quinta-feira, 17 de março de 2011

IMPERMANÊNCIA


A suíte em que eu costumo ficar no sonho está fechada pra reformas.
[ou deve estar

Faz um mês que eu não a visito.
Desde o último capítulo.
Mas o fato, e bom fato, é que ela me conduziu a um preceito fantástico.
A impermanência.
Pois nasci condenado à tridimensionalidade, à matéria.
Ao corpo.
Ao mundo.
[ao mundo que cerca o mundo.

E o mundo tem uma mania alucinante de mudar a toda hora.
Tão contagiante que atinge até mesmo as ideias mais restritas.
Residentes uma dimensão acima.
[escondidas no fundo das entranhas duma dimensão acima

Contaminadas pela mania de mudança, as certezas também mudam a cada piscada.
E se tudo muda, e eu também quero poder mudar.
Aqui fora.
Nesta vida.
Do início ao fim.
Da mentira à não-mentira.
[e voltando à mentira-não-mentira

Na frequência lunática de conclusões obsoletas.
Que se sobrepõem como os agoras.
Porque a certeza é como um barco acorrentado à corredeira.
E eu não quero, a partir deste momento.
Ter razão alguma, moldura, apelido ou telefone fixos.

Por isso eu peço que mesmo que eu jure
[de pé juntos

Jamais acredite no que eu digo.

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