sexta-feira, 19 de setembro de 2008

ABORDAGENTIL


Com licença!?
Pois não!?
Meu nome é soldado Junqueira, tudo bem com os senhores?
Ahã!
Tudo... comigo tudo...
É que eu estou no meio de uma abordagem... não que eu desconfie alguma coisa de vocês... nunca! Não me entendam mal... É que é meu trabalho...
Sim... e daí?
Daí que até fico constrangido em abordar vocês assim... no meio da cervejinha...
Pois é...
Nada não seu guarda... fale!
Não... é que eu gostaria que vocês dois ficassem ali na parede pra eu poder revistá-los, se me permitem, claro...
Bom... por mim tudo bem... Que tu acha Mattos?
Ué?? Por mim tá beleza... Qual parede seu guarda?
A que vocês acharem melhor... pode ser aquela ali, pode?

***

O senhor poderia abrir um pouquinho mais a perna, por gentileza?
Claro seu guarda.
E se não for pedir demais, o senhor faria a gentileza de me mostrar seu RG, por favor. O seu também, se não for incômodo...
De maneira nenhuma é incômodo, seu guarda... Aqui está...
E aqui está o meu, seu guarda...
Hum... sim... Mattos... o senhor não é parente do Alexandre?
Não não... não que eu saiba...
Hum... Infelizmente eu vou ter que revistar seu bolso, senhor Mattos. Mil perdões... É que é o meu serviço... Eu fico até vermelho, olha só. Se isso lhe causar algum constrangimento, aí eu não faço... Na verdade eu vou ter que revistar vocês dois...
Constrangimento algum... fique à vontade seu guarda.
Pode ser senhor Eduardo?
Hum... eu não sei como lhe dizer, seu guarda... mas eu tenho um baseado no bolso... Não é nada demais, é só um baseadinho...
Um baseado? Deixe-me ver... Hum... Mas o senhor não é traficante, não é mesmo?
Não não... juro pela minha mãezinha no céu... nunca fui... Deus me livre!!!
Hum... mas não pode, seu Eduardo... Como eu vou lhe dizer??? Tem uma lei que não permite...
Pois é... eu sei... é que...
Ah seu Eduardo!!! Tzz... Venha aqui, por favor... Quero ter um particular convosco...
Sim???
É que... seu Eduardo... Eu não sei como lhe dizer isto... veja bem... Não é nada pessoal... Eu nem quero lhe ver triste... É que... infelizmente... Eu vou ter que levá-lo preso.

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