quarta-feira, 26 de outubro de 2011
A PIOR MENDICÂNCIA
Eu cursei Direito até o 5º ano na UFPel.
Faltava 1 pra eu me tornar um bacharel, mas desisti enquanto havia tempo.
Não consegui me imaginar de relógio, vivendo de reclamatórias e frequentando fóruns cheios de playmobils de terno e gravata.
***
Na faculdade vi um monte de absurdo humano que daria pra fazer um livro.
Por fim, eu só não consegui concluir se foi o Direito que se livrou de mim ou se fui eu que me livrei dele!
***
Um dia, numa aula de Direito do Trabalho, o professor entrou, sentou-se com soberba e falou pra turma, embora parecesse que falasse pra mim:
Vocês têm que ganhar dinheiro!!! Vocês têm que encher o bolso de dinheiro! Eu sei que aqui tem gente que só quer poesia... Poesia não enche barriga... vão comer poesia? Vocês têm é que ficar ricos!
Eu aproveitei a deixa, me levantei, saí do prédio e joguei meus livros e cadernos na primeira lixeira que encontrei, ainda na rua Anchieta, e nunca mais voltei. Nos outros livros que eu tinha, fiz textos relatando o que sentia e doei-os pra biblioteca da faculdade, na vil esperança de mudar alguns cabeça-de-jaca que fediam lá por dentro.
[Ou era eu quem fedia? Não sei!
O fato é que eu nunca soube se o professor otário merecia um soco ou um beijo.
***
Lembrei nisso porque hoje estou sem relógio de pulso e com o bolso cheio de poemas.
O Direito me ensinou a argumentar e a jogar sinuca.
E a vida segue, amor e dor, poemas e moedas...
E descobri que a pior miséria não é comer poemas...
A pior mendicância são o amor implorado e a alegria comprada!
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Um comentário:
Nossa a gente viu muita coisa lá mesmo! E é triste...
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