quinta-feira, 25 de setembro de 2008

SONHOLAIRE


Deus é o único ser que, para reinar, nem precisa existir.

Conheci Baudelaire num sonho. O nome me veio na cabeça e, dela, ao papel, na densa negritude daquela madrugada. O poeta do ópio... A chama do simbolismo poético...
Não é que eu muito o conheça, além de Flores do Mal e de seu kin, Guerreiro ressonante amarelo, nem que eu seja realmente parecido com ele, exceto pelo ópio e por não ver um deus-homem nos céus.

O ESTRANGEIRO

Diga, homem enigmático, de quem gosta mais? De seu pai, de sua mãe, de sua irmã ou de seu irmão?
Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
Amigos?
Você usa de palavras cujo sentido até aqui desconheço.
Pátria?
Ignoro a que latitude se situa.
Beleza?
Deusa e imortal, de bom grado a amaria.
O ouro?
Odeio-o como você odeia a Deus.
Mas que gosta então, estrangeiro extraordinário?
Das nuvens... as nuvens que passam... lá longe... lá longe... as maravilhosas nuvens!

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