terça-feira, 13 de agosto de 2013
TALVEZ ALGUÉM
Eu vi uma mulher, incorporada por um espírito, chorar por uma vida que já passou...
Ela dizia que era homem, que lutara no Contestado, que queria sair de um buraco.
Outra chorava pela mãe, que a havia abandonado.
E aí a mãe apareceu, em outra médium, chorando pela filha...
Se deram mãos e se abraçaram, como num emocionante reencontro...
E eu fiquei pensando onde é que andavam
[e andam
essas almas desencarnadas?
***
Será que existe um lugar?
Uma casa, uma morada?
Onde descansa a pobre alma
Desencarnada?
Será que é sala de espera
Com sofás, revistas de fofoca
Será que tem ventilador,
Secretária e pipoca?
Um dia eu sei, vou pra lá
Vou chegar de madrugada
Uma mala, um bom livro e um violão
Será que dá pra levar coisas para o nada em vão?
***
O médium curador operou sem corte, fez reverências, girou e falou numa língua estranha...
E sanou um câncer de próstata...
Outro voltou com recado do pai, da dívida, da mulher traíra...
E eu pensei no que eu vou levar pro mundo dos espíritos...
O que, desta vida breve, irei chorar, buscar, procurar?
O que de fato eu levo desta minha passagem insanamente humana?
E
[talvez mais importante
trago eu dos outros corpos pelos quais morri?
***
Pra mim, não existe morte após a vida.
Todas as coisas estão relacionadas...
Carmas e darmas infindos, amores que vão e vêm
Talvez tenhamos essência...
Talvez sejamos ninguém...
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