sábado, 10 de julho de 2010

CANTEMOS


Cai a chuva lá de riba tamborilhando no chão
Eu canto, que o peito canta, na rima do coração
Cantemos que a vida passa
Como chuva de verão...

***

Eu já vivi outras vidas. Ao contrário de muitos amigos meus, que já foram imperadores, Jesus (tenho dois amigos que já foram Jesus), mártires, eu fui um operário... Trabalhei tanto que nesta vida eu não quero nada... só vagabundear.
Fui com o Dico e o Nando visitar o cemitério... o túmulo dos avós, do pai e até do tio Torres, encontrado na sincronicidade. Então pensei, ao ver uma cova aberta, a terra espalhada no chão: se eu já tive outras vidas, é porque eu já morri também outras vezes. E se o eu que já morreu estivesse enterrado aqui, neste cemitério? E se o meu outro corpo, passado, já estiver putrefato e comido pela terra, então eu posso ser esta terra aqui, que o eu novo pisa agora. Posso até estar numa árvore dessas, que sombreia a cidade dos mortos... a cidade que só cresce... Então o eu de agora pode estar pisando na terra do eu antigo... ou até mesmo cheirando a nova flor deste ipê em que me transformei.

***

Morrer não deve ser ruim. Todo mundo tá rindo nas fotos... E ninguém vai embora nem reclama...

Nenhum comentário: