quinta-feira, 17 de março de 2011

AUTOSSÍMIO


Lembrei de um fotografia.
Meu pai e minha mãe, de mãos dadas, na cascata do Itiquira.
A foto existe, ao contrário de meu pai.
Digo, nesta dimensão.
[a dimensão dos disfarces.

Mas no meu sonho, tudo continua.
Parece ontem, parece amanhã.
Minha mãe irá.
Depois eu, depois meus filhos.
[a fotografia ficará um pouco mais

Então eu tive a sensação de que ainda era criança.
E era então o pai de um outro filho.
Não só o filho de outro alguém.
E joguei bola pela grama.
Enquanto a vida terminava.
Sempre terminando, desde que nasci.
E terminando rápido.
E eu jogando.
E fiz um gol.
E a vida terminando...
Ganhei abraço.
E um sorriso.
Do pai, da mãe.
E a eternidade, disfarçada de genética.
Vem dos símios até mim.
E continua vindo.
Como um trem sem fim.
[um trenzão sem fim.

Um comentário:

Vani disse...

Finitude gera sempre inquietude! Mas vá lá...melhor assim (talvez)!

Beijos