quarta-feira, 12 de março de 2008

DE MANHÃ


Acordava sem falar uma palavra
Como todo mundo acorda
[de boca fechada...

Na frente do espelho
Via que era apenas
Mais um pedaço de nada,

Escovava os dentes
Pra tirar da boca
Os sonhos de tolo, pontes de esperança
Que, na realidade,
Eram apenas dias
Fábricas de rugas...

Beijava seu filho
Como se seu fosse
Brindando o eterno
Que reproduzira

E sua meninice
Que também fugiu de casa
Foi parar no beco
Foi parar na boca
[de ruas banguelas,
mesas retilíneas

Foi pro fim do mundo
Começo de tudo,
Onde encontrara, antes mesmo do meio-dia,
Um tempo novo, de meros pecados

E fechou portão
Seu corpo morria
Uma morte doce
[e intransitiva.

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