quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O TIMONEIRO E O ASSALTANTE


Acordei na madrugada ouvindo a chuva. Segui o raio pela casa afora, o quintal, o fim da rua, o outro lado da cidade...
Ele foi embora com a tempestade, navegando pelo céu de matizes variadas...
Era o sol trazendo o amarelo, o rosa... até também sumir pela grande nuvem cinza que teimava em ficar.
E assim foi aquela rápida manhã, que parece até nem ter havido...
Pensei em como as coisas vêm e vão, como tudo se transfora, como a vida passa tão celeremente...
Pensei em como vários fatores nos conduzem por caminhos pré-determinados e como nossas escolhas, muitas vezes, a grande maioria delas, não são nossas escolhas.
São circunstâncias óbvias.

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Como ser um timoneiro de um barco que anda à deriva e passa rápido por este oceano chamado vida?

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Da vida não se leva nada, mas se deixa muita coisa.
Bukowsky disse que o cidadão que deixasse U$ 10 mil de herança era um fracassado.
Até concordo com ele, em certo ponto.
Mas creio que o grande fracasso da vida é não ter amado ou desistir de uma paixão...

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O cara assaltava universitárias e, antes da fuga, exigia um beijo na boca.
Várias prestaram queixa naquela delegacia do interior de Pernambuco.
Uma amiga achou uma estupidez, um marginal querendo beijo na boca.
Detestou esta modalidade criminosa, que machucava com a coronha e acariciava com os lábios...
Que nojo!, dizia ela.

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Foi então que eu lembrei de uma modalidade muito pior, o assalto seguido de morte.
Percebi que o amor e o medo (que cria o ódio) são fronteiras do mesmo acre; uma tela que divide a mesma cercania.
Tanto são a mesma coisa que o assaltante pernambucano conseguiu resumi-los em uma nova e única infração:
O assalto seguido de beijo!

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Se a vida deste amado marginal se resume em amor ou medo, isso eu não sei...
Mas a passionalidade segue sendo a grande onda no mar da existência.

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