terça-feira, 15 de dezembro de 2009

PRIMITIVO ROSAURO


Ele achava que ninguém no mundo tinha o nome mais feio que o seu... Na real, sua mãe, quando o chamava pela rua, parecia sempre brava. Parecia... ela era uma mulher bacana, a dona Lorena, o nome de seu filho, Primitivo Rosauro, é que soava como um xingamento.
Os amigos, pequenas e cruéis crianças, zombavam de Rosauro pela feiúra do nome. Feiúra tão intensa que sujava a cara, fazendo com que aquele menino fracote, mas meiguinho, ficasse feio também. E isso foi pela vida afora, em todas as fases, aquele nome
[Primitivo Rosauro
foi, na verdade, uma condenação... uma prisão pertpétua.
***
Não arrumou namorada... não conseguia se apresentar em público... Não queria ver seu nome em nenhuma lista de universidade ou concurso federal... guardou a sete-chaves sua genialidade musical apenas para nunca ser famoso...
Ele não se olhava no espelho... não tinha fotos dos pais... não foi batizado, nunca se casou... não organizou eventos nem lançou negócio algum que pudesse revelá-lo, de alguma maneira, à sociedade que, mesmo quieta e inerte ao seu anonimato,
[o melhor dos anonimatos

o ameaçava pelo simples fato de existir.
***
E quando morreu, já velho, seu nome fora timbrado na lápide e o acompanhou pelos idos, enquanto existisse memória.

Nenhum comentário: