
quarta-feira, 24 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
AMOR E MEDO

Eu pergunto pro cara qual o contrárioo de amor... tem 4 letras e termina com O. Ele sempre responde que é o ódio. Todo mundo responde, afinal, a gente vem aprendendo assim há décadas. Contudo, creio que o oposto perfeito do amor não seja o ódio, pois o ódio é um sentimento criado racionalmente... ele não é inato, como o amor. O ódio é o caldo de um sopão feito de cobiça, vingança, competitividade e vaidade. O ódio é criado pela mente... o amor vem de fábrica, é a matéria-prima das almas.
***
O contrário exato do amor é o medo... É o medo quem estimula as sensações que impedem o fluxo da positividade. É no medo que surgem as diferenças, o preconceito, os dogmas... as limitações. O medo expõe a dúvida, que leva ao fracasso. O medo, mesmo que integre todos os caráteres, é o ponto da vírgula do bem...
***
Quem tem amor, não tem medo.
É TER

A vida, breve vida,
tão breve quanto um nome na areia...
tão curta quanto um beijo no sol...
Nem me dá, ao ver a revoada de pássaros,
vontade de pensar no fim
pois o fim me quer é de surpresa,
de sobressalto...
fingindo não ser o recomeço,
do outro lado do espelho...
Que o pior do fim não é ter que morrer...
O que mais me dói é ter que deixar de viver...
sexta-feira, 19 de março de 2010
O DANÇARINO

Nilso era o nome dele. O nome real dele, embora O Dançarino, como era conhecido, nunca havia antes necessitado de um nome específico... Sua função era chegar, sempre, cotidianamente, às 13h30min, na frente da loja de tecidos e dançar com sua boneca Flora (nome dado por ele em homenagem à tia) músicas mecânicas do tipo que o povo gosta.
[O gerente comercial do empório gostava também... Achava bonitinho o cara que dançava com a boneca, além do mais, atraía o público que passava zumbi pelas calçadas do comércio. Por isso, Nilso, ou O Dançarino, tinha salário fixo e carteira assinada.
O fato é que Nilso, quando não estava O Dançarino, tinha uma vida pacata na vila em que morava. Era casado há 12 anos com a Filomena e, da mesma forma com que o tempo muda tudo, mudara também o sentimento entre os dois. Mudara mesmo, este tal de tempo, ao ponto de que Filomena começou a ficar irritadiça pelo comportamento de Nilso para com a boneca Flora. É que depois do emprego, Nilso dava atenção exagerada à boneca... Todo dia pequenos retoques em sua vestimenta, costurada à mão, com devoção e capricho que sua mãe ensinara... Buscava em catálogos e brechós alguns adereços pra Flora... perucas, meias e saiotes... e a presenteava com perfumes de plantas diversas. Mais: Nilso passou a aparar a barba diariamente, coisa que não fazia desde a época do quartel, e a se arrumar meticulosamente, do penteado ao sapato de courvim. Tudo para Flora... Tudo...
Filomena começou a se sentir escanteada, esquecida, mal-amada. Era como se fosse a serviçal e Flora, a flor dos olhos de Nilso. Era como se a outra virasse a uma, e a uma virasse o nada.
Maquiavel que se vire no caixão, pois toda pressão gera uma revolução. Então certo dia, num descuido de Nilso, que saíra para beber com amigos, Filomena ficou sozinha com Flora em casa e partiu para a agressão... a temível agressão que uma faca de cozinha e uma mulher, gorda e brava, podem acometer a sua acossada vítima. Imóvel, Flora não esboçou resistência.
Quando chegara de manhã, Nilso encontrou sua parceira de dança estripada e decaptada no carpete da sala.
***
Dias de silêncio, Nilso, magoado, sequer conversava com Filomena. Aquela atitude o feriu tão fundo no peito que seu perdão ficou atravessado na garganta, como um caroço de abacate no seu glote.
Numa tarde de sábado, voltando do supermercado, Filomena encontrou Nilso com outra... boneca. Tamara! Muito mais linda e cheirosa que Flora, ela estava lá... imponente... sentada no sofá, com duas malas a seus pés. Neste instante de questionamento, Filomena ainda nem havia largado as sacolas de compra, Nilso saiu do banheiro. Banho tomado, barba feita, perfume e calça de linho. Passou rapidamente o pente de bolso no cabelo preto, encarou Filomena e disse:
Essa é Tamara... E estamos indo embora.
quinta-feira, 18 de março de 2010
ASSASSINOS, GRAÇAS A DEUS

“A fim de tornar vossos pecados contra os índios conhecidos a vós mesmos, subi a este púlpito, eu que sou uma voz de Cristo clamando no ermo desta ilha, e, portanto, cumpre-vos escutar, e de todos os vossos sentidos, afim de que ouvísseis; porque esta será a voz mais estranha que já ouvistes; a mais severa e dura e mais terrível e mais perigosa que já esperáveis ouvir...Esta voz diz que estais em pecado mortal, que viveis e morreis nele por causa da crueldade e tirania que exerceis nos vossos tratos com estas pessoas inocentes. Dizei-me: com que direito ou justiça mantendes estes índios em servidão tão cruel e horrível? Com que autoridade travastes uma guerra detestável contra estas pessoas, que habitam com quietude e paz na sua própria terra?... Porque os mantendes tão oprimidos e cansados, sem lhes dar o bastante para comer, nem cuidar deles nas suas enfermidades? Porque com o trabalho excessivo que exigis deles, adoecem e morrem, ou, na realidade, vós os matais com vosso desejo de extrair e adquirir ouro todos os dias. E quais cuidados tomais a fim de que sejam instruídos na religião?... Não estais obrigados a amá-los como amais a vós mesmos?... Tende certeza de que, neste estado, não podeis ser salvos mais do que os mouros ou os turcos”. (Hanke, 1965, p.17).
Frei Bartolomé de las Casas, em discurso contra as práticas colonizadoras na América.
PONTE NECESSÁRIA

O cara me disse que um trapiche não leva a lugar nenhum, pois finda logo ali. Outro completou: Ainda mais este, do Laranjal, que tá todo quebrado.
Ora bolas... a gente viaja é com a mente... Meu pensamento cai de pára-quedas em todos lugares, encontra quem quero, saboreia tudo... Não se precisa pisar nas madeiras do trapiche... basta vê-lo e os significados brotam.
***
A ponte que temos que cruzar é a que leva do velho para o novo. Mas se todas as pontes levam do velho ao novo, de alguma maneira, então necessário é repararmos na beleza do percurso.
Foto: Nauro Júnior
quarta-feira, 17 de março de 2010
TUT E A MORTE

Tutankhamon era tido como o Faraó Menino, pois assumiu o trono com apenas 9 anos de idade, reinou até sua morte, aos 19, e, mesmo neste período curto, ficou conhecido como um dos mais importantes do Egito antigo. Ele restabeleceu o culto aos deuses e os previlégios do clero, a marca mais intensa de sua 13ª dinastia.
Em torno da abertura de sua tumba corriam relatos de uma maldição que teria vitimado uma série de pessoas ligadas a Howard Carter, seu descobridor, incluindo seu cusco inglês e seu canário belga, comido por uma serpente, animal mitológico que, reza lendas, protegia os reis.
***
O fato é que pesquisadores descobriram, há pouco, que o Faraó Menino, além de ter cara de moça e um cucuruto na cabeça, morrera vítima de uma malária... Quem diria... o líder máximo de uma civilização avançadíssima, o gênio precoce, mui poderoso, capaz de lançar maldições milênios após a sua morte, fora vítima de uma torpe malária... deu febrinha, passou mal, vomitou, tonteou, foi pra cama, ficou com os olhos de louco e caput: foi pra banha. Certamente recebera aquele belo túmulo cheio de jóias e sinificados, conforme sua imponência e importância... mas a morte ninguém engana... nem Tut nem o Zé da esquina.
***
Eu conheci um índio que teve malária 34 vezes e resistiu a todas. Mas morreu afogado no rio Negro.
***
A morte é a única coisa que não morre.
terça-feira, 16 de março de 2010
ARÃO E A MOEDA DE PRATA

Artur Arão terminava a derradeira cachaça daquele longo dia, enquanto a madrugada comia a noite, que comera o dia, que abrangia todos os lugares, inclusive aquela pensão malogra. Repentinamente, entre os uivos do vento na janela, escutou passos se aproximando pelo lado leste... mas, diferente do costume, aqueles passos não tinham cheiro de gendarmes ou brigadianos, que o perseguiam Missões afora.
Calçou a garrucha e, com suspiros diminutos, espiou entre as frestas de pinus do velho quarto dos fundos. Viu, conforme as falácias dos antigos, o fantasma do gaúcho que matara em Giruá, que se aproximou e cuspiu no seu copo de canha.
Artur sabia, como sabem os matadores, que fantasmas gostam de vingança. Mas aquele, especificamente, tinha algo que o incomodara: o olhar de ira. Artur Arão lembrou do mito que diz que quando enterrada uma vítima de homicídio, se os seus desejarem vingança, o sepultarão de bruços, com uma moeda de prata dentro da boca. Desta forma, a alma penada perseguirá seu assassino para sempre...
***
Arão foi à cova de seu inimigo. Na calada da noite, escondeu o cavalo e seguiu a pé, para não chamar a atenção das milícias que queriam sua cabeça numa bandeja. Depois de encontrar o sepulcro, cavou e, como de suspeita, encontrou o morto de bruços, com uma moeda de prata na boca. Desvirou o corpo e sacou a prata dentre sua dentição...
O fantasma nunca mais apareceu e a moeda lhe rendera dez vezes mais cachaça do que a cuspida pelo espírito malacara.
***
Arão só tinha medo de uma coisa: da eternidade.
segunda-feira, 15 de março de 2010
NOSSO CARO NINHO

Pai... passarinho mora no ninho?
Sim Johan.
Todos ou só um?
Todos... mas tem uns que dormem nas árvores assim... ronc, fiuuu... ronc, fiuuu... Aí de manhã cedinho eles acordam... piu piu... e saem pra comer frutinhas.
E por que a gente não mora no ninho pra sair cedinho comer frutinha?
Porque a gente precisa ganhar dinheiro.
Dinheiro pra comprar picolé?
E frutinhas filho... e frutinhas.
domingo, 14 de março de 2010
TALVEZ AQUI
As gerações escalam a escadaria dos dias, se sobrepõem, se ultrapassam... Os horizontes ficam sempre diferentes... Paralelamente a isso, as vidas acontecem ao olhar de cada um... a cada cabeça uma sentença e um milhão de escolhas dentro de nosso limitadíssimo livre-arbítrio.
As estradas se desdobram, se repetem... vejo coisas reacontecendo enquanto o tempo passa e não sei qual direção é a direção da frente, se é o passado ou se é o presente, e percebo que nem eu sou mais o mesmo.
Noutra esquina, outro eu.
***
Acontece que há estrelas que morreram há milhares de anos e ainda hoje podemos ver a sua luz, tamanha sua distância. É que talvez agora, aqui, nós, também, estejamos todos mortos.
DEUS E AS ALMAS

A evolução nos direciona para o vazio, para o zero... é lá que encontramos deus, que nos absorve e nos torna o nada, o um junto a ele. É lá, no vazio, que encontramos a completude, onde não se precisa de nome nem conceitos... onde entendemos o engano da matéria, onde nada importa, exceto ser; afora a dimensionalidade inteira, que abrange o tudo e que não tem imagem nem medida.
Na outra ponta da infinita corda, estamos, no agora, nós e todos os outros seres vivos. Ter matéria, a imperfeição das medidas físicas, é estar no mundo das ilusões fugazes; é viver o que se tem sem entender que o que se tem é nada, é passageiro, não pertence a ninguém... É ter nome, sendo que deus nem de nome (e oração) precisa. É estar no fim da fila, mas a fila é boa... é linda.
***
Deus faz as almas para comê-las.
***
As almas existem para serem deus.
sábado, 13 de março de 2010
O PALAVRÃO

Foi-se o tempo em que palavrão era sinônimo de pejorativismo vocabulário, de ofensa e ira... não que os moleques de sardas, as jovens pestes e as crianças endiabradas deixaram de ir para as ruas aprenderem estes jargões e neologismos bagaceiras, por assim dizer... é que a língua portuguesa tem apresentado...
Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, 49 letras, é a maior palavra do idioma português e que significa "pessoa acometida por uma doença pulmonar causada pela aspiração de cinzas vulcânicas". Aí imagino eu... o cara lá, escalando um baita vulcão, respira aquela fumaça venenosa e adoece. Então, encontra um amigo que diz: Pô meu, tu anda meio amarelo... O que tu tens? O cara responde: "É que eu estou com pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose!"
Com o quê?
Com uma porra do caralho duma figa duma doença de merda. Respirei uma fodida duma bosta dum cacete duma fumaça filha da puta e fiquei com essa merda dessa porra dessa buceta dessa infecção do caralho nesses pulmões do diabo!
MORAL DA HISTÓRIA: Palavrão vai ser sempre palavrão.
segunda-feira, 8 de março de 2010
ATACADO POR CONSUMO
Toda economia, seja ela real ou virtual, se sustenta no fluxo de moedas. O fluxo de moedas, por sua vez, só existe graças à louca mania humana de consumir, consumando-se, assim, como o elo da corrente monetária universal. Uau!
***
Existem, no comércio, dezenas e centenas e milhares de lojas diferentes. Tem aquelas especializadas em fantasias, outras em roupas de noivas, outros sex shops, outros vendem serviço (de todo gênero e grau), outros vendem eletroeletrônicos, bicicletas, jóias, comida... praticamente tudo o que existe no mundo se converte em produtos com valor agregado e, seja em qualquer confim deste planetão azul, existe uma loja prontinha para colocá-los na vitrina.
Mas existe um tipo de loja que atinge o coração do público, e não é aquela que vende apetrechos para pontes-de-safena. São os famosos 1,99, aqueles que a gente encontra em qualquer lugar com subprodutos do mundo da moda, versões não muito aproveitáveis, praticamente similares ao produto original, só que se quebram em 5 minutos. É que os 1,99 não vendem nada que tenha qualidade. Nada! É potinho de plástico brega, é tapetinho colorido, brinquedo que de despedaça, gravata azul vagabunda e doces vencidos e cancerígenos, entre muitos (e muitos) outros. E mesmo assim, à primeira vista inexplicavelmente, os 1,99 são febre... e eu sei o porquê. Porque ele vende baratinho uma coisa que todo mundo precisa: o prazer do consumo.
domingo, 7 de março de 2010
30 MINUTOS DE ORGASMO

Existem técnicas de yoga e meditação que fazem o homem alcançar o ápice do vazio mental. Os batimentos cardíacos e todo processo biofísico humano baixam suas taxas de atividade e a mente viaja, sem chão, ideias ou palavras, no imenso mundo do tempo. Iogues isolam-se nas cavernas para práticas de meses, anos, décadas de duração... Não teve aquele moleque encontrado embaixo de uma árvore meditando, ou coisa assim? Então... eu não falei? Tudo por causa da mente vazia.
***
Aos humanos não-iogues ou meditabundos, ainda há uma chance de encontrarem a mente vazia. E é uma chance boa, digamos assim. É que pesquisadores descobriram que o único momento... o exato instante em que o ser humano não consegue pensar em absolutamente nada é durante o orgasmo.
***
Felizes são os porcos.
MACACO CLASSE A
Eu sempre achei engraçadinho, aqui de longe, ver os macacos no frio do Japão entrarem e curtirem os ofurôs naturais que se formam Yamanouchi afora. Nós, humanos, compartilhamos 99% dos genes do macaco japonês (e 0% dos genes do amendoim japonês, mas isso é outra história), nossos primos, portanto, embora essas primas eu não atraque...
O fato é que o banho quente e prazeiroso das banheiras japonesas não é privilégio para qualquer macaco. Só macaco classe A. Sério! Os ofurôs são guardados por macacos classe B, que não permitem a entrada (nem os B desfrutam, imagine os C...) de outros macacos, exceto a elite macaquense.
E é aí que eu me questiono: é ação deste diacho de genética ou apenas mais uma história, a da neo-humanidade, sendo escrita? Talvez até pode ser o passado reacontecendo... Aquele macaco até pode ser um parente meu... Me lembra um tio de Santa Rosa... hummm... Mundo louco esse... mundo animal.
TSUNAMI DEMENTE

Ontem eu vi imagens impressionantes de tsunamis... o mar tomando conta de tudo, invadindo espaços, arrastando coisas e pessoas e, em minutos, destruindo construções e civilizações com décadas de concreto e teorias. Depois do estrago, o tsunami, como um cangaceiro, ia embora, deixando apenas vestígios de sua poderosa ação... deixando uma mensagem da incrível força da natureza... a única que ainda domina o homem que, ante sua manifestação, nada pode... fica minúsculo... perde todos seus conceitos.
Foi então que eu lembrei que a televisão é, também, um tsunami. E um dos mais perigosos, pois geralmente acontece nos lugares mais movimentados da casa. Sua onda é tão impressionante que alcança as localidades mais remotas do mundo, como Porto Mauá e Esquina Taquareira... pois é... pois é... pois é. E nem adianta subir morro pra escapar dela... pior ainda... lá ela te pega com maior intensidade.
Ela devassa culturas inteiras... destrói tudo o que ainda pode ser referência de beleza. E quando, ao apagar das luzes, a onda da TV vai embora, deixa seus rastros de fúria na mente... um lixão imaginário, espalhando por todos os cantos coisas inúteis.
Depois do encontro com a TV, poucos sobrevivem.
sábado, 6 de março de 2010
BUROCRATAS GOSTAM DE GUERRA

Pelo menos enquanto estiverem atrás das armas...
***
Então o "Gordo" Brown chegou de surpresa ao Afeganistão, para ver como seus homicidas estavam se comportando. Eles, com suas tatuagens de morte, batiam continência. Gordo Brown passava entre as fileiras, com o ego nas alturas... sentindo-se realmente importante. E de fato é, neste momento de caos, ele, Bush, Cheney, que acham que a paz se faz com guerra... é deles o mundo nefasto... é graças a eles que atrocidades continuam...
***
Contudo (e há contudo em tudo), o jogo será sempre empatado, energeticamente falando. A vibração emanada é a colheita obrigatória. A ignorância belicosa, os pseudopoderes do mundo... tudo o que nasce, apodrece e morre... e depois da morte, tudo se transmuta, como o fogo em fumaça e cinza, o corpo em carne e energia... mesmo que sejamos, no pós-vida, apenas um raio de luz a se expandir no universo... eles, os atrozes, serão a transmutação mais vil, condenada à mais putrefata dimensão, e lá restarão... como restam ruínas afegãs.
sexta-feira, 5 de março de 2010
CIDADE EM QUADRAS

A cidade é totalmente reta
As ruas, fazendo seus agás
Seus sustenidos... ao som de cada esquina
Outro orelhão...
A cidade parece torta
Quando não me vejo,
[ela anda rápido demais
A cada semáforo... outro semáforo
E o tempo pára
Num agora demorado
E meu espaço
Exatas palmas com que meus pés empurram o planeta
Numa direção gigante
De uma cidade tão pequena.
ABRA-SE O REGISTRO

Deve-se atentar não só à forma costumeira como deixamos e mantemos o registro da arte fechado... deve-se atentar à própria arte, disfarçada entre as nuvens da rotina, se fazendo de meros ladrilhos.
A arte não notada, não fluida, existe só pra ela, no mundo chato das ideias ainda não percebidas.
Deixemos abertas todas as torneiras da arte; deixemos que escorra entre as calçadas, pelas favelas, que caia no rio do mar da arte mundial, porque quando tudo acabar... daqui a 6 bilhões de anos o sol morre e eu não consigo saber se isso é muito ou pouco tempo... e quando toda humanidade acabar, chegará outra... num futuro (ou seria num passado?), e ela não encontrará nem internet, nem movimento de veículos... quase nada... algumas ruínas apenas e, dentro delas, pequenos registros artísticos... um quadro, um disco quebrado, uma pequena estatueta...
Só a arte será encontrada... porque só a arte é eterna.
quinta-feira, 4 de março de 2010
HOMEM CHEIO DE NADA

Conhece-se um homem pelos seus pequenos atos, não pelo que de fato manifesta sua boca louca... Falar até papagaio fala... Se o ato cria o criador, toda ação é reflexa... Somos não só o que pensamos, tampouco nossas circunstâncias, mas o mundo que realmente criamos ao nosso redor.
O vagão vazio é sempre o mais barulhento.
GUERNICA

Pablo Picasso, Águia rítmica azul (kin 175), pintou Guernica, um painel que retratava como ficou a localidade espanhola homônima após o bombardeio nazista em 1937, durante a Guerra Civil daquele país: restos de pessoas, coisas e animais espalhados por todos os lados.
A obra foi emprestada ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e só voltou à Espanha após o fim da ditadura Franquista. Em 1981, com a morte do ditador Francisco Franco, a obra voltou ao território espanhol, onde hoje reside no Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.
***
Conta a lenda que um oficial nazista, ao apreciar a obra em NY, questionou Picasso:
Foi você quem fez?
E ele respondeu:
Não! Foram vocês, eu apenas pintei.
2012

Ultimamente, muitas pessoas estão pensando e opinando sobre uma data, um ano específico: 2012. Virou moda e filme hollywoodiano; muitos charlatões começaram a explorar este assunto, preferencialmente numa temática apocalíptica e terrorista.
Eu estudo o sincronário maia desde 2005 e sei que passei por louco muitas vezes... mas como de maia e de louco todo mundo tem um pouco, segui minhas pesquisas pessoais até hoje, quando encontrei um vídeo que resume tudo o que acredito ser o ápice da transformação da psique humana e que explica muito melhor o que eu diria em milhões de palavras.
***
O vídeo refere-se a um estudo de Daniel Pinchbeck e pode ser acessado no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=tM9as4G4DzQ&feature=fvw
O texto, muito bem narrado e traduzido, foi transcrito e, abaixo, o reproduzo.
***
As mudanças climáticas estão acelerando. O derretimento das calotas polares está excedendo as predições mesmo de um ano ou dois atrás. Dentro de 30 anos, 25% de todas as espécies podem estar extintas. Nossa civilização, como a construímos, é completamente insustentável. Isso tudo nos confunde, pois nessa sociedade afluente, vivendo-se num mundo moderno, numa grande cidade, você ainda tem acesso a tudo o que quer: os peixes vêm parar direto no seu prato, você pode comprar todo tipo de tecido ou produto vindo de qualquer lugar do mundo... então é confuso começar a ler e se informar sobre essas primeiras mudanças que estão acontecendo no planeta.
O que eu comecei a concluir em minha pesquisa foi esse conceito de que o tempo é muito central à crise na qual estamos. É realmente interessante parar para pensar nas metáforas que usamos quando falamos sobre o tempo. Falamos sobre o desperdício do tempo, passar tempo, ter tempo suficiente, estar sem tempo, tempo é dinheiro... Estamos sempre falando sobre o tempo como se ele fosse algo comensurável e dimensional, que ele está na nossa frente e podemos de certa maneira alcançá-lo. Mas cada vez que tentamos alcançá-lo, ele não está mais lá.
De certa maneira, é muito irônico, porque se pensarmos sobre a finalidade inteira de criarmos a civilização industrial e aprendermos a fazer tudo isso com tecnologia e máquinas, seria de que pudéssemos ficar tranqüilos e relaxados... é quase como se tivessem nos “passado a perna”.
A interpretação atual das culturas indígenas e tribais é de que elas continuam sendo baseadas em mitos, lendas e superstição. Mas pode ser que as culturas como as dos maias e outras culturas indígenas tenham tido seu próprio sistema de conhecimento, tão significativo quanto o nosso, mas que apenas estivessem interessados em aspectos diferentes da realidade da existência humana.
***
Eu vim de uma educação secular materialista e freudiana, de um paradigma newtoniano e cartesiano, e eventualmente comecei a aceitar estar ignorando uma dimensão inteira da psique humana. Negligenciamos outras ideias ou mesmo pensar sobre elas. Pode-se demonstrar quantitativa e estatisticamente que a biosfera não está nada bem. Pode-se demonstrar quantitativa e estatisticamente que a nossa tecnologia continua a avançar e a mudar nossas possibilidades. Mas esse terceiro aspecto é sobre a nossa evolução psíquica: isso é algo que não pode ser comensurado ou compreendido estatisticamente. Alguém com pensamento puramente racional ou científico achará muito difícil aceitar que há algum tipo de mudança acontecendo na natureza da psique humana.
Em minha própria vida e na vida de muitas pessoas que conheço parece haver um aumento incrível na nossa percepção da sincronicidade. Então se você tem uma intenção sobre algo ou por exemplo tem algo em mente, você começa a ter um nível mais rápido de manifestação. É quase como se a separação entre o psíquico e o físico estivesse se tornando mais fina, mais permeável, mais sutil. A hipótese que desenvolvi em meu livro e que continuo a desenvolver é que estamos no ápice da descoberta de um novo nível de desenvolvimento da consciência humana. A maneira que vejo este período de agora até 2012 é como uma janela de oportunidades para catalisação da transformação da consciência global.
***
Nós temos uns cristãos fundamentalistas nos EUA que estão pensando sobre arrebatamento e apocalipse, mas tudo de uma maneira muito literal e negativa. O apocalipse significa, literalmente, revelação ou descoberta, ou seja, ao invés de ser destrutivo, ele é apenas o momento em que tudo vem à tona ou se torna disponível. Assim, esse processo apocalíptico seria a vinda do seu estado maior de ser à auto-realização consciente.
***
Muitas pessoas, confrontadas com o paradigma de 2012, podem se tornar passivas. Podem achar que se ficarem viajando, doidões, entrarem na onda do calendário maia, ou participarem uma vez ou outra de uma sessão de candomblé ou pajelança que serão salvos, que estarão numa boa quando a merda e o ventilador se encontrarem. A maneira de como eu vejo isso é totalmente diferente: eu acredito que a transformação da sociedade é responsabilidade de cada indivíduo perante a situação planetária e a reorientação de sua energia psíquica para o processo positivo de transformação. O filósofo Nietzche falou que “a ação cria o criador”, quase como uma reflexão. Então, é lidando com a situação que desencadeamos no planeta que chegamos a essa evolução da consciência humana; e se não lidarmos com essa situação, acabaremos em maus pedaços.
Como podemos fazer a transição para uma sociedade sustentável em tão pouco tempo e como podemos transformar tudo isso em algo positivo?
DANIEL PINCHBECK, autor de 2012 – A revolução de Quetzacoatl.
OVO OU GALINHA

Os grandes mistérios da humanidade não se restringem às pirâmides, ao pós-morte ou ao Big Bang. Existem outros que me intrigam, como o clássico: quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?
Mas outros mistérios às vezes passam desapercebidos ao nosso cotidiano, como quem aceitou a primeira nota de dinheiro, quem testou o primeiro pára-quedas, quem fez a primeira pipoca, quem atendeu ao primeiro telefonema ou por que o durex não mela na parte de cima.
***
Mas, como tudo tem um contudo, creio que o grande mistério que entrelaça nossos minutos é o tempo... o tempo é o agora, eterno e quadridimensional. Vai do nunca pro sempre e se sucede por si mesmo, instantânea e infinitamente. É nele que o homem, como agente transformador, consegue alterar sua existência. E criar seus doidos enigmas também...
Enquanto o homem não perceber o agora, não adianta querer saber quem foi Tutankamón.
quarta-feira, 3 de março de 2010
ESPORTE É PAIXÃO
Eu sou um esportista nato. Quando o velho pai João emprenhou a mãe Ivanda, ele gritou goool. Quando ela me pariu, o médico fez uma grande defesa. Assim, desde moleque, sempre fiz e curti todos os tipos de esportes, do bafo ao tacobol, do cuspe em distância à briga de rua. Esporte é emoção, é vitalidade... diria até que esporte é romântico.
***
Até os anjos competem. Lúcifer mesmo... foi rebaixado à segundona celestial.
***
Assim sendo, acabei compilando imagens que demonstram a emocionalidade esportiva e comprovam que a paixão é o pano de fundo de todo e qualquer esporte.
Vamos a elas:

Começamos com esta clássica foto do jogador e capitão da seleção de Kosovo, Elso Putin, onde ele tenta, claramente, seduzir o zagueiro adversário.

Aqui, as lentes atentas capturam, em um treino de luta greco-romana da seleção do Peru, o treinador orientando o atleta a dar um golpe baixo chamado "5 x 1".

Basquete! Direto dos EUA, na jogada chamada "make me up", o craque Pissol Boket dá uma enterrada no adversário numa jogada muito "dura", digamos assim.

No rúgbi, o atleta Damis Bunde segura o oponente pelo rabo, enquanto que, (abaixo) em outra partida, Damis Bunde abraça o saudoso adversário depois de esperar meses e meses pelo clássico local.


No futebol americano, Paul MacCome ataca, sem entremeios, seu adversário Pink Anus. Não houve tempo (nem tentativa) de reação.

O futebol é realmente o esporte mais apaixonante, e é o de maior registro fotográfico sobre a paixão esportiva. Acima, Van Motel abraça seu parceiro Don Pinto. Despensa-se comentários extras.

Na mesma partida, outro flagra. O português Ronaldo Armando Pinto se assusta com a potência da cabeçada do colega, o grego Pratu Mattar.

Acima, câmeras fotografam um romance interracial e intercontinental. O africano Kaide Boka declara sua admiração pelo irlandês Chups Kedeuva.

Para finalizar este estudo sobre o romantismo esportivo, uma imagem que comprova que toda esta paixão não é coisa de hoje. Na foto, tirada na Copa de 50, aqui no Brasil, o polonês Garro Kamon acaricia seu colega de profissão, o búlgaro Stoy Kasbola Murch.
Sei que existem muitos mais registros de o quanto o esporte é emocional, mas encerro aqui porque está começando o jogo do Dínamo... E eu amo o Dínamo de paixão.
***
Até os anjos competem. Lúcifer mesmo... foi rebaixado à segundona celestial.
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Assim sendo, acabei compilando imagens que demonstram a emocionalidade esportiva e comprovam que a paixão é o pano de fundo de todo e qualquer esporte.
Vamos a elas:

Começamos com esta clássica foto do jogador e capitão da seleção de Kosovo, Elso Putin, onde ele tenta, claramente, seduzir o zagueiro adversário.

Aqui, as lentes atentas capturam, em um treino de luta greco-romana da seleção do Peru, o treinador orientando o atleta a dar um golpe baixo chamado "5 x 1".

Basquete! Direto dos EUA, na jogada chamada "make me up", o craque Pissol Boket dá uma enterrada no adversário numa jogada muito "dura", digamos assim.

No rúgbi, o atleta Damis Bunde segura o oponente pelo rabo, enquanto que, (abaixo) em outra partida, Damis Bunde abraça o saudoso adversário depois de esperar meses e meses pelo clássico local.


No futebol americano, Paul MacCome ataca, sem entremeios, seu adversário Pink Anus. Não houve tempo (nem tentativa) de reação.

O futebol é realmente o esporte mais apaixonante, e é o de maior registro fotográfico sobre a paixão esportiva. Acima, Van Motel abraça seu parceiro Don Pinto. Despensa-se comentários extras.

Na mesma partida, outro flagra. O português Ronaldo Armando Pinto se assusta com a potência da cabeçada do colega, o grego Pratu Mattar.

Acima, câmeras fotografam um romance interracial e intercontinental. O africano Kaide Boka declara sua admiração pelo irlandês Chups Kedeuva.

Para finalizar este estudo sobre o romantismo esportivo, uma imagem que comprova que toda esta paixão não é coisa de hoje. Na foto, tirada na Copa de 50, aqui no Brasil, o polonês Garro Kamon acaricia seu colega de profissão, o búlgaro Stoy Kasbola Murch.
Sei que existem muitos mais registros de o quanto o esporte é emocional, mas encerro aqui porque está começando o jogo do Dínamo... E eu amo o Dínamo de paixão.
- 8,06

Um estudo da Nasa afirma que, com o terremoto do Chile, houve uma modificação do eixo terrestre devido às massas deslocadas e, por consequência disso, cada dia durará 1,26 microssegundos a menos. Em 2004, o terremoto de magnitude 9,1 que gerou o tsunami no Oceano Índico reduziu o dia terrestre em 6,8 microssegundos... portanto, nossos dias, desde 2004, estão 8,06 microssegundos (se sou bom em matemática) mais curtos.
É claro que se trata de uma discussão muito mais ampla, que envolve sincronário maia, profecias, holística, enfim... pitacos sobre hiperaquecimento e fim de mundo... mas, para não abrir esta imensa janela, direcionarei esta postagem a outro lado, fazendo surgir uma questão impertinente: como 8,06 microssegundos alterarão meu cotidiano?
1. Terei que parar de fazer palavras cruzadas no banheiro...
2. Tomarei café da manhã em pé, vestindo a roupa ao mesmo tempo...
3. Criarei uma nova linguagem baseada em gírias e abreviações, para não perder tempo com a conversa...
4. Dormirei menos e cortarei as unhas a metade das vezes que atualmente corto...
5. Agora sim acho que paro de escovar os dentes...
6. Terminarei as postagens muito mais rapidamen
segunda-feira, 1 de março de 2010
A PLANTA

A planta,
Crescendo de dentro da planta,
Vai buscando o céu,
Vai abrindo o olho do broto que emerge
Cheio de terra transformada
Depois, a planta goza pólen pelos bichos
Goza com a cara de quem crê
Que o belo é plástico,
Que a vida é longa,
Que o mundo é seu...
Até que um dia
A planta, cansada de luz,
Fica murcha e morre
Como a senhora da cadeira de balanço
Que um dia cores,
Noutro beija-flores
E, por ora, fim.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
MENTIRAS QUE GANHARAM O MUNDO

O ser humano é fantástico mesmo. Digamos até que ele é podre de fantástico. Mija na água que bebe, mata e come tudo o que se mexe, explode bombas pela Terra e acha que é a representação de Deus. Na verdade, Deus é que foi feito à imagem e semelhança dos homens...
Mas o fato é que o cérebro humano só serve pra guardar: o homem pensa com o espírito. Mas isso é segredo nosso, ok? É que após milênios de uso, o cerebelo (ou seria cerefeio?) começou a entrar em curto-circuito... aí então surgiu a mentira. Assim, após séculos de prática, o homem aperfeiçoou esta técnica de lidar com inverdades e surgiram mentiras de todo tipo e qualificação, como a mentirinha, a mentira-cabeluda etc...
Algumas mentiras ficaram famosas pelo mundo afora, como aquela que diz que o Paul McCartney já morreu, que o mundo acabaria em 2000, que Cristo é loiro de olhos azuis e que o Conho tinha dois pênis.
Culpa toda das fofoqueiras de janela... isso sim...
***
Uma das mentiras famosas que eu mais gosto é aquela que conta que, para economizar energia elétrica, deve-se colocar sobre a caixa de luz uma garrafa pet cheia de água. Pois eu, que conheço rengo sentado e cego dormindo, vou relevar, à la Mister M, essa mentira pobre e desgraçada.
É que o Jorjão era um caminhoneiro bravo... sempre armado, suado, irado e mais uns dois ou três "ados"... Ele era casado com a Diana, que foi Miss Moranga e era uma deusa da vila Xurupita*. Só que, você sabe como é, o Jorjão vivia na estrada e não conseguia apagar o fogo da linda mulata. E é aí que o Ricardo entra (literalmente) na história. Motoboy, boa lábia, brinco na orelha esquerda, 20 anos e 50 quilos de diferença pro Jorjão, começou a regar a horta da Diana, se é que você me entende...
A Diana tinha muito medo do Jorjão, que sempre chegava de repente. Aquele medo do tipo "se ele nos pega ele nos mata", sabe? Então ela combinou com o Ricardo que, quando a barra estivesse limpa, ela colocaria uma garrafa pet com água em cima da caixa de luz. Aí ele poderia entrar e a farra estava feita.
Contudo, um dia a vizinha (uma daquelas perigosas fofoqueiras de janela) perguntou a Diana o porquê daquela garrafa sobre a caixa de luz, e a Diana respondeu:
- É que que que é é é praaaaaaaa... economizar energia! É isso: economizar energia!
Foi então que a notícia se espalhou pela rua, da rua pro bairro, do bairro pra cidade e dali pro mundo, petiando as caixas de luz e enlouquecendo o Ricardo.
Essa é a MINHA verdade!
* Nome fictício para preservar o bairro (e a Diana, claro).
PORTAL DOS SERES
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
O ÚLTIMO CENTROAVANTE DE BIGODE

Eu sou do tempo em que jogador de futebol tinha alcunha, e isso não tinha nada a ver com a qualidade de seu futebol, pois os apelidos grudavam (como sombra) em caras como o Edson Arantes e o Manoel dos Santos, vulgos Pelé e Garrincha, pra não falar de outros, de menor sucesso, como o Sapólio, o Pardal, o Pequeno, o Lamparina, o Cavaco, o Sabiá, o Lima, o Alfinete e o Ali-Babá. Hoje a moda é dois nomes, como Washington Luis, Luis Fabiano, Augusto Silva, Renato Souza e o Carlos Alberto... é chique ter dois nomes... O futebol cresceu em cifras e letras... os estádios também modernizaram, os penteados estão cada vez mais chamativos e os uniformes cada vez mais parecem ter saído da São Paulo Fashion Week.
Mas, contudo e porém, sempre existem exceções à regra e, por incrível que pareça, ainda hoje, a gente encontra, raros casos, jogador com apelido feio como o Gafanhoto, o Canhotinho, o Moringa e o Serpentina. Da mesma forma, é só dar um giro pelo interior do país para encontrar estádios que parecem chiqueiros, abandonados, mato alto, arquibancada de madeira e tal, além de uniformes horríveis, como aquelas camisetas de lã da década de oitenta. Se encontra sim... ainda sim, embora abnegue o caminho contemporâneo da modernidade futebolística.
Agora, uma coisa que nunca mais ninguém verá, e a isso eu boto minha mão no fogo, é um centroavante de bigode. Bigode nunca mais! Depois do Valdir, nenhum. Só nas figurinhas da Copa de 70.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
PORTO-A-PORTO

O Laranjal é um dos melhores lugares do mundo, pois me faz descobrir que posso, sempre, estar em paz. E o melhor lugar é ser feliz, isto é certo.
É que vendo a Lagoa, num dia de questionamentos, reparei num barco que navegava ao longe... Como aquela angústia que sentia, o barco derivava, à procura de outro porto. E eu, ali, pairando no tempo, sabia que o porto-seguro, que traria a calmaria, chegaria em breve, como sempre chegam os portos...
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
PÃO E CIRCO

Depois do fim do Festival da Carne, o estado recolhe seus cadáveres e reabre suas repartições. Aquela eufórica alegria, que antes virara pó, torna-se outra vez melancolia...
O mundo segue igual... os dias... as mesmas portas, mesmas rotinas... As pessoas retornam à sua normalidade insossa nos 360 dias sem Carnaval... Maquiavel revira-se na tumba, e a gente não quer mais que pão e circo.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
QUERO-TE PARA TI
Não te quero
só pra mim
E nem poderia
Quero-te pra ti mesma
e para tua
própria vida
Quanto mais
fores o que
quiseres,
mais serás
o que eu queria...
Luis Poeta
só pra mim
E nem poderia
Quero-te pra ti mesma
e para tua
própria vida
Quanto mais
fores o que
quiseres,
mais serás
o que eu queria...
Luis Poeta
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
MINHA FAMÍLIA

Uma coisa que eu não faço é postar o título antes do texto. Exceto hoje, agora, nesta madrugada em que levantei da cama insone, depois de uma hora de futebol e cinco horas de cerveja... É que esta postagem eu sei sobre o que é: minha família.
Sei que hoje pisei na bola, que nem todo dia é importante assim... mas deixei acontecer e ratiei com a Nena... logo hoje?!
O fato é que não é todo dia que se descobre que vamos ter um filho: e hoje foi este dia. Hoje, dia 12 de fevereiro, serpente planetária vermelha (embora o relógio do PC marque 3h51min do dia 1 de janeiro de 2002 e eu sei que é quase 6h) descobri que vou ser o pai da Tainá (ou Sofia, ou da Wanda) e isso é o maior barato.
A Nena tá de cara comigo... deitei até na outra cama, mas tive que me erguer, embriagado, e postar. Sei também da crise dos leitores, onde cada pessoa tem um blog e não lê mais o blog de ninguém - eu também não leio, afora o do Bernardo e o do Ale Mattos, padrinhos da Tainá (junto com o André, culpado por este post, e do Nanduka, Ita e Dico, irmãos de fé... e eu me sinto muito feliz em dar um irmão ao meu filho, graças a vocês...).
O fato é que, quando descobri que ia ser pai de novo, tive de sair e exorcizar. Tomei um caminhão de cerveja depois da pelada e segurei o Bernardo até às 4h, isso que ele viajava às 8h e tava com a nega em casa... E olha que o B é pau-mandado!!! Tentei, com o André, acordar o Zapata Mattos: em vão. Gritei muito, fui pouco ouvido. Também, enrodilhado com a nega, grávida ainda... desempatei o jogo Zapata... e deixei os outros lá pra trás. Até que chegou a hora que o André se entregou: voltou pro Simões dormir, já era 5h? Sei lá... Depois de tantas 5h que a gente já fez, né Andrezinho, irmão amado. A Vevê que me perdoe... hoje era um dia especial. E eu acabei na praia, tomando uma bênção de Iemanjá às 5h30min da manhã(???). Me desnudei e entrei na Lagoa dos Patos, lugar onde conheci meu primeiro cristal: Mariana, no dia 2 de fevereiro... Dia dela! Cachorro galáctico, kin do Ale... kin do amor e da integridade... por isso solidificou, né brigona? Mas tu foste um presente da Lena que, por incrível que pareça, me largou nas mãos (logo deste vagabundo) uma jóia rara. Beijo Lena. Valeu mesmo.
O doutor J. I. (pra não dizer Jorge Isaacson) me falou que eu tinha 2% de chance de ter filho. Ô doutor Jorge: vá se fuder, seu mentiroso. O Jojô, meu segundo cristal, lindo e sadio como um touro, já te desmentiu. Agora vem a Tainá, que é pra ferrar com toda lógica da medicina alopática e comprovar que eu sou um reprodutor nato! Barcelooooooona!!!!
Mas Nena... sei que os guris vão zombar comigo... e que isso não se faz com mulher nenhuma (dá muita moral pra prenda). Mas o fato é que eu posto sempre o que não consigo dizer, e eu te amo muito. És a pessoa que transformou a minha vida e serei sempre teu, eternamente grato. E hoje, dona Mariana, posto pra te deixar um beijo de meio mundo que incomodei na noite com a nova gravidez e com as cervejas... Todos te mandaram beijo... E mandarão mais, pois mesmo com a crise dos leitores, quem nos ama vai ler isso aqui.
O Ale, a Rê e a Clara, me desculpe pelos gritos às 6h, o André, a Vevê, a Sandra, o B, a Carol, a mãe Ivanda, o Dico (amado curador, só pra dar uma injeção de ânimo nele, ainda sigo e creio que o Sincronário seja o caminho e te amo Diquinho, sempre grato pela força que tu e a Estela nos dão... logo hoje que o Oscar tava nas terras néh... no momento mais importante eu saí fora e fui beber...), a Gi, a Jade, o Caboclo (também culpado), o Kico Gente Boa e seu filho João, todos peladeiros que comemoraram meu gol de cabeça que nem o Bebeto, embalando a Tainá imaginária... enfim, até aqueles que me esqueço, todos te amam e te deixam beijos... a ti e a Tainá.
Jojô amado... Sei que agora és pequeno e que um dia serás meu parceirão nas vezes em que me perder na Babylon... ainda nem lês... Saiba, no dia em que leres, que meu amor por ti segue sendo sempre igual... desde o dia em que soube que virias e presenteei tua mãe com leite condensado, biscoito e suco no trapiche... Além daquela flor que dei pra tua mãe e que ainda temos... sei lá o nome dela... columéia-peixinho? És, Johan, o peixinho que me fez sentir vivo, que me fez ver que eu tinha valor. Minha infinita e luminosa estrela rítmica.
Agora, meu terceiro cistal está chegando... eu aposto que é menina... se bem que apostei com o Johan (Gaia, era pra ser o nome da gatinha) e veio um ticudão da alegria, meu pequeno-grande amor... o homem da minha vida. Mas agora acho que é... aposto... virá a gatinha do pai. A causa da espingarda de sal pra espantar os gaviões. Se eu errar, que venha outro brother, pra gente brincar de dá-essa-cara-pra-apanhar, contar estorinhas, jogar bola e data-fifa e tomar uns tragos também, porque ninguém é santo e o domínio já é coisa do passado. Muito passado.
E Nena... minha mão auto-existente... o sorriso mais lindo do mundo. Mesmo kin de Fidel Castro, Marx e Neruda... pra terminar este papo de perdão, que eu sei que já veio, antes mesmo de me ligares chorando: te amo demais, repito. És a luz que me acompanhou numa barraca por um ano, morando no mato, e isso não é pra qualquer uma. Só tu, guerreira, mulher da minha vida, pra aguentar as broncas em que eu te meto. Fora as datas-fifas e a beckiardingaça... Show. Quero envelhecer contigo e curtir muito nossos filhos (e os outros que virão) e netos.
A gente ainda vai rir juntos disso, sei. Por que te conheço e, se nós dois juntos somos ferro, nós quatro seremos aço.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
VERDE PRAÇA

A cidade de concreto solta fogo pelo teto
No asfalto, o sol que desce, a negra face estremece
E salta aos olhos, à distância, o verde que abranda a ânsia
Escapam pólens, flores vivas, e as raízes querem pouco mais que água
Faz-se a sombra, deliciosa onde deitam igualmente todos
E os olhares, no tremor da massa quente,
Procuram fotossintetizar
A cada momento
O simples refúgio das praças.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
TEORIA CONSPIRATÓRIA

Estou aqui, num calor de 45 graus na cidade de Forno Alegre, capital dos gaúchos, e rapidamente pensei sobre o fim do mundo, assolado pelo degelo e pela hiperatividade solar. É claro que nos momentos de solidão ou nas conversas de esquina a gente se seduz por falar sobre fim do mundo e tantas... Afinal, quem não curte uma boa teoria conspiratória??? Uma daquelas que dizem que o homem não foi à lua... aquilo fora, sim, concordo, um trabalho histórico do Stanley Kubrick, simbolizando a supremacia americana em plena Guerra Fria...
Será que na lua faz esse calor?
***
O fato é que o cadáver de Hitler, quando encontrado queimado nas ruínas de um esconderijo na Segunda Guerra, possuía dois testículos. Juro: dois! Estranho, pois ele perdera uma bola quando cabo, na Primeira Grande Guerra, em 1919.
Dizem por aí que ele vive ainda... e eu sei onde ele está!
Hitler é pipoqueiro em Bagé!!! Eu o vi. Posso confirmar e assino em qualquer lugar. Se você não crê, vai lá!!!
***
Se algum estranho lhe vier com qualquer conversa estranha, tão ou mais que ele próprio, desconfie. Ele pode ser um grande carrasco, um comedor de fígado humano ou mesmo algum doido que pula os ladrilhos das calçadas.
Há tanto maluco no mundo que a gente nunca sabe quando vai encontrar um.
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