A última carta que pra ti escreveria
Não conteria palavras
Nem letras, nem datas
Nenhuma afirmação que restringisse o resto
Nenhuma moldura que apartasse o todo
Seria uma folha em branco
A última carta que pra ti escreveria
Com todas as letras de todos os idiomas
E todos os desenhos de todas as cores
Encaixados no vazio de todas as hipóteses
Escondidos no invisível de tudo o que se pode
E se enviada fosse
No mundo das coisas que não faço
A última carta que pra ti escreveria
Não teria papel nem envelope
Seria postada via pensamento
[Para chegar mais rápido no endereço do algum tempo
E na linguagem do silêncio, sem assinatura
Pois já saberias, como sempre soube
O quanto as frases são pequenas.
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