domingo, 25 de agosto de 2013

O HOMEM E OS GOLFINHOS


Em Laguna, Santa Catarina, ocorre um fenômeno talvez inédito em toda humanidade. Lá, pescadores trabalham em conjunto com os golfinhos,
[ou botos, no linguajar local

numa interação entre espécies tão rara quanto bela, singela e mágica, proveitosa a ambos, homens e golfinhos, e ninguém sabe como aquilo começou.

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Existe, neste caso, uma óbvia aproximação de um ser “racional”, o homem, e de um animal “irracional”, no caso o golfinho. E, desta interação, surge uma dúvida: o homem compreende os golfinhos ou são eles, botos, que se aproximam da dita mente racional humana?

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Então, o grande questionamento resultante é se a racionalidade humana é uma dádiva ou um castigo.  

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Vejamos... neste planetão azul, a racionalidade é o que difere os hominídeos das outras espécies. A racionalidade é a propriedade de utilizar elementos da lógica e dialética em pensamentos sequenciais até atingir uma conclusão embasada em conceitos criados através dos milênios da mente instrumentalizada. Ou seja, através do conceito racional o homem estabelece regramentos de convívio, transforma elementos naturais oriundos da Terra em produtos manufaturados e artificiais que não mais são aceitos no processo orgânico terreno (como petróleo em plástico, a pedra em concreto, a água em tinta etc), se torna a única espécie que produz o conceito de lixo, de guerras, que solta bombas químicas e defeca na água que bebe. E, sob esta ótica, a racionalidade é um castigo.

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Contudo, há dois aspectos que tornam a racionalidade uma dádiva, que são a arte e o esporte. É neles, arte e esporte, que o suprassumo da vida e do amor são reduzidos em belas ações, em competitividade sadia (pois a única forma de competitividade sadia entre os homens é o esporte), em quadros, músicas, arquitetura que se assimilam à flor que abre, às cores dos bichos, à música das baleias e aos ninhos dos pássaros... Assim, em toda manifestação humana embebecida de amor e outros sentimentos que conduzem a breve passagem dos homens niilisticamente ao esquecimento, a arte e o esporte são o que há de dadivoso em nossa mente dita superior e “racional”.

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Neste ínterim, ao indefinir a racionalidade como boa ou ruim, também não conseguimos definir a essência humana, já que a mente precede (e propaga) a existência. O homem é bom ou ruim por natureza? Qual é a nossa saga e nossa sina como espécie e para onde conduzimos nossa genética que, muitas vezes, nem parece natural como a dos animais e plantas que pela Terra insistem em brotar.

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E neste breve post, movido pela racionalidade e intencionado à conclusão, como praxe humana, penso que a natureza do homem não pode ser apontada como boa ou má, mas sim o conjunto de ações individuais de cada elemento que compõe a espécie. Temos homens belos e, outros, bélicos. Temos artistas e temos arteiros. Temos pacificadores esperançosos e tiranos egoístas, mas nenhum deles consegue resumir sua espécie, que incógnita, viaja pelo espaço-tempo a transformar seus arredores, sem destino nem ponto de chegada.

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E, entre uma era e outra, momentaneamente, o homem para numa breve pescaria com seus irmãos nadadores golfinhos. Entre eles, muito mais que simples tainhas: o segredo nunca revelado da humanidade.
A bondade e a maldade são, também, como a própria existência da mente que os julga, ilusões passageiras.

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