
Ontem na noite fiz uma aventura que entraria pro livro das aventuras do Duda, se um dia existir. Capítulo das coisas mais malucas, lá pela página 8.903. É que quando o Johan era pequeno (6 meses), dei a ele um cachorro labrador chamado Pipoca. O Zé Pequeno recém havia morrido e a tristeza da não-presença canina sentida pela Nena e pelo Alemão me fizeram presenteá-los com um cachorrinho meigo, amarelinho, que fedia a leite e pulava pelos cantos, o Pipoca. Virou até música...
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Ele chegou em casa doente e mamou do leite excedente da jovem mãemãezinha Nena, que parecia a vaca das cinco tetas... airbag duplo, enfim... Bebeu do nosso leite, como diria o prefeito..., mais do Jojô do que meu... porque eu sempre me interessei foi pela embalagem, mas isso é uma outra história.
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Depois de um ano na praia do Laranjal, o Pipoca (junto com o Chico e o Kin) foram morar comigo no mato e, a posteriori, na Colônia, pra onde levei mulher e filho. Pois bem... quando fui viajar, o Pipoca sumiu e nunca mais o vimos. Seis meses de procura... A certeza de que agora, com nossa família de volta à praia, tudo seria diferente... Os seres avisaram... o pressentimento virou convicção, e o Pipoca foi visto numa casa na colônia, agora com o codinome Jake.
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Entrei no carro.
Uma caixa de bombom.
Não era pra mim.
Era pra família que abrigou o Jake, digo, o Pipoca.
Chegamos.
Era ele, deitado na grama.
Pipoca!!!
Choro.
Conversas acerca.
Viajamos; Pois eu cuidei dele.
É manso; E lindo.
Apareceu por aqui...
Só que havia um detalhe que não contávamos.
A família não queria devolvê-lo.
Nem dinheiro, nem chocolate.
Queriam o Jake.
E eu, o Pipoca.
2 em 1, como os velhos Sony.
Jaaaaaaake: vem.
Pipooooooca, aqui.
Ele fica.
Ele vai!
Vou chamar a polícia!
Que ingratidão! A polícia?
O cara gordo levou o Pipoca (ou o Jake?) pra dentro de casa.
A mulherada chorava.
A minha e a dele.
E o que estava em jogo agora era a minha reputação com a Nena, ora bolas.
Marido macho, isso que sou.
Grande reprodutor.
O pedreiro jogou o chocolate no chão, para o deleite dos outros cuscos.
Tiveram o privilégio de me chamar de ignorante.
Os únicos no mundo.
E quase deu briga.
Eu ia matá-lo por amor.
Cheguei a pensar rapidamente em sumir dali com o Pipoca e deixar a Mariana.
Ela que fuja de ônibus.
Mas não fiz.
O fato é que eu saí de lá com o Pipoca.
Marido macho.
E meu filho ganhou o mesmo cachorro pela segunda vez.
Nem deu tempo de dizer obrigado.
Nem tchau.
Mas agradeço, de coração, pelo cuidado que tiveram.
É o apego, disse o cara.
Mas se alguém tem que dormir mal, que seja ele e não eu.
Cordialmente, em algum lugar do cosmos, agradeço.
Pelo Jake, digo, Pipoca.
Até uma hora qualquer.
A gente se vê...
Ops... cuidado aí com as pedras...
Aquele abraço.
Fui.
Fomos.