domingo, 7 de julho de 2013

ONLIÚ

O Nenê Oxley era o professor pardal da galera. Sem grana pra fazer grandes investimentos em sua sapiência experimentativa, o Nenê engembrava, por assim dizer, mas não desistia de suas invenções. Era praticamente um MacGyver morando na rua Guaíba... e todas as suas criações terminavam amarradas com arame.

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O Nenê também tocava contrabaixo na MS Band, que foi sucesso total nos bailes das décadas de 60 e 70. A MS Band fazia covers de Beatles e Elvis Presley como ninguém...lotava os salões e a poeira levantava sob as saias brasa-moras e as calças boca-de-sino.
Mas o mais surpreendente de tudo isso é que ninguém na MS Band falava inglês, mas todos cantavam em inglês. O segredo era a Sônia, mulher do Nenê, que ouvia as músicas inglesas e escrevia num português soniático (ou era inglês nenista?), ou seja, uma tradução aportuguesada com neologismos homofonéticos das letras saxônicas (uau!).

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Onli-ú
Ken meiqui au dãs urold sim ráit
Onli-ú
Ken meiqui dê darquinés braiti...

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Mas a MS Band era boa mesmo, tão boa que músicos de todos os lugares, quando vinham pra Pelotas em turnê, contratavam a troupe do Nenê para banda base. E foi assim que os The Platters chegaram aqui no Paralelo 30 pelos idos de 1970, ciceroneados pelo Nenê Inventor-baixista e a Sônia, a única da galera que “falava” inglês.
Numa curtida de tarde, eles levaram os Platters pra conhecer o Laranjal. Mas na Adolpho Fetter, o jipe-inventado do Nenê estragou... No acostamento, várias (e improfícuas) tentativas de girar a chave... O Nenê e a Sônia se olhavam... os Platters se olhavam... E quando os olhares latinos e americanos se cruzaram, a Sônia falou:
Vocês ken pãch?

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E lá foram os Platters empurrar o jipão do Nenê na direção de Orange Beach (o Laranjal da Sônia).

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O Papa, já cansado de sua superprotegida vida papal, pediu (ou ordenou?) ao seu motorista que o deixasse dirigir, ao menos uma vez, aquela limosine.
Sem ter como negar um pedido de sua santidade, o motorista deixou.
O papa engatou a 1ª, 2ª, 5ª e se tivesse 8ª, engataria.
Em poucos minutos dirigia (santificamente) a 240km/h na autostrade  per l’Italia.
Um policial rodoviário saiu em perseguição...
Luzes azuis e vermelhas... sirenes no retrovisor do papa-Senna.
Papa-Senna no retrovisor...
Encosta... encosta...

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Quando da abordagem, o policial ficou assustado e ligou imediatamente para o delegado superior.
É que eu abordei um sujeito que é muiiiiiiito importante chefe... não sei o que eu faço.
Como assim muito importante?
Muito chefe, muito importante.
Mas quem é esse sujeito afinal?
Olha... quem ele é eu ainda não sei, mas pro senhor ter uma ideia, o motorista dele é o papa!

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Aqui eu imaginei essa anedota acontecendo com o Nenê.
Os azuizinhos de 70 chegando pra fiscalizar aquele jipe pifado.
Ligando pros superiores, dizendo que o cara do jipe era quase que inabordável.
Por quê? Só pro senhor ter uma noção, quem tá empurrando o jipe dele são os The Platters!

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Esse cara é o Nenê.

4 comentários:

Francisco Antônio Vidal disse...

Olha, eu lembro quando criança um anúncio dos Platters, mas o Diário publicou em 2002 que era a primeira vez deles em Pelotas. Como é que fica?

srv-net.diariopopular.com.br/15_08_02/ac140801.html

Francisco Antônio Vidal disse...

Outro detalhe, nos anos 70 a Ferreira Viana não dava acesso ao Laranjal; só a Domingos de Almeida, em via única (de pedra).

Francisco Antônio Vidal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco Antônio Vidal disse...

Olha só, o Diário publicou também que os Platters andaram por aqui nos anos 70. Nada é matemático.

www.diariopopular.com.br/estilo/index.php?n_sistema=3101&id_noticia=NDI3MQ==&id_area=MA==