quinta-feira, 30 de junho de 2011

O MÃO-DE-VALSA


Quem nunca ouviu falar em "Pé-de-valsa"? O pé-de-valsa é o cara bom de baile... o bom dançarino. Quer dizer que quando o cara é uma fera no requebra, ele é um pé-de-valsa.
Até aí beleza.
Mas hoje eu fiquei sabendo que existe uma doença rara, popularmente chamada de "Mão-de-valsa", e o Bermudez conheceu um indivíduo em Jaguarão que tinha essa doença.

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O nome dele eu não vou dizer, mas eu sei que ele era fulo com a tal doença. Claro, se uma anomalia que acontece em 1 entre 100 milhões de pessoas acontecer logo contigo, no mínimo tu vais ficar de cara.
O que acontece é que a tal doença deixava a mão com vontade própria. Isso mesmo, a mão fazia o que queria... Quase um ser autônomo preso na ponta do braço.
Não adiantava nem tentar dialogar: a mão fazia e acontecia, literalmente, e colocava seu dono em várias frias, por assim dizer.

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Ele conversava com um amigo e, de repente, a mão-de-valsa tentava um tapa. O amigo desviava algumas vezes... mas em outras levava um bofete no meio da cara... Aí o amigo do Bermudez dizia: Não fui eu, foi a minha mão. Parece o programa do Chaves, mas o Berma jura que era verdade.

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Ele passava pelo mendigo e a mão jogava a moeda por vontade própria.
Uma bunda redonda então... a mão-de-valsa não podia nem ver.
Petisco em festa de aniversário. Campeonato de par-ou-ímpar... A mão-de-valsa era super-social.
E quando a mão-autônoma exagerava,

[ela começou a roubar e a meter o dedo no rabo dos amigos num cutuco rápido e incisivo, vê se pode???

ele metia ela à força dentro do bolso da calça jeans e a mantia presa pro resto do dia.

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Os amigos deixaram de convidá-lo pro futebol, porque a cada vez que os adversários cruzavam a bola na área, o mão-de-valsa fazia um pênalti.
No trânsito, fazia xingamentos exagerados a todos os motoristas... várias vezes deu briga.
Havia dias que ele tinha vontade de cortar a mão-boba fora...

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E um dia, o amigo do Bermudez foi jogar na loteria.
Pensou em 6 dezenas, mas a mão-louca jogou em outras.
E ele ganhou.
E ganhou sozinho o prêmio acumulado.
E foi eternamente grato à mão.
Lhe presenteou com anéis, pares de luva...
As melhores manicures...
Os melhores massagistas...
Os mais caros cremes e cosméticos...
E a relação foi ficando cada dia mais linda que se enamoraram.
Ele e a mão.
A mão e ele.
O sexo entre eles era uma loucura.
E ela passou a ser comportada.
Quase submissa.
E fiel, o que era melhor de tudo.
Silenciosa, carinhosa...
Uma companheira sempre presente...
Que lhe escrevia belas cartas e poemas...
Lhe coçava o saco como ningué, fazia cafuné.
Então ele descobriu, definitivamente, que a alegria sempre estivera a seu alcance...
Ela sempre sabia do que ele precisava.
E ele parecia conhecê-la totalmente.
Como a palma de sua mão.

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