quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PAPAGAIO DE LUÇARDO


O seu Luçardo é um guarda municipal que tem um papagaio, a Filó.
A Filó ganha tratos de bebê e tá sempre fazendo o que melhor o papagaio faz: ficar papagaiando no ombro de alguém.
Por onde passa, o papagaio do Luçardo chama atenção.
As crianças se divertem, as meninas se aproximam e os homens ficam curiosos.
A Filó faz tanto sucesso que, em pouco tempo, de bicho de ombro, ela se tornou uma estrela, ofuscando até mesmo a presença do Luçardo.
Ou seja, o Luçardo é que virou o papagaio da Filó.

***

Ontem eu vi o Luçardo sair com uma namorada, uma senhora de quarenta e poucos, da casinha do Papai Noel.
Ele levou a namorada quarentona pra ver o Bom Velhinho...
Que legal!
Mas a Filó ele não levou.
Não sei se morreu ou foi trocada pela cônjuge em questão, ou simplesmente ficou em casa descansando.
A real é que o Luçardo parecia (e era) outro homem sem a Filó no braço.
Enquanto que, independente do lugar onde estivesse, a Filó seguia um papagaio, como todos os outros, sem vazio, sem falta de Luçardo algum...
Um papagaio intransitivo, como quase todos os bichos que o homem humaniza...
E o papagaio papagaia em qualquer ombro ou lugar!

***

No shopping eu vi um cachorro dormindo por horas e pensei feliz é ele, que não precisa de chave, emprego, RG, telefone e capacete.
E então divaguei com o cara na esquina se a racionalidade é uma dádiva ou um castigo, mas ele não entendeu muito bem meus argumentos.
Um de nós é um animal.
Mas eu queria ser aquele cusco na tarde louca de quarta...

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