sexta-feira, 3 de julho de 2009

O VIZINHO DE BAGVAM


Bagvam tinha um cavalo, um lindo cavalo baio. Era realmente o mais belo cavalo que havia naquele reino (que por sua vez havia naquele canto do mundo) e que, por sua robustez, alimentava a inveja de todos os lindeiros.
Certo dia o campo amanheceu vazio: o manga-larga de Bagvam havia sumido. Ou fugira ou fora roubado, concluiu Bagvam durante uma caminhada silenciosa pelo prado.
O vizinho rapidamente se aproximou.
Que azar Bagvam... Era um lindo cavalo... Mas eu bem lhe dizia: um dia ainda hão de rouba-lo... Que azar!

***

Passaram-se treze dias. Bagvam abrira a janela e viu, próximo à pequena cerejeira, comendo gramas, não só seu lindo cavalo baio que voltara, mas também um corcel negro, tão (ou mais) belo que seu manga-larga e que retornara juntamente ao outro para seus domínios.
Bagvam sorriu. Abriu rapidamente a porta e encontrou o vizinho observante.
Que sorte Bagvam!!! Além do retorno do manga-larga, você ganhou de presente um lindo corcel negro. Realmente você é um homem de sorte!

***

O filho de Bagvam tratou de domar o corcel negro que chegara, embora fosse extremamente forte e arisco, o cavalo novo. Depois de alguns dias de dedicação e trabalho árduo, o jovem sofreu uma queda e acabou por fraturar ambas as pernas. Imobilizado, passou a espreitar a cavalada pela janela de seu leito, em descanso recomendado pelo velho médico do vilarejo. Mas o vizinho, como de costume, não deixou de se aproximar.
Que azar Bagvam!!! Seu rico e formoso filho... Agora na cama, com as pernas fraturadas... Parece que, de alguma forma, eu sabia que este cavalo preto lhe traria mal agouros... É realmente um grande azar...

***

Sete dias se passaram e, como de costume da humanidade faminta e bélica, naquele canto do mundo, também, a guerra foi declarada. Todos os jovens do reinado foram convocados para a cavalaria e a infantaria, exceto os inválidos, como o filho de Bagvam. O filho do vizinho, com as pernas em forma, juntou-se às centenas de alvos da linha de frente de batalha. E o vizinho, naquele mesmo dia, apareceu.
Que sorte a sua Bagvam... Seu filho foi poupado da guerra. Isto é realmente muita sorte...


MORAL: O julgamento é a armadilha dos idiotas.

Nenhum comentário: