sábado, 14 de novembro de 2009

FUTEBOL É FUTEBOL E VICE-VERSA


Eu estava vendo futebol na TV, quando me passou pela cabeça o fato de que tudo (ou quase tudo) está refém da modernidade, uma prisão inevitável dos adventos tecnológicos.
O cinema da Era digital, a cada hora que passa, insere em sua linguagem computação gráfica progressivamente impressionante, fazendo o mundo ruir, os dinossauros viverem, a visceralidade do sangue ferver, carros explodirem e outros tantos... A medicina usa cada vez mais artifícios eletrônicos em microcirurgias e estudos alopáticos. A comunicação rasgou qualquer possibilidade de distância e os formatos de mídia estão diminuindo de tamanho e aumentando de qualidade.
E ainda há todo o mundo de fatores onde a robótica, a cibernética e a ótica estão revolucionando a mente humana e enlouquecendo a vó Sofia.
Agora, no futebol não!
No futebol não adianta... nunca haverá esse papo de raio laser, de chip na bola, de controle cibernético. O máximo que o futebol permite é o fonezinho que conecta o juiz e os bandeirinhas. Só! E aqueles carrinhos de golfe que recolhem o jogador lesionado, mas aí a culpa é toda (e exclusiva) do golfe, que criou esta balbúrdia.
Malditos golfistas... Bom mesmo era o tempo da maca.

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E teve um magro me dizendo que no futuro o juiz será um robô que nunca erra. E que haverá um controle óptico que liga as traves e indicará quando a bola passou pela linha, mudando a cor da redonda (eletronicamente chipada). Também vai haver um telão, onde o lance polêmico será repetido, possibilitando ao juiz rever o veredicto (se o juiz-robô perfeito demorar muito a ser inventado, claro). Ah... ele disse também que vai ter câmeras por tudo... até dentro da bola, no olho do jogador, câmera-mosca (que acompanha a jogada de pertinho, voando) e que os uniformes serão absurdamente tecnológicos, de pele de tubarão ou sei-lá-quê, e possibilitarão aos jogadores voar longas distâncias e fazer piruetas acrobáticas inexplicavelmente malucas.
Mas num futuro nem tão distante, o plano é que o futebol seja 100% virtual. Nem existirá mais essa mania antiquada das pessoas irem ao estádio, nada disso. Tudo virtual, em 5D. Os jogadores serão criados por ultraPCs e serão comercializados via internet. Cada jogo será roteirizado por quem pagar mais, claro, mas o lado bom é que nunca mais haverá um 0 x 0. Nem jogo morno, nem cai-cai. Só jogaço, com goleadas massacrantes e viradas heróicas aos 79 do segundo tempo, com 5 em campo.
E quanto às brigas de torcidas, serão marcadas por e-mail e acontecerão em lan houses, onde programas muito sofisticados simularão uma briga de rua e a torcida que perder terá seu login cancelado pelo servidor local. Vai sim...

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Mas tudo muda na segunda divisão. Na segundona a grana é menor e os investimentos tecnológicos serão restritos. Só microfone de juiz. Será usada bola de couro e campo molhado, com gente (gente mesmo, ser humano de verdade) sentada em arquibancadas arcaicas de cimento, ao céu aberto (urghhh). Haverá suor, troca de camisa e aquelas idiotas comemorações de gol. Mas só praqueles conservadores que pararam no tempo, tipo colecionadores de vinil.

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É o mundo... o mundo gira, e eu parado fico tonto.

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