quarta-feira, 16 de junho de 2010
SAL DE CHATO
Cruzei a fronteira da chatice e devo um níquel pro Caronte.
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É que cada dia que passa eu gosto de menos coisas. Estou virando um velho e chato, acho, tenho quase certeza... Mas quem não está?
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Não gosto de vuvuzelas; não gosto de visitas. Se tem coisa que não suporto é fazer compras e andar no meio da multidão. Não consigo com fôlderes e panfletos nas esquinas, nem com jornais e revistas gratuitos. Tô sem tesão pra escrita e poucos filmes me chamam atenção. Não tô jogando bola nem fazendo esporte algum. Tô detestando café doce e papo sobre espiritualidade. Não aguento mais telefonema demorado e corrida de F1. Antes eu gostava de rio gelado, de água de côco, de brinquedo de parquinho da Fenadoce. Antes eu gostava até de doce... Adorava ler José Simão e ficava acordado até tarde pra ver o Jô: dois chatos, que nem eu. Que nem o Caetano Veloso, o Vitor Ramil. Todos chatos. Eu gostava de ver futebol na Bandeirantes,, antes dela estar cheia de chatos. Gostava de encontrar artistas pelotenses pelas noites... agora noites chatas, e os artistas, vaidosos malas. Gostava de debate político, meu deus. Eu gostava sim... Mas agora, bando de demagogos, safados... todos, uns sem-graça, que nem o cara do mercado e o cobrador do ônibus.
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Alguém ponha um pouco de sal no mundo!?
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Tenho que atentar para o que eu estou me tornando: um chato.
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