quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O AMOR E A LEGO

Eu vi o Jojô e o Pepê brincando com Lego e isso me fez refletir...

[na real, muitas coisas - e às vezes mínimas coisas - me fazem refletir, nesta mente altamente reflexiva, inclusive duas crianças brincando com Lego.

Mas, como dizia eu, os guris brincando com Lego me trouxeram uma reflexão sobre a humanidade e, muito mais importante

[para mim

sobre eu mesmo.

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A Lego, que vem do dinamarquês leg godt (brincar bem), foi criada na década de 30 por Ole Kirk Christiansen, e ainda hoje é um sucesso mundial. Consiste em vários brinquedos divididos em partes desmontáveis, com as quais se criam castelos, carros, pistas e o diacho a 4.
Mas o que eu acho mais interessante são os bonecos que, embora feitos de partes diferentes, resultam em peças sempre semelhantes.

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Eu lembrei dos alunos do Direito, que eu associava aos bonecos Lego, pois mudam cabelo e roupa mas são sempre iguais.

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Mas não é só com os alunos do Direito que isso acontece...
Os Legos se repetem em vários clãs, várias tribos, onde seus elementos se identificam e se assemelham entre si, escolhendo vestimentas e cortes de cabelo similares para estarem, digamos assim, associados e reconhecerem-se no meio da multidão eclética e multifacetada.

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No Carnaval o cara começou a usar chapéu Panamá.
Os góticos de preto.
Os maias com taidai.
Os jogadores de futebol, médicos, advogados...
Os biólogos, os rastas, os políticos e os vendedores.
Na verdade, são microssociedades dentro da mesma sociedade.
Uniformizam não só roupas, mas maquiagens e gírias.

[muitas gírias que formam pseudo-idiomas novos

E são facilmente identificados onde quer que passam.

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Claro que este conceito Lego é limitador, pois a verdadeira essência do ser independe de sua aparência.
Eu mesmo já vesti gravata, taidai, pintei o cabelo de azul e fui da moda colona.
E hoje eu fico questionando o que minha vestimenta representa.
Quem me vê passar me encaixa também em alguma "tribo", mas eu, hoje, não sei de que tribo sou.
Então eu descobri que minha essência, embora limpa como a água do rio

[que suja e volta a limpar

minha essência também é mutável.
Eu já acreditei em tanta coisa que não acredito mais...
Já fui de tanta tribo extinta da face da minha mente...
Mas mesmo assim, ao olhar a meu redor, percebo pessoas diferentes, mas com alguma afinidade ou semelhança àquilo que acho que sou agora.
E reparei que fui injusto com os Legos do Direito.
Injusto, pois todo mundo é Lego.
E o que importa não é nem a aparência nem as crenças nem a essência do ser.
O que importa é dar fluxo ao amor, perfume insubstancial que une todos os seres.
O amor é o único bem que quanto mais a gente reparte, mais tem.
Diferente das peças do Lego, que quanto mais a gente reparte menos pode fazer.

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Então ame com afã
Independente de seu clã!

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