terça-feira, 14 de junho de 2011

CORONEL POETA E O PORTUGUÊS CORRETO


A menina me disse ontem que se a gente bebesse água demais o estômago delataria. Delataria até a morte, e eu pensei o quão confusos podem ser os caminhos de um idioma.

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Na ditadura militar muitos delataram à base de água.

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Dizem que em toda história de Pelotas, em todos os seus 200 anos, apenas um homem nunca cometera nenhum erro de português. Um homem apenas... sem cacofonias, sem aquele descuido natural dos plurais, (a menina me disse também que estava com dor nos ), enfim... um indivíduo que de sua preciosa e magnânime boca nunca saíram fonemas picarescos, excêntricos, burlescos nem extravagantes...
Mas eu já estava esquecendo, o nome dele é Coronel Poeta. O nome mais bonito que eu já ouvi em toda minha vida, junto com Lobo da Costa, Fernando Pessoa e Chico Buarque.
[Isso sim é que são nomes de poetas... Lobo da Costa... Fernando Pessoa! Chico Buarque!!! Duda Keiber não é nome de poeta... Duda Keiber é nome de tenista de Santa Catarina... É nome de vendedor de petshop em Santa Cruz do Sul.

Isso é que são nomes! Mas o do Coronel Poeta é muito mais bonito. Ainda mais por saber este fatoresco pito, dele unca ter falado uma bobagem idiomática sequer. Nenhum menas... nenhum porquê equivocado. Nada. O Coronel Poeta nunca errou. Ele só errou quando pensou estar errado!

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E eu tô tão longe do Coronel Poeta na língua portuguesa que eu até poderia ser o Soldado-raso Alfarrabiano.

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Mas o legal é que a linguagem se transforma. A cada dia nascem e florescem neologismos, novas forma de escrever. Novos jeitos de teclar. Tc. Me add no msn! qq hr tc ctgo, sem ponto nem letra maiúscula, nem parágrafo... Para o terror do Coronel Poeta... Para a dinâmica pressa que vibra dentro da língua... E eu aceito essas transformações... é uma onda que eu surfo, saca? Se não a língua seria rocha e não língua.

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Eu tenho um amigo que ainda usa máquina de escrever, onde nenhum neologismo é aceito...
A máquina de escrever não admite resumos... ela é um veículo que só os ases dominam. Até o plim do fim da linha. Ela é feita para os pacientes esforçados.
E para caras como Coronel Poeta.

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