Eu vi umas imagens do austríaco Felix Baumgartner que bateu o recorde de
queda-livre... ele saltou de 39 mil metros de altitude e isso é tão alto, mas
tão alto que eu não sei se ele é paraquedista ou astronauta.
***
Da câmera da nave dele dava pra ver o planetão azul, que em
vez de Água se chama Terra, seus relevos, suas cores... tudo num tempo parado,
um giro sincrônico com o sol, com a lua e outros elementos do universo... e
eles se mostram todos ora grandes, ora inexistentes... e o astronauta lá, se
preparando para um salto pro infinito... partindo das estrelas e voando, como
um saco de batata voa, em alta velocidade, num breve instante onde nem parece
haver problemas humanos em tamanha vastidão... onde não parece nem mesmo haver
humanidade.
***
E eu estou aqui
Pensando nas horas que não consegui estar
E de repente percebi
Que só estava por estar
E a hora que antes nunca fora
É hora que não volta mais
A hora adiante, tão apressada
Nunca atraca neste cais...
E estou agora
Com o agora sobre o colo
Me fazendo tatuagem...
Como uma sombra inevitável deste objeto-mente
Construindo o que se chama de realidade
Confundindo o tempo com relógios de pulso.
***
Então sentei quieto pra pensar em alguns problemas.
E problemas são como os astros, ora grandes, ora minúsculos.
E eu modulo o tamanho deles em momentos de silêncio, onde todos
fogem e desaparecem...
[Os problemas não suportam quietude!!!
Olho pro céu e vejo algumas nuvens, onde estrelas brincam de
esconder.
O céu é belo e muda a toda hora... É sempre belo o céu.
Meu pensamento sobe a pontos quase que inalcançáveis... e eu
quase bato frontalmente com um astronauta, descendo em queda-livre sem parar...
Um escafandro da outra ponta do infinito...
Testando seus limites demasiadamente corporais...
Ele Irreversivelmente cai enquanto eu momentaneamente saio
Nós dois em sentido contrário, sem olhar pra trás.
E o homem que cai procura a si na Terra;
O homem que sai procura a si na imensidão.
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