iaúna para cá, dentro do que relatei, é óbvio), qual foi sua surpresa ao ver, de fato, que Tarumã tinha uma amante. Mas não deixou, como de costume das sogras indígenas, de tecer seu comentário:
Mas que trubufú!!!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

ALABAMA

Dia 14 de outubro, Tormenta harmônica azul, kali 25 da lua elétrica, olharemos para o céu...

REAL SOCIAL


Bretch disse uma vez que o mundo só estaria livre da podridão quando o último burguês morresse enforcado nas tripas do último padre. Acho a frase muito forte, repleta de palavras feias, como burguês e padre, e por isso proponho uma readequação ao tema, muito mais ampla e contemporânea:
A feiúra que vês é a feiúra que tens. Livre-se dela e limparás o mundo.

E AGORA?


Fiquei pensando acerca da vanguarda... Não há possibilidade de uma neovanguarda cultural ou tecnológica, pois todo processo (inclusive o acelerador de hádrons e a projeção holográfica) é o resultado de uma novidade preexistente, ou seja, é apenas mais um degrau conseqüente do anterior no plano da mesmice científica que parece nova, mas não é. A nova escadaria da vanguarda, que representa uma troca de paradigmas, é consciencial e chama-se LEI DO TEMPO!

***

O fato é que o tempo (kin) precede o gen, ou seja, o tempo preexiste a tudo e dele todas as coisas derivam. E esta quadridimensionalidade do tempo, que é infinitamente imediato, expõe seu caráter absoluto, em detrimento ao espaço, que é relativo. Claro, pois se uma bituca de cigarro apodrece, a galáxia também, pois, segundo meu amigo Mago Galático, o espaço é a sombra do tempo no seu perambular pelas praias da consciência. Isto até parece confuso, por isso exemplificarei.
O tempo é o eterno agora, pois o único momento que realmente existe é o imediato agora. Ontem foi agora, agora é agora e amanhã também será agora. O futuro é uma projeção hipotética, baseada em medos e num processo mental cartesiano que, a cada dia, fica mais ultrapassado. E o passado é um resquício memorativo alimentado por ligações físico-químico-biológicas, onde é impossível auferir quaisquer ações, exceto a culpa e a saudade, instrumentos usados como referência por um ego que precisa de respostas imediatas sobre quem somos nós. E é por isso que todo dia nós voltamos aos mesmos lugares e fazemos as mesmas coisas, porque se não o ego se perde...
Então resta a grande pergunta: O que você faz do seu agora? Você troca o seu agora por uma grana que nunca comprará seu tempo de volta, que não resulta em nenhum caminho realmente alternativo aos colapsos geológicos, sociais e políticos e que objetiva apenas o seu empoderamento pessoal, trancando o fluxo da matéria e construindo, junto ao sistema, mais uma gama de miseráveis, mais uma gama de guerras por fronteiras, mais uma gama de sexo e drogas para tapar os buracos da mente...
Este tema realmente é muito amplo para ser tratado num tópico de blog... eu até diria que nunca mais falarei sobre isto de tão vasto que é o assunto, só que o nunca mais não existe... ao menos não agora. Então resumirei tudo em uma fórmula matemática:
T(tempo) = arte