terça-feira, 13 de julho de 2010

PEDRAS E LINHAS


Depois de alguns anos, caminhei por Santa Rosa, minha cidade natal. Aqui, já não lembro o nome das ruas, das tias e primos nem tão próximos assim, das pessoas... não conheço mais ninguém. As referências pontuais, quase todas perdidas. Lojas e comércios trocam de fachadas, trocam de placas, e parece que tudo é perto da casa da mãe, o centro do mundo aqui.
As ruas de pedras irregulares guardam estranhas linhas retas, como é metódico o progresso e estigmatizados os conceitos do correto... O alemão cortou a amexeira onde eu brincava e os vizinhos seguem invadindo a casa livremente pra saber como estamos todos, nossas profissões, os filhos, o quanto ganhamos e todas as informações possíveis que alimentem suas coleções mentais de vidas.

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Mas todo motorista para na faixa de pedestres.

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Tudo é cultural. A mente interpreta o mundo... É impossível ver o que não se pode entender. E todo entendimento chega no momento certo... nem um minuto a mais. Embora não pareça, o mundo começa e acaba no um. A cada indivíduo cabem seus passos e suas direções... E cada um elabora os conceitos que consegue... e executa aqueles que pode. Mudando a si, muda-se o todo.

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Porque a sociedade é como as ruas irregulares de Santa Rosa... Repleta de pedras tortas e linhas retas.

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