segunda-feira, 14 de abril de 2008

EU GALÁCTICO


Flutuo... minha essência sobe enquanto o corpo ainda dorme pela cama larga. Vôo, no sentido alado da palavra, ultrapasso os telhados da cidade e vejo estrelas pelo chão da Terra. Mas o meu ver, neste estado cru de ser, não é o ver para fora da cara: é uma visão pentadimensional, de 360º... um entendimento silencioso do nada, sentido contido do todo, imerso na imensidão do tudo, na infinita impermanência das coisas que, ao mesmo tempo, são ilusões de verdades mortas.
Vejo a lua... tão bela e, ao mesmo tempo, insignificante num universo tão vasto. É pedra na beira do rio... Poderia vencer as barreiras até a 10ª dimensão, onde se originam as energias que movimentam o cosmos e onde as luzes realmente nascem, mas resolvi apenas pairar, como uma gaivota contra o vento da Lagoa, e observar a pedra azul e verde que chamamos casa. Também pequena, como costumam ser as coisas perto do imensurável, mas repleta de questões inúteis, que brotam dos dogmas que brotam das mentes que brotam da sujeira acumulada na genética humana, vestida da feiúra das roupas e crenças incertas dos não-animais.
Se era noite ou dia, não recordo. Até porque isto é fato limitado num mundo que gira entre a luz e a escuridão, significado-mor implícito em nossa passagem na carne... sair da escuridão e alcançar a luminescência... Mas então os humanóides, que entre todos os desejos incabíveis gostariam de ser deus, sem entender que os deuses neles moram, não percebem que entre suas doses de anti-depressivos flores nascem, que entre as bombas no Oriente o amor floresce, e que o amor é mais que o sexo e a posse... Não percebem que as muletas de seus valores os aleijam e os cegam e que a essência de suas vãs procuras está na simplicidade de seus corações... que o poder é ácido e que as fronteiras não existem fora de suas cabeças... que o conhecimento é diferente da sabedoria, pois um aprisiona, o outro liberta... e entre tantas coisas que eles, humanos, não entendem, é a necessidade do silêncio, professor calado... porque se há um universo fora, há um universo dentro. E os ETs, que são procurados nas alturas, pedem atenção de dentro do peito.
E antes que eu desça na ilusão medida da velocidade, noto que o medo, contrário exato da palavra amor, é o exército a ser batido. O perdão, grandioso atalho da leve nobreza, conduz à paz, ar puro que pra tantos inexiste. E a preservação da espécie, que por ser virótica, denigre, só é possível quando se fizer entendido que cada unidade é outra igual unidade é outra igual unidade... divina.
Tudo que pode morrer, morrerá!

Nenhum comentário: