sexta-feira, 1 de julho de 2011
SOZINHO NA MULTIDÃO
O coração é a coisa mais perigosa do mundo.
Toda cultura, toda civilização e toda pretensa religião separam a criança do seu coração.
Ele é uma coisa muito perigosa.
Tudo o que é perigoso vem do coração.
A mente é mais segura, e com a mente você sabe onde está.
Com o coração, ninguém sabe onde está.
Com a mente, tudo é calculado, mapeado, medido.
E você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você.
Muitos estão se movendo nela; é uma auto-estrada — concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança.
Com o coração, você está só, ninguém está com você.
O medo o pega, o possui, toma conta de você.
Para onde você está indo?
Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe onde vai porque pensa que a multidão sabe.
E todos estão na mesma posição; todos pensam: "Tanta gente andando, devem estar indo a algum lugar; de outro modo, porque tanta gente, milhões de pessoas se movendo? Devem estar se dirigindo a algum lugar".
Todos pensam assim.
Na verdade, a multidão não vai a lugar algum.
Jamais alguma multidão chegou a meta alguma; a multidão continua a caminhar.
Você nasce e se torna parte dela, e a multidão já estava caminhando antes de você nascer.
E chega um dia em que você acaba, você morre, e a multidão continua a caminhar, porque sempre há gente nova nascendo.
A multidão nunca chega a lugar algum — mas ela dá uma sensação de conforto.
Você se sente aconchegado, rodeado de tantas pessoas mais sábias, mais velhas e mais experientes que você; elas devem saber para onde estão caminhando — e você se sente seguro. (...)
Osho
***
A festa estava tão cheia.
A pista tão lotada de dançantes.
Que o seu Bruno teve um infarto fulminante.
E morreu no meio da música.
Morreu, mas não caiu.
Não caiu porque a massa em festa, apertada, não deixava que seu corpo fosse ao chão.
E assim foi, até o fim da folia.
Duas horas depois.
Todo mundo foi embora, só ficou o morto no meio salão.
Gelado.
120 minutos inerte.
Dançando a alegria dos outros.
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