sexta-feira, 30 de outubro de 2009
DIETÊMPTRICO
Sinto que todos nós
Entendemos poucas linhas,
[muito poucas
Fotografamos muito mais do que vemos fotografias
E falamos antes de aprender a ouvir...
E o mundo anda
Pela avenida do tempo
Fazendo o antes e o depois,
Tornando tudo correlato,
Condecorando as gerações...
Por isso o agora, base de cada segundo
Se amplifica, abre as asas, fica contínuo
O tempo engorda
Quando a mente emagrece.
SEM CORAÇÃO
De teus mil jeitos de dizer adeus
Ficou aquele olhar...
Eu ia pôr um disco para te mostrar,
E o que você me disse eu lembro
Já era hora...
De brincar, descer do teu cabelo
Ao céu da boca
E desenhar as letras do teu nome
Pelos cantos, poesias...
Uma caixa de retratos, um cartão-postal,
Anel, flores vermelhas,
Neruda e um batom, tá bom
Você diz que não tem mais nada
Coração, você não tem mais não...
Ficou aquele olhar...
Eu ia pôr um disco para te mostrar,
E o que você me disse eu lembro
Já era hora...
De brincar, descer do teu cabelo
Ao céu da boca
E desenhar as letras do teu nome
Pelos cantos, poesias...
Uma caixa de retratos, um cartão-postal,
Anel, flores vermelhas,
Neruda e um batom, tá bom
Você diz que não tem mais nada
Coração, você não tem mais não...
TICTAC
A DINÂMICA DO NÃO (ou COMO GERAR UM NUNCA)
Pra este ano eu não vou lançar um livro
Não tenho ideia de comprar sítio nenhum...
Não quero mesmo trocar de motocicleta
Nem me imagino estudando alemão...
Eu não desejo ir na feira de calçados
E nem pretendo colorir o meu portão
É certo que este ano eu não viro político
Nem vou pro curso de bailado de salão
E entre tantas outras coisas que não faço
Vou mapeando tudo o que ainda sou
Até que um dia eu canse, eu mude, eu me transforme
E o que eu pense vire nunca, vire não...
VEZES QUÊ?
Se eu contasse os segundos desta Era
às estrelas do céu
Não chegaria à metade das vezes
Que pensei em coisas desnecessárias
Se eu desse nome a cada gota do pequeno rio
E cheirasse todas pétalas de meu jardim
Talvez chegasse a um terço das coisas
Que falo em vão
E se eu contasse, contasse mesmo,
Os minutos de meditação de cada padre
a meus amigos de fé
Talvez em cada dedo de minha mão
[esquerda
Selaria o número exato de verdades
Que por ora tenho...
às estrelas do céu
Não chegaria à metade das vezes
Que pensei em coisas desnecessárias
Se eu desse nome a cada gota do pequeno rio
E cheirasse todas pétalas de meu jardim
Talvez chegasse a um terço das coisas
Que falo em vão
E se eu contasse, contasse mesmo,
Os minutos de meditação de cada padre
a meus amigos de fé
Talvez em cada dedo de minha mão
[esquerda
Selaria o número exato de verdades
Que por ora tenho...
FATO DA PERCEPÇÃO
FACINHO
Pensei que fosse relativamente fácil fazer da vida uma grande história... Lembro de tantas coisas que não fiz, tantas perspectivas que não se perfizeram...
Construí imensos castelos de cartas e achei que o tempo fosse responder... E de fato fala, o tempo, coisas boas, ensina o rumo, arruma os ponteiros do relógio... Mas também limita e tira a graça de se jogar tudo fora, de não ser constante...
A mente quer saber aonde pisa... Pisa sobre os planos, sobre os sonhos, sobre a força que talvez houvesse... A mente sabe os doces que come e invade o quarto escuro do silêncio, acendendo luzes, gritando entre as estrelas...
Eu, às vezes, faço de conta que não ouço. E exercito tanto que não ouço mesmo... Quieto,
[e somente quieto
facilito as coisas. E facilito a vida...
ESPÍRITO NÃO TEM IDADE
A noite absorve o dia
Como o que eu sabia ontem, já se pôs...
E nesta mania
De morrer a toda hora, a cada certeza
[derrubada
Me faz ver
Que a idade da moça
Independe dos bailes que dançara...
Como o que eu sabia ontem, já se pôs...
E nesta mania
De morrer a toda hora, a cada certeza
[derrubada
Me faz ver
Que a idade da moça
Independe dos bailes que dançara...
CAMPEÃO DE GUERRA DE BOSTA
Ele disse Ó, mas ela nem olhou... Ficou ali, no computador, como quem procura à noite...
Lembrei do tempo em que as pessoas dedicavam os Olás... Que apertavam a mão... Não encontro mais as crianças brincando nas ruas...
[A virtualidade nos aprisionou, isolou...
Ando louco pra fazer uma guerra de bosta!
Lembrei do tempo em que as pessoas dedicavam os Olás... Que apertavam a mão... Não encontro mais as crianças brincando nas ruas...
[A virtualidade nos aprisionou, isolou...
Ando louco pra fazer uma guerra de bosta!
TUTUTU
PASSADELA
Ela gostava de filmes na madrugada... Ele cuspia na esquina... Era um nobre vagabundo...
[Parecia o Elvis
e a encontrara numa praça-festa. Ela olhou como quem olha pra faca e as amigas perceberam que estava afim.
Ele saiu, não deu nem bola. Cruzou a rua e seguiu, por onde a vida continua...
Ela bebeu mais sete goles da bebida
[sentindo-se como aquela solitária pedra de gelo no final do copo...
e foi viver os seus agoras noutro dia de manhã.
No caderno, cada vez mais grosso, uma frase segurava a linha em branco:
"A vida não existe, já passou..."
SUFICIENTEMENTE LOUCO
Cada um pode ser louco
[suficientemente louco
Para estar na sua loucura...
Pra quebrar os pratos,
Devaniar,
Pensar em coisas que nunca couberam...
Cada um pode, e pode sim,
Achar que é vítima das circunstâncias,
Gemer no vento,
Chorar atônito
Mas o coração
[templo da carne
Finda um dia
E seu findar nunca explica
A pequenez dos fracos.
SANTO TIRANO
Quando nossa mente não outorga ao outro o mesmo direito ao erro, quando atribuímos culpa e não-perdão às falhas alheias, estamos sendo egoístas. Egoístas porque queremos o mesmo perdão
[negado
para os lapsos que são nossos.
Então, quando estamos equivocados, ainda achamos que somos merecedores de perdão, piedade, zelo e compreensão. Temos a razão por sobre a situação. Contudo, quando o equívoco é do outro, julgamos e culpamos. Ora, se a mesma situação pode ser tolerável ou não, é porque nosso egoísmo suplantou os nossos valores.
É certo comigo...
É errado com o outro...
E é aí, em momentos tão singelos e de reflexão axiológica, que nascem os santos e os tiranos.
ESPELHO QUEBRADO
"A verdade é um espelho quebrado..."
O Johan me escutou dizer esta frase e fica toda hora repetindo. É seu 4º jargão mais forte, o 2º mais filosófico,
[no auge de sua filosofia dos 3 anos de idade...
atrás apenas de "Me pega", "A Tati é minha" e "Não existe amanhã, só existe agora...".
De certa forma, cada vez que ele repete a frase da verdade, me faz ficar quieto, observando apenas... Tudo o que sei se resume apenas
[e miseravelmente
àquilo que sei... Quase nada... tão pouco que me impede de fazer qualquer julgamento. E sempre falo demais... Ainda assim falo demais... Cada palavra restringindo o resto, cada "verdade" emoldurando tudo...
O que critico sou eu... sou a feiúra que vejo. E tudo gira tão depressa que às vezes fico do lado de lá da verdade, do lado de fora...
É impossível dar um tiro certeiro na mira móvel da certeza...
PÓLEN DE BROMÉLIA
A frustração é a pior (ou uma das piores) manifestação da alma. É eminentemente egoísta sofrer pelo que não houve, pelo que queríamos que fosse...
Deve-se deixar fluir, como fluem os rios, e esperar que a sincronicidade tape os buracos da estrada da vida. E ela tapa... ela sempre tapa... ela vive tapando...
Mesmo assim eu penso que a dor é um caminho inevitável... mas isso não significa que deve-se sofrer. Deve-se sentir a dor como quem toma um suco de laranja... Deve-se degustar da dor, curti-la, como quem curte a chuva na varanda...
Só assim, desnudo de tudo o que aprisiona a mente, que congela e amassa,
[só assim
pode-se voar solto como pólen de bromélia.
TATUAGEM
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
OSHO E AS ANEDOTAS CERTEIRAS
Um rei, passando por uma pequena cidade, viu algo que acreditou serem as marcas de uma surpreendente pontaria. Nas árvores, nos celeiros e nas cercas, havia uma série de alvos, cada um com um buraco de bala bem no centro.
Ele não acreditava no que via. Tratava-se de uma pontaria soberba, quase um milagre. O próprio rei era um bom atirador, e conhecera muitos bons atiradores na vida, mas jamais vira algo assim. Ele pediu para ser apresentado ao atirador, que era, na verdade, um louco.
— Isso é sensacional! Como você consegue? — o rei perguntou ao louco. — Eu sou um bom atirador, mas nada se compara à sua arte e habilidade. Por favor, diga-me.
— É muito fácil, respondeu o louco, rindo —, eu atiro primeiro e desenho os círculos depois!
TEMPO E DINHEIRO
Acho interessante a necessidade que temos, nós humanos, de substantivar coisas, de calçar a mente com definições exatas, de estigmatizar tudo...
A senhora me perguntou se eu era hippye. Respondi que havia muitas diferenças entre a minha vida e a vida de um hippye, mas se ficava bem pra mente dela me entender como um hippye (a ela pejorativamente hippye), que ficasse à vontade.
Depois, ela me perguntou como eu me sustentava, morando na montanha. Eu detesto essa pergunta... é extremamente deselegante que alguém, que não tenha nada a ver com a minha vida, queira saber como eu me sustento!!! É uma pergunta burocrata e extremamente preconceituosa, mecânica, de alguém que sopesa tudo pelas moedas que tem.
Eu lhe respondi com a máxima do Danilo:
"Minha senhora... tempo e dinheiro são como sol e lua: ou a senhora tem um ou tem o outro. Não se pode ter os dois! Eu, por exemplo, tô cheio, mas cheiinho de tempo. Tenho tempo pra dar e vender... A senhora tem dinheiro, mas não tem tempo. Qual de nós tem mais riqueza? Claro que existe os casos de eclipse, ou seja, aqueles em que pessoas têm muuuuuuuuuito dinheiro e tempo de sobra, que é uma coisa muito rara, e também aqueles em que a pessoa não tem tempo nem dinheiro, este um caso mais comum..."
Por isso que eu prefiro um bolso vazio deitado na grama do que uma conta cheia de noites maldormidas...
sábado, 17 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
A LENDA DO INVERNO GUARANI
O Zapataçu é um índio descendente dos guaranis que, por causa da sifilização branca, acabaram montando tribo na beira da BR-116, que liga Pelotas a Porto Alegre. É um acampamento muito singelo, caracterizado pelas lonas pretas e pelo abandono... é mais uma sociedade dentro da sociedade, uma subdivisão social que impede qualquer tipo de justiça e igualdade.
Mas voltando ao Zapataçu... ele ingressou na Faculdade de Meteorologia da UFPel e, no mesmo e fatídico ano, perdeu seu pai, o pajé daquela localidade. Claro que o nem sempre retilíneo caminho da hereditariedade colocou Zapataçu como o próximo chefe daquela vila indígena, o que aceitou de pronto. Na primeira reunião com os índios, lhe foi cobrado qual seria sua prima-ação em relação à tribo e ele mandou que fosse coletado a maior quantidade de lenha possível, pois aquele inverno prometia ser frio.
Na outra semana, na Universidade, Zapataçu pediu ao professor especializado como seria aquele inverno, em condições climáticas: muito frio e muita chuva, respondeu o docente prontamente. Isto fez com que Zapataçu voltasse à localidade e reforçasse o pedido para que os índios catassem mais e mais lenha. Contudo, já inverno adentro, o tempo contiuava quente e seco, mas a ordem permanecia de pé: Lenha e lenha!
Na Universidade, o experiente professor confirmava a Zapataçu: este inverno vai ser frio e chuvoso, podes crer Zapataçu.
E assim foi... já quase adentrando a primavera, aquele estranho inverno ainda não havia apresentado frio ou chuva. Mas a ordem permanecia: catar lenha. Até que a pressão ao novo pajé ficou insuportável. O conselho indígena reuniu-se e disse, com sotaque guarani:
"Chefe não com razão! Frio não vem. Tribo cansada catar lenha."
Mas Zapataçu manteve a postura e solicitou que a coleta durasse até o fim de semana, pois o frio viria sem dúvida alguma. Enquanto isso, retornou à Faculdade e ao excelentíssimo professor:
Professor... O senhor diz que vem frio mas até agora esse inverno foi quente e seco. Eu preciso saber de onde vem a informação que o senhor me passa que este inverno vai ser muito rigoroso...
Ora, Zapataçu... Eu vou toda semana pra Capital e tu tens que ver o que os índios da BR estão catando de lenha...
MORAL DA HISTÓRIA: A sabedoria é viva, o conhecimento é morto.
DEUS NÃO PODE SER UMA PESSOA SÉRIA
Regozijar-se com a vida é o caminho que leva a Deus. Vá até Deus dançando, vá até Deus rindo, vá até Deus cantando!
Deus já deve estar cansado de seus santos sérios. Durante séculos, esses sujeitos estúpidos... Ou ele deve ter cometido suicídio, vendo todos esses santos — não consigo ter imagens deles em meu quarto —, ou deve ter enlouquecido, ou fugido.
Se você olha para a vida, se essa vida é uma criação de Deus, se essa vida é a expressão de Deus, então ele é um Deus dançante, cheio de flores e fragrância, cheio de canções — muito criativo, sensível —, cheio de música...
Se essa vida é alguma prova — e além dela não há outra prova —, então Deus não pode ser uma pessoa séria.
Visite: www.palavrasdeosho.com
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
AGORAKI
ESQUINAMENTE
A mente
[silenciosamente
Percebe coisas que também sou
Faz suas leituras
Nas linhas dos idos
Querendo respostas que teimam mudar
A mente
[inquietamente
Requer sim, requer não
Inaceitavelmente indúbia,
Impossivelmente incerta
Invariavelmente exata
A mente nunca dorme
Espera na esquina das manhãs...
[silenciosamente
Percebe coisas que também sou
Faz suas leituras
Nas linhas dos idos
Querendo respostas que teimam mudar
A mente
[inquietamente
Requer sim, requer não
Inaceitavelmente indúbia,
Impossivelmente incerta
Invariavelmente exata
A mente nunca dorme
Espera na esquina das manhãs...
INTERRUPT
Voltou a luz de madrugada
Quando eu não queria nada
Nada, nada, além do sono
Um soninho bem can_sa_do
Sol cristal amarelado
Deus no interruptor...
Quando eu não queria nada
Nada, nada, além do sono
Um soninho bem can_sa_do
Sol cristal amarelado
Deus no interruptor...
OSHO 208
Nasce uma palavra
Ela é viva por alguns momentos
Ela pulsa à sua volta
Se você puder ouvi-la, ela entrará no seu ser
[se tornará parte do seu ser...
Ela é viva por alguns momentos
Ela pulsa à sua volta
Se você puder ouvi-la, ela entrará no seu ser
[se tornará parte do seu ser...
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