segunda-feira, 19 de novembro de 2007

PEDRUCA E A FEIRA DO LIVRO DE PELOTAS

O Pedro Marodin é o poeta pé na estrada. Um amigo de todos os lugares que viaja o Brasil afora vendendo livros e deles tirando seu $u$tento (embora saiba que o sustento do homem seja muito mais que grana, chamarei assim sua féria). Funciona desta forma: ele faz uma megatiragem de seus lindos livros (Diário de um poeta pé na estrada, O grande minerador, Buquê de flores e, por fim, Sem meias palavras) e sai sem rumo certo, vendendo em bares, restaurantes, feiras e afins.
Ele esteve aqui em Pelotas agora, para a Feira do Livro, e passou 23 dias na minha casa. Dentre as idéias que trocamos, uma que gostaria de expor.
Pelotas gosta muito de coçar a barriga, dizendo, um tanto quanto prepotentemente, que é A Cidade da Cultura. Eu amo Pelotas e acho, realmente, que as manifestações artísticas aqui são muito fortes. Nem se compara a Santa Rosa, de onde venho, ou quaisquer outras cidades do interior sul-rio-grandense. Até PoA treme as pernas pra Princesa. Mas isso não se deve, de forma alguma, ao Poder Público, pois o ente Estado já morreu há muito e hoje, como outro cadáver comum, só serve pra feder. Pelotas vibra pela garra dos seus artistas, em todas as ramificações.
Pois bem... o Pedruca esteve aqui, com seu Passatão Chocolate carregadinho de livros. Veio confiante na Feira do Livro, que começava, e no retrospecto positivo de Pelotas em sua vida. Ele diz que aqui é o melhor lugar do Brasil pra vender. Mas aí, chegando na Praça Coronel Pedro Osório, deparou com aquela triste realidade: estandes tomando conta do entorno, restringindo espaço, sem promoções dignas do maior evento literário da cidade - simplesmente lojas na praça -, sob uma organização que cobra caro para que se possa vender mais caro ainda. Onde está a babada Democratização da Cultura? Sinceramente, amigos, na Feira de Pelotas não há. E o Pedruca, que vende graças a sua simpatia e seus devaneios poéticos, foi impedido de vender na Feira do Livro. Motivo: não havia pago estande. Mais: não era permitido "ambulantes" no local.

Mas eu vendo os meus livros!!! falou o Pedruca.
Nada de livros por aqui!!! respondeu ironicamente o representante da organização.

E se tivesse insistido, o Pedruca teria seus livros apreendidos, rasgados e queimados em plena praça XV. É a Inquisição da Cultura.

Democracia é, realemte, uma palavra inerte que nunca existirá fora das bocas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pedro Maravilha! A Arte é o Estado Democrático 'per se'. Que queimem-se os livros. Queimaram bruxas e sutiãs e olha no que deu. Sempre há a volta. Gira tanto que têm burorganizadores tonto. Sorte a dos perambulantes que já caminham no fluxo...

(visse a foto do passat? vou publicar no flickr. Beijo, querido)