quinta-feira, 18 de março de 2010

ASSASSINOS, GRAÇAS A DEUS


“A fim de tornar vossos pecados contra os índios conhecidos a vós mesmos, subi a este púlpito, eu que sou uma voz de Cristo clamando no ermo desta ilha, e, portanto, cumpre-vos escutar, e de todos os vossos sentidos, afim de que ouvísseis; porque esta será a voz mais estranha que já ouvistes; a mais severa e dura e mais terrível e mais perigosa que já esperáveis ouvir...Esta voz diz que estais em pecado mortal, que viveis e morreis nele por causa da crueldade e tirania que exerceis nos vossos tratos com estas pessoas inocentes. Dizei-me: com que direito ou justiça mantendes estes índios em servidão tão cruel e horrível? Com que autoridade travastes uma guerra detestável contra estas pessoas, que habitam com quietude e paz na sua própria terra?... Porque os mantendes tão oprimidos e cansados, sem lhes dar o bastante para comer, nem cuidar deles nas suas enfermidades? Porque com o trabalho excessivo que exigis deles, adoecem e morrem, ou, na realidade, vós os matais com vosso desejo de extrair e adquirir ouro todos os dias. E quais cuidados tomais a fim de que sejam instruídos na religião?... Não estais obrigados a amá-los como amais a vós mesmos?... Tende certeza de que, neste estado, não podeis ser salvos mais do que os mouros ou os turcos”. (Hanke, 1965, p.17).

Frei Bartolomé de las Casas, em discurso contra as práticas colonizadoras na América.

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